Pesadelo

185 23 7
                                    

/࿙࿚࿙࿚Autor (Reunião dos lordes)࿙࿚࿙࿚\

Ao posicionar a carruagem, Alcina segurou seu vestido com cautela e com a ajuda do cocheiro desceu deixando que seus saltos estalassem contra a pedra fria. Localizada atrás do grande castelo Dimitrescu, a catedral pertencente aos senhores do vilarejo havia sido aberta para uma reunião de urgência.

Ao entrar Alcina se deparou com todos os olhos para si, o sorriso imbecil de seu irmão mais novo, as risadas baixas daquela coisa fedorenta, o véu escuro de Donna e o olhar sério de Miranda, sem dizer nada a mulher caminhou para se juntar à uma das pontas da mesa.

_ Ora... chegou quem tanto esperávamos... passou o tempo castigando suas criadas irmã?

Heisenberg sussurrou para aumentar o tom com sarro, Alcina suspirou antes de respondê-lo, todos pareciam muito quietos com a exceção do seu irmão irritante.

_ Mesmo que eu estivesse as castigando, os assuntos de meu castelo não são de seu interesse...

O olhar fulminante de Alcina penetrou os óculos escuros do homem, o que fez o mesmo pigarrear e desviar o olhar. Para Heisenberg, Alcina parecia mais séria do que o normal

_ Mãe Miranda... e então? Por que estamos aqui?

A condessa perguntou enquanto segurava a garrafa de vinho despejando o líquido escuro na borda do cálice dourado lentamente, sem tirar os olhos de Miranda. Depois da morte das filhas, Lady Dimitrescu passou a não temer Miranda, não mais, ela sabia que Miranda foi quem permitiu que "aquele... desgraçado" matasse suas preciosas meninas.

_ O motivo de vossa reunião se trata... de uma garota perigosa e que agora vaga pelo vilarejo...

Mesmo que todos naquela mesa guardassem alguma mágoa de Miranda jamais ousaram demonstrar. Preferiam que Miranda continuasse os vendo como seus filhos fiéis. A menção da garota despertou algo dentro deles, a curiosidade, afinal nem eles mesmos eram capazes de se tornar um perigo para Miranda

_ Ema é seu nome... uma mortal que deveremos executar...

O tom de Miranda carregava preocupação, por que ela estava tão preocupada com uma mera mortal?

_ Por que devemos executá-la, mãe?

Perguntou Moreau enquanto todos os outros assistiam a reação de Miranda diante da pergunta, a mulher movia os dedos sobre a mesa ansiosamente, ela jamais fora vista em um estado tão vulnerável pelos lordes antes

_ Quando eu digo o que devem fazer não questionem...

Miranda sussurrou com o olhar baixo, o peixe homem se pôs chateado, era o único filho ainda fiel à Mãe, ele se importava com ela. O resto dos irmãos ficaram confusos, Miranda estava diferente, diferente de todas as outras vezes.

_ Eu quero... a cabeça de Ema em minhas mãos...

Sussurrou pausadamente com ódio, Alcina sorriu de canto ligeiramente, assistindo a reação de Miranda enquanto erguia o cálice até os lábios saboreando o líquido escuro, talvez ali a mulher tivesse visto uma oportunidade de vingança, uma que pudesse vingar suas preciosas garotinhas.

Não só Alcina parecia feliz com a notícia mas também Heisenberg que desviou o olhar para sorrir minimamente, mais do que ninguém ele queria derrotar Miranda, seria uma perda de tempo agora por que nenhum deles tinham forças suficientes...mas aquela garota tinha. Depois de experimentar uma das torradas do banquete perguntou.

_ E como essa garota é? Sabe... se quiser a cabeça dela precisamos mirar no alvo certo...

Perguntou como se não quisesse nada, a fim de cumprir as ordens da mãe. Miranda suspirou aliviada ao ver que os filhos agora tinham um acordo com ela, como nos velhos tempos...

_ Ema tem uma estatura...média, mas vocês poderão a reconhecer por uma característica única...o cabelo dela...é como fogo...

Sussurrou a última parte, e depois que os ouvidos captaram Donna se virou para observar Alcina, ambas trocaram olhares, Miranda percebeu a rápida troca de olhares e olhou para Alcina

_ Sabem de alguma coisa que eu deveria saber?

Antes que Donna gaguejasse Alcina sorriu negando impedindo a irmã de dizer qualquer coisa, então se levantou lentamente para erguer a taça

_ Ora... mãe Miranda...se soubéssemos não hesitariámos em dizer... não é Donna?

Alcina deu uma desculpa confiante, sua voz carregada por um tom inocente o que despistou Miranda. Entendendo o recado da irmã, Donna assentiu com rapidez confirmando o que Alcina havia dito, mentir a deixava nervosa

_ Agora o que acha de um brinde?...você não precisa ficar... preocupada, traremos a cabeça desse verme... Um brinde à cabeça de Ema!

A condessa dizia se aproximando lentamente de Miranda, todos ergueram as taças e forjaram um sorriso no rosto, especialmente Heisenberg que acabava de entender o joguinho da irmã

/࿙࿚࿙࿚Ema࿙࿚࿙࿚\

Eu estava em um lugar escuro, um quarto com espelhos por todas as partes... eu não conseguia me mover devido às correntes que prendiam meus pulsos à cama. Estava cercada por sombras, gritava pedindo ajuda a quem quer que fosse, tentando me livrar daquelas correntes o mais rápido possível.

Uma delas parou em minha frente e se colocou perto de meu rosto, eu sentia minhas energias serem sugadas. Eu não conseguia mais lutar para me libertar, aquele seria o meu fim, haviam muitas delas se dedicando ao consumo de minhas energias foi quando uma luz surgiu da escuridão.

Mas antes que eu pudesse vê-la, meu corpo foi puxado por algo de dentro dos espelhos, eu podia ouvir uma voz, uma voz longe.

°༙Quebra de tempo༙°
/࿙࿚࿙࿚Autor (Alcina)࿙࿚࿙࿚\

Depois de se despedir, Lady Dimitrescu caminhou até a carruagem para voltar ao castelo, aquela reunião foi de grande valia uma vez que uma informação como aquela fora dita por Mãe Miranda.

A criança a qual vira pela janela de seu próprio castelo era a tão temível Ema, a ferramenta perfeita para derrotar Miranda. Alcina mantinha sua atenção totalmente voltada para a janela da carruagem, se distraindo com a vista e sentindo a satisfação recordando das palavras de Miranda.

De repente ao passar pela ponte a condessa pôde ver algo avermelhado coberto pela neve da janela da carruagem, como mágica Ema veio à sua cabeça, revendo os cabelos da garota enquanto partia para o vale das bonecas, então Lady Dimitrescu ordenou que o cocheiro parasse.

_ Pare a carruagem...

Ordenou em tom autoritário o que fez o homem duvidar do que havia ouvido hesitantemente diminuindo a velocidade.

_ Parar?

Alcina bateu no banco levemente irritada com uma das mãos enluvadas por não obedecer suas ordens de imediato.

_ Você ouviu o que eu disse pare a carruagem!...

O homem segurou a cela firmemente impedindo que os cavalos continuassem a traçar o caminho, a mulher desceu da carruagem com rapidez, ela não podia demorar muito Heisenberg teria de trilhar aquele caminho também

Ao se aproximar os saltos da condessa afundaram sobre a neve o que a deixou um pouco mais irritada, mas quando agachou para ver o que havia visto da pequena janela seus olhos se arregalaram e seu sorriso se alargou

_ Olá criança...

O TEMOR DE EVA || Lady DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora