CAPÍTULO 23 - O jantar

6 2 0
                                    

Alice

Por volta das 8 horas da manhã, acordei e fui direto para o banheiro, tomei um banho e escovei os dentes, depois fui escolher uma roupa, coloquei uma roupa leve e quando estava saindo do quarto, lembrei que ainda não tinha convidado meu pai para almoçar.

Peguei meu celular pra ligar logo para o meu pai, porque sei o quão ocupado ele é, não quero correr o risco de ele não poder vir.

Ele me atendeu no primeiro toque, o convidei para almoçar e o pedi que trouxesse o contrato que havia feito com a mãe do Rávi, ele sem pestanejar ou fazer qualquer tipo de pergunta, disse que iria trazer.

Quando saí do quarto, ouvi Rávi, ao telefone com sua mãe, a convidando para vir também.

Tomamos café da manhã, ele não disse nem uma palavra, eu também fiquei na minha.

Pedi a comida às 11:50, já que falamos que era almoço, meu pai precisa estar alimentado, ele com fome, fica sem paciência nenhuma e quando ele souber de tudo, não sei como ele irá reagir. Fui pro meu quarto e me arrumei, coloquei um vestido verde escuro, colado, de alças finas abaixo dos joelhos e um saltinho branco.

Voltei pra sala.

Por volta do meio dia, a mãe dele chegou, ela sempre andava bem arrumada, com muita pose e como ela mesma diz, impecável.

Abri a porta e ela me cumprimentou:

-Boa tarde, Alice! - sorriu pra mim.

-Boa tarde, senhora Lins, entre! - Sorri também.

- Solange, Alice, Solange. - Me deu um abraço e foi dar um beijo no filho.

Os deixei na sala e fui até a cozinha, beber água, a campainha tocou novamente e fui atender, mas Rávi já estava na porta, recebendo meu pai, que estava com o contrato de milhões na mão, nesse momento o nervosismo subiu, mas me mantive firme, sei que hoje não será fácil.

- Boa tarde, George, entre! - Ergueu a mão, esperando a do pai.

Meu pai o fitou, parecia que estava irritado com ele, mas apertou sua mão e o cumprimentou também:

- Boa tarde, Rávi! - o respondeu com a voz grossa.

O que eu não esperava, era ouvir a voz da minha mãe, então, me aproximei mais da porta, para terminar de recebê-los.

-Oi pai. - Falei o abraçando e olhando pra minha mãe.

- Oi filha, tudo bem? - Meu pai me perguntou baixinho.

- Sim pai, só preciso esclarecer algumas coisas. - o soltei e abracei minha mãe.

- Mãe, que surpresa! - Falei sorrindo, mas tensa por dentro, porque não havia convidado ela.

- Imagino que tenha esquecido de me convidar? porque seu pai me ligou, perguntando se queria que ele passasse pra me buscar!

Meu pai me olhou, ele não sabia que eu não tinha convidado minha mãe e eu esqueci de avisá-lo.

- Desculpe mãe, estou cheia de problemas, achei melhor não envolver a senhora.

-Tudo bem querida! Mas estou aqui para o que precisar, você sempre foi uma mulher forte, erga-se.

Depois que ouvi isso, me deu mais força pra enfrentar essa reunião de família.

<<<>>>

A comida chegou 12:30, Rávi e eu fomos arrumar a mesa, enquanto nossos pais, nos esperavam na sala, o olhei por um instante e pude sentir toda tensão que pairava sobre ele, não o culpo, porque também estou assim, esse contrato e todos os meus problemas, estão me atormentando, mas hoje, vou colocar cada pingo no "i" que estiver faltando.

Então, resolvi falar algo:

- Está nervoso, querido?

Ele Me olhou, sabendo o tamanho da minha ironia.

- Pra ser sincero, Alice, estou sim! Minha mãe sempre me ameaçou por causa deste contrato. Nesses anos, fui um covarde, que não teve coragem de enfrentar seu pai e nem a minha mãe, não aguento mais isso, quero tirar esse sufocamento de dentro de mim, me libertar.

Pude ver em seus olhos, a sinceridade junto com o medo, pelo visto, vai ser pior do que eu imaginei que seria.

Terminamos a mesa e os chamamos para a sala de jantar, nos sentamos, Ravi sentou em uma ponta da mesa e eu na outra, meu pai e minha mãe, sentaram um ao lado do outro e Solange de frente pra minha mãe e perto do Ravi.

Começamos a nos servir, coloquei o mínimo de comida, só pra disfarçar, porque não tenho fome nenhuma.

Solange começou a falar sem parar, quebrando todo silêncio que existia naquela mesa, não parava de falar de si mesma e depois, começou a falar da sua nova coleção, inclusive, disse aos meus pais, toda orgulhosa, que eu havia usado uma peça, na premiação, que aquela peça, está fazendo muito sucesso em Milão.

Minha mãe também começou a conversar com ela, mas meu pai, permaneceu quieto.

- O vestido realmente é lindo e elegante, minha filha estava maravilhosa com ele! - Disse sorrindo pra Solange.

- Imagino, pena que não tive a oportunidade de vê-la usando. - Sorriu pra minha mãe e voltou ao assunto do dia do lançamento novamente.

-No dia do lançamento, escolhi minha melhor modelo, você precisava ver a beleza dela, chamou muita atenção no desfile.

Olhei pra Rávi e ele pigarreou, senti uma desconfiança gigante, veio logo aquela piranha na minha cabeça, será que ele seria capaz de me dar o mesmo vestido que a vaca usou?

Decidi entrar na conversa também:

- Fico feliz de saber que seu desfile foi um sucesso, qual é o nome dessa modelo, tão especial? - Falei com um sorriso falso.

- Sabrina Pessoa! Ela é muito esforçada, talentosa e linda! Quando houver uma oportunidade irei apresentá-las.

Falei sorrindo e olhando pra cara de pau do Rávi:

- Não vejo a hora!

- Falando nisso! Não está muito longe de você conhecer, não só uma, mas todas as minhas modelos, porque vieram todas aqui para o Rio de Janeiro comigo, decidi, em cima da hora, fazer o mesmo desfile aqui.

Ravi ficou pálido e com os olhos bem abertos.

- Mãe, você nunca faz nada em cima da hora, você sabe que precisa de uma boa divulgação antes! - Disse tenso.

- Confio plenamente no seu trabalho, filho! O Douglas já deu início, mas ficarei mais tranquila, quando você tomar a frente, temos pouco tempo até o dia do desfile, um mês, pra ser mais exata! Decidi isso na semana passada, você não ficou sabendo, porque não tem ficado muito na empresa. - Falou gesticulando a mão esquerda.

- Verdade mãe! Estou resolvendo algumas coisas pessoais. - A respondeu me olhando.

Graças a Deus ela ficou quieta um pouco, então me levantei e pedi licença, acabei de receber a primeira bomba:

Que usei o mesmo vestido dela, daquela piranha, Rávi vai me pagar.

- Vou ao banheiro! - Levantei olhando para o Rávi e ele entendeu perfeitamente que era para me acompanhar.

- Vou com você amor, também preciso ir.

Foi quando eu te viOnde histórias criam vida. Descubra agora