Capítulo 11

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A inquietação ainda pairava sobre Sasuke, como uma sombra que se recusava a se dissipar. Imóvel junto ao vidro, seus olhos permaneciam fixos na figura adormecida de sua sobrinha, cujo sorriso tranquilo naquele momento trouxe uma sensação de alívio fugaz ao Uchiha. Apesar do êxito no procedimento, as preocupações persistiam como um eco constante em sua mente. Ele entendia que a jornada de Yuli ainda não havia alcançado seu desfecho.

Haruki guiava a maca de Yuli por uma porta lateral, conduzindo-a de volta ao quarto de repouso, onde ela descansaria até despertar completamente. A atmosfera ao redor permanecia saturada de tensão e apreensão, cada segundo prolongando a espera angustiante. Enquanto isso, Sakura, meticulosa em sua rotina pós-procedimento, descartava as luvas e a toca. As mãos lavadas, ela soltou seus longos cabelos, uma transição de imagem que Sasuke observava de longe, imerso em seus próprios pensamentos.

A presença de Sasuke não passou despercebida para Sakura, que, ao perceber a necessidade de abordar a situação, tomou a iniciativa de sair da sala. O corredor, antes silencioso, agora abrigava uma tensão quase tangível, à medida que ambos os protagonistas se dirigiam para um confronto de emoções guardadas e segredos enterrados. O ambiente, repleto de expectativas contidas, estava prestes a ser palco de uma conversa crucial entre dois corações que, de alguma forma, continuavam a pulsar em sintonia, mesmo após tantos anos.

Ao atravessar as portas, Sakura deparou-se com Sasuke sentado, as mãos cruzadas, fixando-a com um olhar sério e tenso. Uma onda de tristeza a envolveu, embora ela não conseguisse articular completamente a razão por trás desse sentimento. A presença paternal de Sasuke ao lidar com sua sobrinha reascendeu uma ferida que Sakura acreditava estar completamente cicatrizada em seu peito. O choque entre as imagens do passado e a realidade presente pesava sobre ela como um fardo, e o silêncio tenso do corredor parecia ecoar com as emoções contidas prestes a se desdobrarem.

Sasuke se ergueu da cadeira com seriedade, seu olhar encontrando o de Sakura em meio ao silêncio pesado do corredor vazio. Era como se cada palavra que fosse dita ali carregasse o peso de uma história não contada, uma narrativa enterrada sob camadas de anos.

— Como ela está? - perguntou, sua voz carregada de preocupação e intensidade, como se cada sílaba fosse cuidadosamente escolhida para expressar suas emoções mais profundas.

Sakura respirou fundo antes de responder, tentando disfarçar a pontada de tristeza que se infiltrava em sua voz.

— Ela está descansando agora. O procedimento correu bem. - houve uma breve pausa antes de ela prosseguir. - Sasuke, precisamos conversar.

O tom de Sakura era carregado de peso, uma mistura de melancolia e determinação que refletia a complexidade de suas emoções.

Sasuke permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar penetrante fixo em Sakura. Era como se ele estivesse tentando decifrar cada nuance de expressão em seu rosto, buscando compreender o que ela estava prestes a revelar. A tensão entre eles era palpável, um eco do passado que continuava a ecoar no presente.

— O que há para conversar? - perguntou ele, sua voz grave e firme, revelando a luta interna que ele travava para manter suas emoções sob controle.

— Eu percebi... Eu percebi como você estava olhando para ela. Para Yuli. E isso trouxe à tona sentimentos antigos, eu acho. Eu não sabia que você tinha esse lado tão... paternal.

Sakura encontrou o olhar de Sasuke, sua expressão mesclando tristeza e vulnerabilidade enquanto ela confessava seus pensamentos mais profundos.

— Ela é minha sobrinha. Minha família. Eu só quero o melhor para ela. - Sasuke respondeu, sua voz carregada de defesa e determinação, mas também de uma ternura oculta.

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