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— Passamos dos limites?
Lucien questionou em voz alta, analisando a bandeja deixada ao pé da porta com as doses do remédio e duas tigelas de comida.
— Sim.
Azriel respondeu taciturno.
Desde o incidente do dia anterior, não haviam mais visto o rosto de Elain. À noite, ela havia deixado uma bandeja com a janta de ambos, e agora pela manhã a mesma estratégia para os evitar.
— Ela não parecia ofendida. Eu... posso sentir a angústia dela nesse exato momento.
— Nestha sabe ser superprotetora quando quer.
Azriel tomou a dose amarga sobre a bandeja que Lucien havia trago para a cama e tomou a tigela nas mãos. Tinha um cheiro bom.
— Talvez seja melhor assim. — Lucien afirmou. Azriel percebeu que mais parecia uma maneira dele tentar se convencer.
— É. Talvez.
Comeram em silêncio, absortos nos próprios pensamentos.
Lucien quis dizer algo, qualquer coisa que fizesse o illyriano conversar consigo. Entretanto, Azriel parecia ter regredido drasticamente.
Durante a missão, Azriel aproximou-se aos poucos de si, começando por fazer piadas e conversar sobre banalidades... Mas só até aquilo acontecer.
Ele parecia estar melhorando desde que acordaram do coma. Desde Elain. Mas com o incidente e o afastamento da fêmea, o illyriano parecia ter voltado à estaca zero.
— Sei o que está pensando. — A voz fria reverberou no silêncio do quarto.
Lucien o olhou, notando o illyriano sentado na poltrona e parecendo já estar há uns bons minutos lhe encarando perdido em pensamentos.
— Não caio mais nessa. — Cruzou os braços, sorrindo presunçoso.
— Sem joguinhos.
— Conta outra. Você diz isso para que eu diga exatamente o que estou-
— Eu não me arrependo.
A postura relaxada do ruivo tornou-se tensa. Engoliu em seco, evitando encarar Azriel. Ele falava sobre... aquilo...?
O illyriano, em contrapartida, era o retrato da seriedade, tranquilo como nunca.
— Você sabe que nos atacaram por causa do que fizemos, não sabe?
Lucien assentiu com o coração retumbando e respiração descompassada. Suas mãos suavam nervosas.
— Posso ter fodido com a missão, mas não me arrependo.
— Eu achei que...
— Sei o que acha. Estou frustrado com essa merda toda, mas minha frustração não tem relação alguma com o que aconteceu.
O Espião levantou-se ao ver que não obteria resposta alguma vinda do ruivo.
Agarrou a bengala e saiu do quarto sem dizer mais nada, deixando Lucien sozinho com os próprios pensamentos.
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Corte de Carmélias e Amarílis
FanfictionUma missão mal sucedida numa tribo estrangeira que mudaria o curso do destino. Sentimentos ocultos e duplicados. Esmero ao tratar feridas. Beijos culposos e arrependidos. As intermináveis quebras de uma confiança frágil. E um amor incomum. 🌼 • [SH...