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  Quando Lucien e Azriel foram designados para a missão na tribo isolada na fronteira entre a Corte Estival e Invernal, a primeira reação de ambos fora questionar Rhysand.

  Lucien argumentou como pôde para não ser mandado junto do espião. Azriel deu motivos o suficiente para provar que poderia ir sozinho.

  Obviamente não tiveram as próprias opiniões levadas em consideração.

  O primeiro dia no meio do povo desconhecido fora estranho. Nada de conversas, nem uma palavra. Sequer olhavam um para o outro.

  Se – na época – fossem perguntados, jamais saberiam responder o que era aquela tensão.

  Azriel preferia acreditar que não simpatizava com o ruivo sarcástico de opiniões fortes. Já Lucien, que apenas talvez não gostasse de estar perto do illyriano mal humorado.

  A partir do terceiro dia, algo mudou.

  Ao mesmo tempo em que ganhavam a confiança do povo da tribo, ganhavam um ao outro.

  Lucien não era tão ruim, até tinha algum carisma. Azriel não era tão mal humorado, até sabia ter conversas tranquilas.

  Construíram confiança sólida, afinal só tinham um ao outro no meio desconhecido.

  Azriel sabia que se estivesse em apuros, Lucien não hesitaria em arriscar-se, que estaria consigo tanto quanto Rhys e Cass.

  Lucien também confiava com a vida em Azriel. Como nunca antes. Como sequer confiara em Tamlin.

  Com o passar dos dias, quem percebeu primeiro fora Lucien. A proteção exacerbada, a necessidade de estar perto, os olhares longos, as conversas que perduravam a madrugada, os toques simples, os abraços longos demais.

  Entretanto, quem agiu primeiro fora Azriel.

  No riacho. A luz da lua. Um beijo.

  E se antes haviam construído confiança, tudo pareceu esvair-se após a madrugada no riacho.

  Estranheza cresceu entre o laço criado.

  Azriel tornou-se distante. Lucien, omisso.

  Arrependimento? Culpa? Consideraram boa parte das possibilidades, mas nunca chegando de fato à uma resposta satisfatória, afinal não houvera tempo.

  Dois dias depois estavam sendo atacados durante a noite.

  Contudo, em meio à fuga agoniada, mais uma vez provaram-se dignos da confiança um do outro.

  Dever a própria sobrevivência ao outro era uma verdade e dívida.

  Azriel carregara Lucien desacordado e ferido durante boa parte do início do percurso atribulado.

  Após a queda no lago, Lucien não hesitara antes de somente sair da água mortalmente fria quando enfim conseguisse puxar Azriel para fora.

  O laço da confiança sendo restaurado e fortificando-se em proporções inimagináveis ao, após o caos, acordarem acamados lado a lado no mesmo quarto. Sendo cuidados por Elain.

Corte de Carmélias e AmarílisOnde histórias criam vida. Descubra agora