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NOTAS BAIXAS EM FRANCÊS, NAT E OUTRAS COISAS QUE EU PRECISO EVITAR | charlotte mattews point of view.

Saio da aula com cérebro revirado de informações sobre gramática francesa, quando bato de cara com alguma pessoa baixa. Claro que minhas anotações voam para todos os lados, e é claro que eu não fico feliz com isso.

"Ótimo." Resmungo, contando de um a dez mentalmente. "Apenas ótimo. Adorável."

A pessoa ri, eu não a acompanho. Porque sei exatamente quem é. A 'Por Favor, Pessoas, Me Dêem Atenção'. Tem como ser mais superficial?

A observei durante a aula de Francês, e posso assegurar com certeza em todas as palavras que a irmã de Jackie age conforme todos querem que ela aja. Você quer vê-la sorrindo? Ela vai sorrir enquanto te diz qualquer baboseira. Você quer vê-la ser engraçada? Ela vai contar piadas apenas para que você goste dela. Com todos esses sorrisinhos e olhares dóceis muito bem direcionados a ela, tenho certeza que está realizada por saber que está sim, sendo a sensação do momento.

Levanto o olhar para o sorrisinho dela. Minha expressão deve gritar por uma violência iminente, porque seu sorriso se desfaz mais rápido do que qualquer coisa. Quando me abaixo para pegar meus papéis, ela espelha meu gesto e se agacha ao meu lado.

Quero bater na mão dela afastando-a, mas me controlo. "Deixe aí."

E pego os papéis, as mãos repentinamente trêmulas de estresse. Ela os segura também, e eu os arranco da sua mão de imediato, engolindo o instinto de dizer 'obrigada', porque, se ela está ao menos sonhando em pensar que eu serei como o resto das pessoas aqui puxando o seu saco por ser decentemente humana, está muito enganada.

"Obrigada." Murmuro involuntariamente. Educação automática, certamente.

"Não tem de quê." Ela responde numa voz idiotamente suave. A boca se arqueia em um sorriso. Então, olha para mim como se fosse dizer algo, mas não diz. A examino por inteiro de novo. O vinco perfeito nas calças, botas brilhando, os cabelos penteados sem um fio sequer fora de lugar. A pele parece muito cuidada, as unhas perfeitamente pintadas. Percebe-se que é uma garota de detalhes.

Passo por ela e avanço pela escada em direção ao prédio central, porque teremos mais duas aulas de Química e uma de Dança Contemporânea antes do almoço. Em poucos segundos, como esperado, ela já está andando ao meu lado como se fosse a coisa mais natural do mundo. Deixo que isso aconteça apenas porque sei que ela não sabe onde são as salas de aula, mas daqui uns dias, se ela ousar andar ao meu lado, socarei seu estômago.

"Aula puxada, hein?" Ela comenta, e eu imediatamente sinto os olhares em nós enquanto passamos. "Vai me ignorar só no Francês, ou em todas as outras também?"

E aqui vamos nós. A Síndrome do Querer O Que Não Pode Ter: atenção da única pessoa que não quer dar atenção.

"Não estava te ignorando."

"Pois eu acho que estava, viu?"

Três rapazes passam por nós, e eu não faço ideia de quem são, mas retribuo os sorrisos que me dão só para ver o tipo de reação que isso desencadeia. Então fecho a cara e volto a me dirigir à ela:

"Não, ignorar você seria ignorar sua presença. Notei você. Só prefiro não falar com você."

Ela ri, obviamente inabalável. "Isso é melhor ou pior do que me ignorar completamente?"

"Levemente melhor."

"Ah, entendi. Então não vou me ofender."

Um grupo de garotas vestidas de rosa nos vêem e acenam, e a essa altura do campeonato eu já não sei se elas estão cumprimentando a mim ou à bomba de felicidade ao meu lado. "Bom para você."

Lottie, Francês e Outras Coisas Lindas ᝰ lottienatOnde histórias criam vida. Descubra agora