Capítulo 11

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Jimin

Eu odiava tudo relacionado ao baile — os vestidos, os smokings com cheiro de mofo, a música lenta, as flores. Odiava como tudo era artificial e clichê, como tudo parecia falso, mas, acima de tudo, odiava o fato de não poder ir a um baile porque estudei em casa. Também odiava o fato de Seokjin estar no segundo ano e ir ao seu segundo baile de formatura.

— Tipo, você não poderia ir com ele mesmo, não é? E não faz sentido ele ir sozinho, sabe? — Seokjin estourou a bola de chiclete várias vezes em frente à minha penteadeira e aplicou a décima quinta camada de sombra nos olhos. Eu estava na cama, com um livro sobre o peito, enquanto meu irmão enchia meus ouvidos.

Ele tirou a sombra preta e colocou um tom marrom-escuro. O que pra mim parecia cor de lama de esgoto. Quando terminou, sorriu para si mesmo, como se estivesse muito orgulhoso de sua beleza — como se ele mesmo fosse responsável por aquilo, não a genética. Seu cabelo estava sedoso e balançava cada vez que Seokjin mexia a cabeça, o que ele fazia com bastante frequência.

— Além disso — ele deu um sorriso maldoso —, acho que ele tem uma quedinha por mim.

Ri por dentro.

Não tem, não.

Ele se virou para me olhar e comprimiu os lábios.

— O que acha? Essa cor? Ou o preto? — Ele franziu o cenho. — Não sei por que estou perguntando. Você não sabe nada sobre maquiagem. Talvez soubesse mais se a sua cara não estivesse sempre enfiada em um livro. — Ele correu na minha direção e se sentou na minha cama. Segurei o meu livro com mais força junto ao peito, mas ele o arrancou de mim e o jogou no chão.

Minha nossa. Isso deveria ser algum tipo de violência, não? Ele tinha literalmente batido em dezenas de personagens — dezenas de amigos meus. Tirar o livro da minha mão era grosseiro, mas jogá-lo no chão era o suficiente para romper os nossos laços familiares.

— Sério, Jimin. Você já é estranho por não falar e não sair de casa. Quer mesmo ser conhecido como o garoto que só lê? Isso é meio bizarro.

Seu rosto é meio bizarro.

Eu simplesmente sorri e dei de ombros.

Ele jogou o cabelo para o lado.

— Vamos voltar ao que importa. Tipo, eu tenho quase certeza de que ele está chateado porque a Seulgi terminou com ele antes do baile. Além disso, sei o quanto você gosta dele, então me ofereci para acompanhá-lo. Afinal, você não ia querer que ele deixasse de ir a um lugar que ele queria ir. Só estou fazendo isso por você, Jimin.

Que gesto nobre.

Precisei me esforçar muito para não revirar os olhos para o meu irmão. Irmão — eu usava o termo com sarcasmo agora.

— De qualquer forma, falei com o Jungkook que você tinha apoiado meu convite, então, valeu pela ajuda. — Ele me deu um sorriso falso e jogou o cabelo para o lado de novo. — Acho que o Taehyung e a Jieun vão se encontrar com a gente no jardim para tirarmos fotos e coisas assim em dez minutos. Então, e aí, qual sombra?

Apontei para o marrom porque queria que ele ficasse horrível.

Ele escolheu o preto e ficou maravilhoso.

— Perfeito! — Ele se levantou da cama, alisou o belíssimo smoking e dançou na frente do espelho uma última vez antes de sair. — É melhor eu ir logo. Jungkook deve estar me esperando. — E saiu rebolando do meu quarto.

No instante em que desapareceu da minha vista, corri até o meu livro, peguei-o e passei a mão pela capa. Sinto muito, amigos. Abracei o exemplar, fui até a janela que dava para o jardim e olhei para o meu irmão e a namorada, rindo e se abraçando com suas roupas elegantes para o baile. Taehyung tinha um jeito de fazer Jieun rir que o som chegava até mim. As mãos dela estavam sempre apoiadas no peito dele, e os olhos de Taehyung estavam sempre nela. Eu ficava imaginando como seria ser visto por olhos cheios de amor.

O Silêncio Das Águas | jikook version Onde histórias criam vida. Descubra agora