Jungkook
O silêncio tomou conta da sala. Jimin tremia em um canto e não conseguia parar de chorar.
Yejun estava olhando para o pai, e os olhos de Doyoon estavam fixos em Jimin.
— O que você acabou de dizer? — perguntou Yejun, confuso.
Jimin pressionou as mãos nos ouvidos, e eu quase conseguia sentir seu medo. Ele abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu.
— Olha só, não sei o que está acontecendo, mas é melhor vocês irem embora — sugeriu Doyoon, com um suspiro pesado. Ele foi até Jimin e tentou levantá-lo.
Ele começou a tremer ainda mais, encolhendo-se todo.
— Não! Por favor, não! — gritou.
Corri até ele e afastei Doyoon.
— Por favor, afaste-se dele.
— O que está acontecendo? — perguntou Yejun com o cenho franzido. — Há algum problema com ele? Devo chamar ajuda?
— Não — respondeu Doyoon. — Acho que é melhor eles simplesmente irem embora. É óbvio que ele está tendo algum tipo de colapso nervoso.
— Não é um colapso nervoso! — exclamei, irritado. — Ele só está... — Faltaram-me palavras, e voltei a atenção para Jimin. — Jimin, o que está acontecendo?
— Ele a matou. Era ele que estava na floresta.
Eu me virei para Doyoon e, em um milésimo de segundo, vi o medo em seus olhos.
— Ele a afogou no lago Harper — continuou Jimin. — Eu vi. Vi quando você a afogou.
— Não sei do que está falando, garoto, então é melhor calar a boca.
— Você matou a sua mulher — afirmou Jimin, levantando-se. — Eu te vi. Eu estava lá.
— Pai? — sussurrou Yejun com voz trêmula. — Do que ele está falando?
— Como é que eu vou saber? É óbvio que ele é doido. Precisa de tratamento. Sinto muito, Jungkook, mas você tem que ir agora. Não sei o que despertou esse ataque de pânico, mas precisa ir atrás de ajuda para esse garoto. Vou cancelar a cobrança pelo barco. Só leve esse garoto embora para que ele possa ser tratado.
— Diga a verdade — ordenou Jimin, mais firme a cada segundo. — Conte a verdade. Conte o que fez.
Doyoon foi até a mesa e se sentou na cadeira. Ergueu o telefone e o balançou no ar.
— Já chega. Vou chamar a polícia. Isso está fugindo do controle.
Jimin não disse nada. Cruzou os braços e, mesmo trêmulo, não cedeu.
— Tudo bem. Ligue para eles. Se não fez o que eu estou dizendo, então, ligue para eles.
A mão de Doyoon começou a tremer, e Yejun arregalou os olhos, horrorizado.
— Pai, ligue para eles. Disque o número.
Doyoon lentamente largou o telefone na mesa. Yejun quase caiu no chão.
— Não, não...
Doyoon olhou para Jimin, derrotado, surpreso.
— Como? Como você sabe?
— Eu sou aquele garotinho que viu tudo.
— Meu Deus! — Doyoon começou a chorar, cobrindo os olhos com as palmas das mãos. — Foi um acidente. Um acidente. Eu não queria que...
— Não. — Yejun negou com a cabeça. — Não, a mamãe nos deixou. Lembra? Ela fugiu com um cara. Foi isso que você me contou! Você jurou que foi isso que aconteceu.
— Ela fugiu. Bem, ia fugir. Ela ia nos deixar, Yejun. Eu sabia que ela ia embora. Encontrei as ligações de um cara no telefone dela, e ela confirmou. Tivemos uma briga, e ela foi para a floresta. Meu Deus, eu não tive a intenção... Você precisa acreditar em mim, Yejun. Eu a amava. Eu a amava muito.
Posicionei-me na frente de Jimin, sem saber o que Doyoon poderia fazer com ele. Doyoon parecia desnorteado; andava de um lado para o outro, passando os dedos pelo cabelo. Ele foi até a mesa, destrancou algumas gavetas e puxou alguns papéis.
— Pai, o que está fazendo? — perguntou Yejun, espantado.
— Temos que ir, Yejun. Precisamos sumir por um tempo. Você e eu, tá bom? Podemos recomeçar tudo. Cometi um erro, mas lidei com a culpa. Vivi cada dia com a culpa pelo que fiz.
Nós temos que ir agora.
— Pai, se acalme.
— Não! — O rosto de Doyoon estava vermelho; sua respiração, entrecortada. — Precisamos ir embora, Yejun. Temos que... — Sua voz falhou quando ele passou a chorar incontrolavelmente. — Eu a abracei, Yejun. Eu a segurei nos meus braços. Eu não queria...
Yejun se aproximou do pai com as mãos erguidas.
— Tudo bem, pai. Venha cá. Venha cá. Nós vamos embora. — Ele abraçou o pai e o puxou para si. — Está tudo bem, pai. Você está bem.
Doyoon continuou chorando na camisa do filho, falando coisas incompreensíveis.
Quando Yejun olhou para mim, fez um gesto para o telefone na mesa e moveu os lábios:
“Ligue para a polícia.”
Quando Doyoon percebeu o que estava acontecendo, já era tarde demais. Seu filho o segurou em um abraço de urso e não o soltou mais. A polícia chegou e, depois de algumas explicações, Doyoon foi preso. O tempo todo, Jimin se manteve firme. Falou com os policiais de forma contida e forte. Suas palavras eram claras, e sua voz sequer tremeu.
Quando a viatura levou Doyoon embora, ele soltou um grande suspiro.
— Ele foi embora? — perguntou.
— Sim. Ele já foi.
Jimin quase desabou no chão, chorando, mas eu o segurei. Eu o abracei, ciente de que suas lágrimas não eram mais de medo.
Eram as lágrimas da liberdade.
Depois desses acontecimentos, a polícia mandou uma equipe de busca para o lago Harper.
Levaram cinco dias para encontrar o corpo de Minji. A descoberta teve impacto na vida de muita gente, por toda cidade. A família de Jimin lidou com a revelação da melhor forma que podia, ou seja, ficando um ao lado do outro. Eu não fiquei muito preocupado com eles — eles se tornavam mais fortes nos dias mais sombrios.
A pessoa de quem senti mais pena foi o filho. Ele havia acreditado que a mãe o tinha abandonado. Ele viveu todos esses anos ao lado de um pai que, em um piscar de olhos, se transformou em um monstro. Yejun tinha um longo caminho pela frente, e eu não sabia como ele ia lidar com as verdades que se desdobravam diante dos seus olhos.
Rezei para que ele encontrasse a paz em meio à tempestade.
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Bjs.
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O Silêncio Das Águas | jikook version
DragostePark Jimin vê sua vida mudar por completo quando, aos 10 anos de idade, presencia uma aterrorizante cena à margem de um rio. O alegre e falante Park sofre um trauma tão grande que acaba perdendo a voz. Sem saber como lidar com o problema, sua famíli...