capítulo 16

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Jungkook

— Hã, Terra chamando Jungkook? Você ainda está aqui, cara? — perguntou Namjoon, cutucando meu ombro. Eu estava sentado no banco do Hoseok na garagem, e Namjoon passou a mão, que segurava uma maçã, entre meu rosto e o livro que eu estava lendo. — Em geral, quando estamos na pausa do ensaio, você fica dedilhando o violão, mas agora está tipo...

— Lendo! — completou Hoseok, saindo da casa de Taehyung com duas maçãs na mão. Ele mordeu as duas ao mesmo tempo e mastigou alto. — Eu nem sabia que você sabia ler. Tem certeza de que o livro não está de cabeça para baixo?

Fiz um gesto para eles ficarem quietos e virei a página. Meu antebraço estava cheio de Post-its amarelos que eu usava para fazer anotações em resposta às de Jimin. Os irmãos continuavam tentando chamar a minha atenção, mas eu estava mergulhado demais na história do livro.

Taehyung chegou com três maçãs e mordeu as três ao mesmo tempo. Dramáticos. Meus amigos eram dramáticos.

— Cara, não adianta. Ele está apaixonado demais para se concentrar em qualquer outra coisa.

— Já chega dessa porra de amor — reclamou Hoseok. — Primeiro a gente teve que aguentar o Taehyung querendo colocar a Jieun em todas as letras de música. E agora, o Jungkook está lendo. LENDO!

— Pela primeira vez na vida, eu concordo com o meu irmão — disse Namjoon.

Hoseok agradeceu, lambendo o dedo e enfiando-o na orelha do irmão.

— Cara, retiro o que disse. Você é nojento!

Voltei a ignorá-los. Era interessante ver o que Jimin tinha marcado, e se as minhas marcações eram as mesmas que as dele. Eu gostava de descobrir as partes que o fizeram rir ou chorar, as partes que o deixaram zangado ou feliz. Era a melhor sensação.

— Então, meu pai está pensando em vender o barco — informou Taehyung. — Quer vender em algumas semanas e perguntou se queremos sair para uma pescaria de despedida antes de irmos para a faculdade no outono.

— Ele vai vender o barco? — perguntei, erguendo o olhar. — Mas é tipo... nosso barco.

Tínhamos passado muito tempo da nossa infância e do começo da adolescência no lago. Eu sabia que não fazíamos aquilo havia anos, mas a ideia de o Sr. Park vender o barco me entristecia muito.

— Esse é o barco sobre o qual vocês estão sempre falando? — perguntou Namjoon.

— O mesmo que inspirou uma música? — indagou Hoseok.

— Isso. Ele mesmo.

— Bem, droga. Podem contar comigo. Se esse barco tem o poder de fazer o Jungkook parar de ler, então deve valer a pena. — Hoseok jogou o miolo da maçã no lixo, e Namjoon correu para pegá-los com um guardanapo, colocando-os em um saco de papel.
Arqueei uma sobrancelha, e ele deu de ombros.

— O que foi? Estou ajudando minha mãe a fazer adubo para o nosso jardim. Miolo de maçã é ótimo para isso. De qualquer forma, se pudermos levar frutas orgânicas e eu não precisar ferir nenhum peixe, podem contar comigo.

— A maçã que você comeu não é orgânica, mano. Mamãe pediu que eu não contasse a você, e é justamente por isso que estou contando.

Hoseok riu, e o rosto de Namjoon ficou vermelho.

Passaram-se alguns minutos antes que eles começassem a gritar de novo.

Então voltei a atenção para o meu livro.

* * *


Algumas semanas depois, o Sr. Park levou o pessoal, incluindo meu pai e meu irmão, Junghyun, para o último passeio de barco. Foi um dia perfeito. Comemos besteira — menos Namjoon, que levou uvas orgânicas e pão de banana orgânico que ele mesmo havia preparado com a mãe.
Curiosamente, quando ele nos ofereceu um pedaço, todos preferiram salgadinhos.

O Silêncio Das Águas | jikook version Onde histórias criam vida. Descubra agora