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Jade West's POV

Acordei umas oito da noite com o barulho da garagem abrindo. Estava escuro e meu pai decidiu aparecer em casa bem agora. Levantei e fui ao banheiro. Quando me olhei no espelho, me deparei com um rosto inchado de tanto chorar.

Eu poderia estar dormindo agora. Eu com certeza não precisaria lidar com isso neste momento.

'Isso o que?' você perguntaria. Antes de pegar no sono, eu recebi uma ligação de Beck. Ele tentou se desculpar, eu saí do controle de novo e então nós terminamos.

Já sabia que isso já estava sujeito a acontecer, eu só não queria acreditar. Ele era tudo. A única pessoa que já viu meu lado sensível, que já viu por dentro da mascara.

Enfim, depois da ligação eu bloqueei ele em tudo e mudei meu status de relacionamento no perfil do TheSlap, e fui tirar uma soneca.

E então chegamos nesse momento.

Como está de noite,  achei que seria uma ótima ideia ir dirigir sem rumo, já que me acalma bastante.

Infelizmente, no meu caminho até meu carro, trombei com meu pai. Fiz breve contato visual e ele já estava saindo do meu campo de visão, até me parar.

"Jade. Achei uma pipa."

"E?"

"Sua pipa antiga. Ela está na garagem, se quiser dar uma olhada."

Eu dei de ombros e só segui reto.

Aí vi a tal pipa, meu pai colocou ela do lado do meu carro, então era impossível não notá-la. Cheguei mais perto e a peguei na mão. Estava toda quebrada e empoeirada, mas realmente era a minha pipa antiga.

Então vi que eu estava chorando.

"Deve ser só minha alergia a pó." eu disse para mim mesma.

Dei uma segunda olhada nela e decidi levá-la comigo para jogar em algum lugar. Odeio coisas que me lembrem de quando eu era pequena. Eu era frágil e estúpida, e olhar para essas coisas que me recordam da infância só fazem todo o divórcio dos meus pais acontecer de novo e de novo.

Em vez de dirigir sem rumo, como tinha citado anteriormente, meu carro me levou até outra coisa que me faz lembrar do passado. Vega. Mais especificamente, para a casa de Vega.

Aliás, decidi chamar ela de Vega apartir de hoje, porque eu sempre chamei ela de Tori quando era criança, e, mais uma vez, não gosto de relembrar o passado.

Saí do carro e - levando a pipa junto,- toquei a campainha.

Depois de uns segundos, a porta se abriu. "Jade?"

Ela parecia bem confusa. Me olhou de cima a baixo e depois perguntou se eu estava bem. Por acaso, eu pareço bem?! Olha meu estado!

"Essa pipa está quebrada!"

"Você quer que eu arrume sua pipa?"

"Esquece essa pipa estúpida!" eu disse, entrando na casa e jogando a pipa no sofá.

"Somos amigas?! Não somos nem amigas! Por que você veio aqui?!" ela entrou em pânico.

"Porque eu não queria ninguém descolado me vendo nesse estado! E... e se você me ajudar, talvez eu goste de você!"

Ela balançou a cabeça e revirou seus olhos, se sentando do meu lado. "Certo, certo. Mas o que aconteceu?"

"O que você acha?"

Tori suspirou fundo. "Estou só tentando ser gentil." ela pausa. "O que quer que eu faça, Jade?"

"Eu não sei. Não sei porque vim aqui." e então eu me dou conta de que estou chorando mais uma vez. "Eu só estou tão frustrada. Quando sinto isso, eu sempre vou para ele, mas agora... ele é a causa. Sabia que isso aconteceria, mas não esperava que fosse tão cedo..."

Vega se aproximou um pouco de mim. "Talvez seja aquilo de pessoa certa e hora errada."

"Isso não existe. Se fosse a pessoa certa, não existiria tempo errado. Eu só não tenho a coragem de abrir o TheSlap agora. Os statuses de relacionamento de nossas contas já estão marcados como 'solteiros' há algumas horas, então todos vão estar falando de nós por agora. Também estou aterrorizada com o pensamento de ir para a escola amanhã. Vão me encarar. Eu odeio que me encarem."

"Eu posso te proteger. Sou praticamente uma onça." ela diz se gabando, na brincadeira.

"Você está mais para uma gatinha abandonada."

"Gatos tem garras!" ela semicerrou os olhos, ergueu suas mãos - as deixando numa posição similar a de quando gatos de ameaçam de te unhar com suas garras - e mordeu o ar.

Soltei uma risada sincera, e ela começou a rir também.

"Mas sério, se você não quer que falem sobre o termino, acho que você poderia falar com o... como que era o nome dele mesmo?" ela franze a testa. "Lembrei, Lane!"

"Não é uma ideia ruim."

Obviamente não era uma ideia ruim, era brilhante. Mas claro que eu não ia admitir, pelo menos não para ela.

Meu PearPhone começa a tocar.

"Espera ai." eu falo, pegando o objeto do meu bolso e checando quem era o infeliz que estava me ligando as dez da noite.

Uma chamada de um contato salvo como Michael.

"Quem é?" ela pergunta.

"Meu pai." eu digo, recusando a ligação.

"Não é algo importante? Talvez você devesse atender..."

"E o que você sabe sobre isso?"

Ela ficou em silêncio e olhou nos meus olhos. Acho que ela ia falar algo, mas o Pearphone vibrou mais uma vez, só que agora foi uma mensagem que dizia para eu voltar para casa.

"Preciso ir embora, meu pai vai me xingar se eu demorar."

"Certo. Espero que fique tudo bem." ela sorriu sem mostrar os dentes.

Eu assenti. Tori me acompanhou até a porta e quando eu estava saíndo, ela disse para eu ter cuidado, já que de acordo com ela, já estava tarde.

Entrei no meu carro e me joguei no banco, suspirando fundo. Quando saí da casa, o aperto na garganta e o mal estar voltaram, mas ignorei e só segui meu caminho até minha casa.

Na hora que eu cheguei em casa, meu pai estava na porta, de braços cruzados.

"Jadelyn, isso é hora de sair de casa?!"

"Nem estava tão tarde quando eu saí, eram umas oito da noite. E agora ainda são dez. Não é como se eu estivesse voltando de uma balada as seis da manhã."

"São essas as atitudes que me fizeram tomar uma decisão."

Eu, que estava andando até as escadas para o segundo andar, parei. "Que decisão?"

"Você vai voltar a morar com sua mãe e seu irmão."

My childhood best friend - JoriOnde histórias criam vida. Descubra agora