Dezembro, 2014.Era natal, mas não um natal como os outros, não era um natal na qual eu estava ansioso, mas sim nervoso e envergonhado pelo o que havia acabado de fazer.
Laila sempre foi minha amiga, obviamente éramos amigos, amigos de infância...para mim isso nunca ia mudar, vivemos a vida toda juntos, jamais poderíamos inventar de ter um "romance", afetaria toda a relação que nossas famílias tinham, mas...como eu poderia evitar de me apaixonar pelos seus olhos pretos e seu cabelo castanho claro iluminado. Essa "paixão" -será que poderia chamar assim?- começou aos meus 17 anos, de um jeito caótico como sempre...ela estava chorando na escada da escola por que tinha ido mal em matemática, lembro ir correndo até ela e abraça-la bem forte, como se não houvesse o amanhã. Naquele momento eu percebi que talvez poderia estar me apaixonando pela minha melhor amiga, mas é óbvio que eu nunca fui o tipo de Laila e nem vou ser.Era quase 22h00 e eu estava completamente desarrumado, com meu suéter de ursinho e uma calça de papai Noel, não era costume da minha família se arrumar no natal, mas naquele dia meus pais estavam bem arrumados para tirar algumas fotos e comer waffles, uau, que grande evento. Fiquei na sala assistindo alguns clichês de Natal com minha irmã e sentindo o cheiro de chocolate quente vindo da cozinha, minha avó sempre fazia para nos esquentarmos. Quase dei um pulo ao sentir meu celular vibrar, era ela, ela havia me mandado mensagem.
*Mensagem de Laila*
— Ei, desculpa pela minha atitude, não queria te empurrar daquele jeito, espero que nada esteja estranho entre a gente.
Respiro fundo e respondo.
— Eu que peço perdão, não devia ter lhe beijado.
— Tudo bem, confesso que não gostei nenhum.
pouco, você sabe que vejo você apenas como um irmão. - ela respondeAquelas palavras ecoaram fundo dentro do meu coração.
— Ok, não irei fazer mais isso.
— Não fique brabo...espero que me entenda.
— Eu te entendo, mas respeite o fato que eu gosto de você.
Desligo o celular um tanto quanto triste e magoado, a amizade e o amor que eu sentia por ela era maior, não iria insistir em algo mas também não queria me magoar tanto por algo que eu já sabia. Não era obrigação dela gostar de mim, mas ao menos respeitar meus sentimentos, certo?
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Com certeza não era um dia feliz, e sim um dia confuso, sentia que estava prestes a perder o meu melhor amigo por uma simples conversa, Carlos sabia que eu gostava de outro menino e do mesmo jeito insistiu em me beijar, na frente de quem eu mais gosto. Não somos mais crianças e nem adolescentes para Carlos saber que eu não gostava dele, era inimaginável namoral ele, como? e por que? por que ele foi gostar de mim? eu simplesmente não o entendo. Tentei ao máximo não pensar na conversa que havia acontecido, era Natal e ninguém poderia estragar o melhor dia do ano. Coloquei um vestido vermelho, ele tinha uma faixa dourada e era rodado, junto com um sapato preto de salto, desci correndo as escadas ao sentir o cheiro de peixe, meus pais são suecos, comemoramos de outro jeito mesmo morando na Espanha, um jeito de me sentir em casa mesmo morando fora.
— Pequena o que você está pensando tanto, nem veio me ajudar a preparar a comida - disse meu pai com uma toalha no ombro e olhando para mim -
— Eu estava lendo, o livro me tocou muito - dei um sorriso fraco tentando disfarçar minha cara -
— É no menino do seu curso? Já te falei que não vou com a cara dele
— Não pai, não é o rafael, não é ninguém...
Respirei fundo e encarei o prato de frutas que estava na bancada e sinto meu pai me encarando por alguns segundo e vejo ele voltar a cozinhar. Minha mãe normalmente fazia os doces, mas hoje ela resolveu comprar alguns, tudo estava diferente esse ano, toda aquela emoção de quando você é criança, foi-se embora.
Fazer 18 anos não é fácil.
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Nem sempre Laila e eu fomos amigos, claro, quando estávamos nos conhecendo, vivia pegando no pé dela e a incomodando chamando de esquisita, essa relação de ódio durou pouco, quando tínhamos 9 anos éramos inseparáveis, a adolescência chegou e quase nada mudou, ela havia amadurecido, seus cabelos já não eram tão claros e seus olhos continuaram os mesmos, sua pele ainda tinha aquelas sardinhas, mas hoje, hoje as coisas mudaram. Laila quando fez seus 18 anos se tornou um pouco mais fria, sua postura mudou e com certeza ela já não era mais uma criança.
*Mensagem para Laila*
— Feliz natal :) podemos se ver amanhã?
— Não sei, Terei que ver. - ela responde
— Comprei um presente pra você, terá que vir buscar.
— Talvez eu vá, Feliz natal. — ela responde e on-line some -
Ela estava diferente, ou simples não queria conversar, talvez eu estava paranoico.
Talvez eu simplesmente não queria saber o porque dela estar assim, ou queria saber muito. Me deitei na cama olhando para o teto e pensando um pouco em Laila, talvez esse amor por ela nunca iria embora, mesmo ela me tratando tão mau, mas algumas palavras dela me machucavam tanto que era um pouco difícil, seu tratamento comigo mudou demais após sua adolescência e depois que descobriu que eu era perdidamente apaixonado nela, talvez algum dia na nossa vida, nós ficaremos juntos, talvez algum dia eu serei totalmente feliz com ela.Oii gente, espero de coração que vocês tenham gostado do primeiro capítulo, faz um tempo que venho trabalhando nessa história, agradeço a todos que leram. <3
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Em uma outra vida | Carlos sainz
RomanceAmigos de infância sempre serão amigos, mas Laila não esperava que sentimentos fossem envolvidos nessa amizade...nem Carlos imaginava isto.