capítulo 6

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POV ROBERTA

Disperto um pouco atordoada e com uma dor de cabeça absurda, o meu telefone está vibrando freneticamente ao meu lado na cama, o pego e vejo o nome do Latrelle na tela.

•Ligação on

-Que demora do caralho foi essa pra atender a merda desse telefone?- Latrelle brada desesperado do outro lado da linha.

-Cara, são quase três horas da madrugada- o respondo simples.

-Você estava dormindo?- ele pergunta ainda impaciente -Ou esses filhos da puta te doparam?- completa -Se foi isso eu vou queimar esse covil de cobras- completa ainda mais impaciente.

-Eu sei que esse é o seu jeito de me perguntar como eu estou, então lá vai. Eu tô bem cara de beterraba- concluo em meio a um bocejo.

-Eu tô aqui no ponto de droga da travessa 24, tenho que ficar no plantão hoje- meu irmão começa menos agitado -Escutei o Bruce falar mais cedo que você iria se tornar a bonequinha de luxo Dos Santos- a sua voz muda drasticamente -É um homem morto, qualquer desgraçado que tocar em você- ele conclui.

-Não dá tanto ouvido pras coisas que os caras falam aí não vei, você me conhece e sabe que eu jamais permitiria que algum desses ordinários tocasse em mim antes de me matar-  falo tentando o tranquilizar.

-Nem brinca com essa história de morte Roberta, eu morreria se te perdesse, já começa que tudo isso é culpa minha. Se eu tivesse sido firme com você e te proibisse de entrar na merda da gangue, nada disso estaria acontecendo- o Latrelle sempre foi um pai mas nesse momento ele tá me revelando um lado que eu não via dês de a morte da mãe e a culpa não é dele, fui eu quem quis entrar pra essa porra -Ainda tá magoada?- pergunta choroso.

-Como é que fica magoada com um irmão como você?- falo num impulso e finalmente escuto uma risada embargada do outro lado.

-Promete pra mim que você só vai falar o necessário e não vai se arriscar tanto com esses caras- Ele ordena com pressão -Eu vou dar um jeito de te tirar daí- diz simples.

-Beleza, vou tentar tá?- respondo calma mesmo sabendo que controlar a minha língua é algo difícil pra caramba -Tchau, vou voltar a dormir- minto -Depois a gente se fala e toma cuidado- Desligo rápido.

•Ligação off

Mais um pouco dessa conversa e eu choraria como uma criança querendo colo. Coloco a mão sobre a minha barriga quando a sinto roncar de fome, não aguento mais esse estômago vazio.

Sento-me na cama e me arrepio quando coloco os meus pés no chão gelado, o contato com solo me causa choque-térmico. Arrisco levantar mas a minha cabeça lateja e eu tenho um pequeno teto-preto o que me força a sentar novamente no colchão, fico alguns segundos com os olhos fechados e com as palmas fechadas agarradas aos meus joelhos, me recomponho e enfim fico de pé.

Com a luz do quarto acesa observo o ambiente, é um cômodo menor que o outro então o outro quarto deve ser o do Oscar, esse por sua vez tem uma cama comum, uma mesa de cabeceira de madeira alaranjada com uma gaveta e um abajur e uma cômoda com um pequeno espelho na parede.

Me olho no espelho e vejo o quão destruída eu estou, era só um banho quente e um hambúrguer com refrigerante agora e eu ficaria novinha em folha. Me aproximo da cômoda e abro a primeira gaveta, tem bermudas e cuecas box (algumas até embaladas ainda), abro a segunda e vejo algumas camisas largas e regatas e por último, abro a terceira gaveta e tem algumas calças moletom e outras calças jeans largas. Até que está organizado comparado ao caos das roupas do meu irmão.

On My Block - Oscar Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora