capítulo 7

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POV ROBERTA

Chega ser engraçada a ironia da situação, um dia estamos com os vagões no trilho e no outro despencando de uma ribanceira.

Disperto do sono um pouco depois do esperado e percebo que a minha noite não foi uma das piores. Obrigo o meu corpo a se sentar e estremeço assim que os meus pés sentem o impacto com a temperatura do solo, a minha cabeça doe um pouco quando me ponho de pé e mesmo assim eu me arrasto para a pequena janela do cômodo, puxo a simples cortina e vejo que o sol está brilhando no seu mais perfeito estado.

Os raios solares brigão com as minhas iris o que me força a recuar levemente. Busco o meu aparelho celular no quarto e não o encontro, toco a minha barriga e sinto o meu estômago roncar o que me faz lembrar do clima esquisito da madrugada passada.

-É estranho eu me sentir levemente atraída por aquele homem?- Pergunto em voz alta para mim mesma completamente fora de órbita. Volto ao meu mundo com o estremecer do meu organismo novamente gritando por comida.

Ponho-me para fora do quarto lentamente e noto que a casa está estranhamente silenciosa, caminho pelo corredor para o banheiro porque o meu corpo não consegue conter as suas necessidades fisiológicas. Faço o necessário e rapidamente saio do ambiente, sigo em direção a sala e vejo assim que saio do corredor o Oscar sentado na cadeira da cabeceira da mesa com uma xícara entre os lábios, o mesmo me olha com um olhar baixo.

-Buen día chica- Fala com pouca empolgação pondo a xícara na superfície da mesa, seus lábios estão úmidos e corados por conta do contato com o calor do líquido. Fico estatística observando a mesa posta, nunca presenciei algo tão bonito quanto aquilo -Senta- ordena apontando pra cadeira mais próxima dele ainda sem animação, isso me faz sentir bolhas na garganta, odeio receber ordens mas as dele o meu corpo não se rejeita a cumprir. Caminho até o móvel e me sento cuidadosamente -Se serve- ordena mais uma vez.

-Precisa ficar dando ordens o tempo todo?- pergunto pondo uma fatia de pão no prato.

-É isso que eu faço o tempo todo- Ele responde me olhando nos olhos. Respiro fundo e como um pedaço do pão, noto que o mesmo não comeu mais nada e apenas me fuzila com o olhar, fixo os meus olhos nos dele e tento sustentar o que é um pouco difícil porque ele ainda me amedronta.

-O que foi?- pergunto ainda o encarando. Ele apenas limpa a ponta dos dedos e direciona a mão para a bainha da sua calça, me afasto do prato e ele retira o meu celular do bolso, põe sobre a mesa, junta as mãos e me encara -Quem te deu o direito de tocar na porra do meu celular?- falo brava e agarro o aparelho.

-Você se esqueceu com quem tá falando?- Oscar pergunta frio -Você está na porra da minha casa, na porra da minha companhia e sob a porra da minha proteção- ele fala quase que rangendo os dentes -Então chica, eu me dei o direto de pegar a porra do seu celular- ele finaliza simples e bravo.

-Foi mal- digo simples com uma pitada de raiva na fala. O mesmo volta a comer e não tira os olhos de mim.

-Tá carregado- ele fala de boca cheia. Não o questiono mas sei que ele está se referindo ao aparelho. Coloco o celular na mesa e continuo comendo, um silêncio paira sobre a mesa.

-Tenho que ir a escola hoje- quebro o silêncio insuportável do cômodo. Eu não tenho que ir a lugar nenhum mas me incomoda ver ele observando até o jeito que eu mastigo.

-Você tem é que ficar viva- ele diz confortável -Pro seu bem, o meu e o de todas as famílias desse bairro- conclui.

-Mas eu preciso...- o homem bate a palma da mão na mesa o que me assusta e não permite que eu conclua a frase.

-Não precisa mentir pra mim Roberta- ele fala com um sorriso sarcástico -Se mentir pra mim- Oscar começa -Eu vou ser obrigado a te machucar- ele conclui simples. Um arrepio sobe pelas minhas costas e aperta as minhas entranhas.

On My Block - Oscar Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora