Como ficar longe? - Chaennie

CAPÍTULO 21 - Tudo ficaria bem

[JENNIE]

Um suspiro forte e os olhos pesados, foi o que lembro de ter dado início ao meu despertar. A luz do quarto do hospital invadiu minha visão, me fazendo lacrimejar. Tudo em meu corpo doía e eu tinha medo de perguntar quanto tempo estava daquele jeito, tinha receio de perguntar o que havia de fato acontecido porque a resposta poderia me destruir muito mais.

Mantive os olhos fechados por mais um tempo, sabia que não estava sozinha no quarto, sentia de longe o perfume de Jisoo e conhecia minha irmã o suficiente pra saber que entraria em curto assim que eu demonstrasse qualquer movimento. Estava com medo da maré de informações que receberia assim que meus olhos demonstrassem qualquer sinal.

— Ela precisou sair um pouco, pode abrir os olhos, Jennie — involuntariamente sorri ao ouvir minha amiga sussurrar em meu ouvido.

— Obrigada — falei, mas não tinha certeza se havia saído algum som.

— Quando estiver pronta, só me avisar que contarei tudo. — Lisa acariciou meu cabelo e notei o vermelho em seus olhos assim que a encarei. — Agora está tudo bem, vamos cuidar de você. — Falou como se respondesse uma pergunta que não fiz.

— Lisa... — apertei a mão que ela deixou sobre a cama.

— No seu tempo, ok? — apenas assenti, ainda não estava pronta pra ouvir que a última imagem que eu tinha guardada era real. — Seu tio disse que mais tarde vem um psicólogo falar com você, então não vamos atropelar nada, ok?

Apenas assenti, não tinha resposta para aquilo, nem sabia se de fato queria falar sobre, mesmo que com um profissional. Lisa chamou uma enfermeira para me ver, elas me medicaram com alguma coisa que eu não ouvi direito a explicação e me trouxeram uma sopa para comer.

Assim que terminei, Jisoo entrou no quarto e começou a chorar quando me viu acordada, apenas abri os braços e me preparei para o impacto e a dor que seria assim que me abraçasse, mas ela não fez nada, não falou nada, apenas se aproximou com os olhos cheios de lágrimas e me encarou.

— Nunca mais, nunca mais faça isso, Jennie — estava irritada, muito irritada.

Assenti e abaixei os braços, Jisoo se aproximou da cama e me abraçou devagar, como se soubesse que seu toque poderia causar dores em meu corpo, mas não causou. Seu abraço caloroso e aconchegante me fez sentir viva e despertou algo especial em mim e quando olhei pra baixo, vendo seu rosto sereno sobre meu peito, percebi como minha irmã havia crescido.

A manhã foi tranquila, as duas ficaram comigo, meus pais resolveram aparecer e ficar comigo para as meninas poderem pegar roupas novas e comer algo, depois meu tio chegou e eles se retiraram. Foi bom manter a cabeça ocupada com outras coisas, mas ainda havia aquele vazio, aquele medo, aquela pergunta não respondida. Ainda havia alguém que eu queria ver, mas estava com medo de que não pudesse.

— No que está pensando? — Meu tio estava com os braços apoiados sobre a cama me encarando. Ao mesmo tempo que ele era tão maduro, tinha aquele ar jovial. Mesmo agindo como se fosse meu pai, qualquer pessoa diria que éramos irmãos.

— Na pergunta que não sei se quero ouvir a resposta. — Era tão fácil conversar com ele. O vi se sentar com a postura correta e estender a mão pra mim. — A última coisa que lembro, não sei se foi real ou se um pesadelo.

— Ela... — ele fez uma pausa e meu peito doeu — Rosé, está em coma induzido por conta do estado em que chegou, ela vem respondendo bem ao tratamento.

— Rosies tá viva? — Foi como se uma pedra tivesse sido retirada do meu peito, o ar parecia fluir melhor quando meu tio assentiu — Posso vê-la?

— Você ainda está em recuperação, melhor conversar com o médico primeiro, depois vê ela, ok?