Capítulo seis

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Agatha (Beca)

Peço para o capanga do Hugo me deixar duas ruas antes do meu apartamento. Saio correndo assim que desço do carro em direção ao meu apartamento. Subo as escadas como se tivesse competindo uma maratona, pego a chave reserva no vaso de flor da vizinha. Entro e logo tranco a porta. Olho ao redor tentando achar algum sinal de alarme, nada, do mesmo jeito que eu deixei quando sai a última vez. Pego uma mala no guarda roupa, jogando algumas peças de roupas lá dentro. Pego uma foto minha da minha mãe e do meu pai, uma das últimas que tiramos antes deles falecerem. No verso dela tem a despedida que a mamãe deixou para mim. Eles simplesmente sabiam que ia morrer.

-Se vocês estivessem aqui, tudo seria mais fácil.

Pego a lista telefônica que eu tinha quando morava na Espanha. E disco todos os números possíveis de contatos do meu padrinho. Nada, ninguém viu ele, ninguém sabe dele a um bom tempo.

Ligo de novo no último número que ele me deu.

-Vai padrinho, me atende, eu preciso tanto de você. -Falo sozinha, na esperança dele me atender.

Deixo o celular de lado e pego minhas duas pistolas que eu mantenho escondidas no meu guarda roupa, verifico o cartucho e destravo uma delas. Jogo uma na minha mala, embaixo das coisas e levo a outra no banheiro comigo.
Deixo a água cair no meu corpo, levando todas as impurezas. Lavo meu cabelo com força, passando meu creme em seguida. Desligo o chuveiro e escuto o barulho da janela fechando.

-Merda. -sussurro baixinho, meu coração estava palpitando rápido.

Enrolo a toalha no meu corpo, pego a pistola, e abro a porta devagar, mirando na direção da janela. Vou em direção ao meu quarto e o bosta do Domingos está sentado na minha cama.

-Achou que ia se livrar fácil assim de mim, cadelinha. -Deu um sorriso forçado olhando para a mala em cima da cama.
-Cadelinha, cadelinha, eu estou a um passo na sua frente sempre.

Ele estava calmo de mais.

Olhei ao redor procurando mais alguém, e ele aparentava estar sozinho, pelo menos dentro do meu apartamento.

-Eu vou matar você, seu filho da puta desgraçado.

Ele riu alto tirando o celular do bolso.

-Se você não abaixar essa arma em 3 segundos, vou mandar um joinha para o Rubens começar o massacre. -Disse ele gargalhando virando o celular, me mostrando uma foto de uma arma apontando para as crianças da ilha brincando.

Fechei os olhos com força abaixando a arma.

Ele se levantou e veio até mim, pegando a arma da minha mão e jogando na cama. Chegou mais perto de mim, e eu continuei intacta, com um ódio inexplicável no meu coração.

-Qual é o seu problema? Seu doente. -Disse olhando nos olhos dele.

-No momento, Hugo Caravella, e você vai mata-lo para mim. -disse ele colocando um celular na minha mão.

-Eu não vou matar ele, ele é uma pessoa descente, diferente de você. -Mordi minha língua para segurar o impulso de um chute bem forte no saco dele.

-E é isso que vai matar ele. -ele chegou mais perto de mim, 1 cm da minha boca, eu estava paralisada com tudo aquilo, ele deu um selinho na minha boca e tudo aconteceu rápido demais. Eu simplesmente apaguei e esqueci de tudo. Dei uma joelhada no meio das suas pernas, ele agachou no chão e dei uma joelhada no seu nariz.

-Sua cadela. -ele levantou em um pulo dando um murro na minha cara, o que me fez ir para trás, ele voou no meu pescoço o precionando contra o chão.
-Vou explicar o que vai acontecer. Você não precisa matar ele pra mim, já que você é uma inútil mesmo, capaz dele te matar primeiro. Você vai acabar com os negócios dele, vai fazer tudo que eu mandar, eai eu vou pega-lo e tortura-lo durando uma semana inteira, arrancando todos os dedos de sua mão e o seu maldito pau, ou é ele, ou é aquela ilha fedorenta. Você escolhe, e você vai me obedecer quietinha.

Ele tirou uma mão do meu pescoço, pegando um celular pré-pago no bolso de sua calça, e colocando em minha mão. Em seguida ele voltou com a mão no meu pescoço. Eu só sentia um sufocamento e uma falta de ar, e um desejo dele me matar ali mesmo.

Não resisti e tentei puxar um pouco de ar, ele afrouxou suas mãos, tirando o sinto da calça, e abaixando a mesma, ele abriu a minha perna com facilidade porque eu deixei, ele me tinha nas mãos, e eu não importa muito o que ia me acontecer, fechei os olhos com força, quando ouvi a porta sendo arrombada e disparos logo em seguida. Os capangas do Domingos surgiram do nada e dois do Hugo também. Me arrastei de toalha em meio aos disparos para perto do banheiro, agarrei minhas pernas.

Depois de um dos capangas do Domingos serem atingidos, os outros fugiram levando ele junto.

-Tudo bem? -Abaixou um dos homens.

Balancei a cabeça em sinal de positivo.

-É melhor você vir com a gente.

-Eu preciso trocar de roupa.

Ele assentiu.

-Vai rápido, vou te esperar lá fora.

Peguei uma legue e uma blusa de moletom colocando. O celular que o Domingos me passou havia apitado no chão.

Ótimo, cadelinha, faça tudo que eu mandar para terminamos o que eu começamos.

Isso tudo era uma armadilha do filha da puta.

                                     🕐

Sai do carro depois de algumas horas de viagem, estava na mesma chácara, no meio do nada.

O Hugo me olhava da sacada de cima, com uma blusa social preta e as mãos no bolso. Encarei o mesmo entrando na casa.
Fui em direção ao sofá, deitando no mesmo e colocando minha cabeça entre meus joelhos. Lágrimas caiam descontroladas dos meus olhos. Esse filho da puta não merece minhas lágrimas. Levantei a cabeça passando o dorço da mão nos olhos. O Hugo tava me olhando, ele tirou um lenço do bolso me entregando.

-O que aquele filho da puta fez com você? Ele te estuprou? -Seus olhos penetravam os meus com força, e ele precionava o maxilar.

O soluço de choro saiu involuntário da minha garganta. Calma, Agatha, o cuzao do Domingos não merece isso de você.

-Ele tentou.

O Hugo se aproximou de mim, pegando meu maxilar com cuidado, virando meu rosto de um lado para o outro e analisando os hematomas que o Domingos havia deixado.

Ele se afastou e precionou os punhos.

-Eu disse pra você ficar aqui, que aqui é seguro.

-Eu não estou acostumada com ninguém me protegendo. -Falei amarrando meu cabelo em um coque.

Ele chegou mais perto, estendeu a mão pra mim, e me arrastou pra cima, sem tirar os olhos de mim.

-Você precisa descansar.

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⏰ Última atualização: Mar 10 ⏰

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