Capítulo cinco

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Agatha (Beca)

Abri os olhos com a irritação da luz do sol adentrando pela janela. Estava em um quarto onde nunca tinha entrado. Meu corpo inteiro doía. E a sensação de medo se intensificou mais ainda quando eu vi um suporte mandando soro direto na minha véia. Não sabia se tinha alguma medicação ali, o medo de ser drogada de novo me impulsionou a arrancar o catéter da minha véia. Fez uma bagunça com sangue, segurei o lençol, comprimindo aquela área. A última lembrança lúcida que eu tive, foi depois de um orgasmo maravilhoso, o resto eu lembro em flashes. Levantei apavorada vendo alguns roxos por todo o meu corpo. Parecia que meu coração ia sair pela boca.
Estava vestida com um conjunto de pijama que nunca tinha visto na minha vida, procurei por sinais de estupros por todo o corpo.
Eu parecia bem, pelo menos nessa parte.
Olhei pela janela e tudo que eu via era mato. Estava em uma chácara que parecia ser de luxo. Meu estômago roncava. E eu perdi o total sentido de tempo e espaço. Iria matar o Domingos, ele me drogou, me trouxe no meio do nada, e fez sei lá o que com o meu corpo quando estava desacordada.
Sabia que tinha algo de estranho comigo, talvez foi por isso que tive a coragem de quase transar com o assaltante. Não podia cair nesse impulso de novo. Meu estômago roubou novamente, estava faminta, sai do quarto  descendo as escadas. A casa parecia está vazia, ótimo, não tinha forças pra lidar com o Domingos agora. Abri a geladeira beliscando algumas comidas lá.

—Ainda bem que você acordou, você está bem?— ouvi uma voz atrás de mim. Aquela voz. Dei um pulo pra trás assustada.

Lindo, como da primeira vez que o vi.

—O que eu tô fazendo aqui?— perguntei virando em sua direção.

Ele abaixou o olhar por meu braço e parte da roupa ensanguentada.

—Você tá sangrando. —pegou um pano de prato pra estancar o sangue. —Cadê a enfermeira? —disse um pouco alto.

—O que aconteceu? Por que eu tô com essa roupa? —afastei meu braço pegando o pano de prato.

A moça toda de branco entrou na cozinha com passos apressados.

—Você acordou! Aí meu Deus, porque tirou o soro? —perguntou.

—Eu não sabia que era só soro que tinha ali. —a encarei. —Por quanto tempo eu apaguei?

—Por 40 horas. —me pegou no braço. —Vamos fazer um curativo aí. Como você tá se sentindo?

Ignorei a sua pergunta olhando pro Hugo.

—Eu quero saber tudo o que aconteceu. —o fuzilei com o olhar. —Foi você quem trocou a minha roupa? —olhei pra enfermeira que assentiu.

—Eu nunca tocaria em você desacordada. —disse puxando as mangas de sua camisa social, sua expressão era fechada.

—O que eu tô fazendo aqui? —a enfermeira me puxou e disse:

—Depois vocês conversam, agora vamos lá em cima cuidar disso.

Ela foi me arrastando até o andar de cima, eu fui encarando o Hugo. Aquele olhar firme dele me acompanhava também.

A enfermeira fez um curativo e me explicou tudo o que havia feito comigo. E os remédios que tinha me passado. Fiquei mais aliviada em saber que foi uma mulher que cuidou de mim.

—Por que eu tô roxa assim?

—Acho que você caiu no chão. Está dolorida? Quer tomar mais um remédio?

—Não, eu estou bem, obrigada.

—Agradeça o grandão lá embaixo. —disse se referindo ao Hugo. Grande em todos os sentidos.

O AssaltanteOnde histórias criam vida. Descubra agora