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Tiberias

Cori me encantou de uma maneira que eu não consigo explicar.

Desde pequeno eu já tinha na minha cabeça a ideia bem esclarecida de que eu não poderia me apaixonar por ninguém, pois não valeria a pena, porque eu não posso escolher minha esposa. Mas deu tudo errado, e agora eu passo grande parte do meu dia só conseguindo pensar em Coriane Jacos. Em como ela é atraente, cativante, simpática, e mais uma vez, atraente.

A esperança é a última que morre, eu vou mexer os palitinhos aos poucos na tentativa de cancelar a Prova Real. E se eu não conseguir, então farei igual meu pai fez com tio Robert.

Eu tenho passeado muito com Cori, conversamos muito. Além da minha família, ela é a pessoa com quem eu mais converso, ela já me conhece muito e eu já a conheço muito.

Cori gosta muito de destruir e reconstruir coisas. Tudo sobre os sistemas internos dos eletrodomésticos estava na ponta da língua para ela. Ela me contou que Lord Harrus, seu pai, não aprova esse interesse e fala que ela deveria se interessar por mais coisas de meninas. Mas ele esquece todo esse julgamento quando pede para sua filha consertar a televisão da sala, quase uma vez por mês.

Lord Harrus não é um pai exatamente bom para Cori, e eu senti uma leve raiva dele quando ela me contou. Não a incentiva a nada, não dá atenção a ela, mal lembra de seu aniversário. Com Julian também não é diferente, pelo que ela me contou. Harrus Jacos é um cretino.

Uma moça como Cori merece tudo do bom e do melhor. É uma pessoa muito boa, tem um coração puro. Não merece nem metade do sofrimento que já passou. Sua mãe morreu há muito tempo, seus únicos amigos são Lady Sara Skonos, seu irmão Julian, e agora eu. Lady Jessamine era apenas uma parasita naquela família, e agora que os Jacos vieram para a corte, ela bebe demais quase todos os dias. Eu não vejo felicidade no olhar de Cori, e isso me machuca.

— Quer ir ao teatro? Haverá uma peça, eles virão de Piedmont, e eu estava pensando em ir. E te levar, claro — eu convidei Cori, durante uma de nossas caminhadas.

Algo mudou no olhar dela quando eu fiz o convite.

— Com certeza! Será divertido, eu quero sim!

— Não sabe do que se trata a peça, como sabe que vai ser divertido? — Indaguei rindo. Não para contrariá-la, apenas para brincar um pouco.

— Eu nunca fui ao teatro antes, e sempre quis ir. Tenho certeza de que será divertido.

— Ah, sim. Eu fico feliz por te levar pela primeira vez ao teatro! Certamente será ainda mais divertido porque eu estarei junto — falei, satisfeito ao ver o sorriso que ela deu após isso.

Eu não deixei transparecer, mas estava muito ansioso para aquele dia. Não era apenas o teatro que ela iria conhecer. Havia uma surpresa, e eu estava certo de que ela iria adorar.

Rainha CantoraOnde histórias criam vida. Descubra agora