Detalhes

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Até para a morte, há premonição, surge frios e arrepios constantes. Um pássaro pia grotesco, um homem grita e sorri - mas tu na caminhadas te assustas - era só uma mera conversa. Chegas em casa e contas o relato, diz para a esposa: "será que estou ficando louco?" - ela por amor o abraça e vives teu último paraíso. A morte lhe encontra no dia seguinte, na beira da calçada que passou centenas de vezes. Um carro desgovernado - talvez estivesse seu motorista bêbado - lhe atropelou e tudo o que surge em teus pensamentos é: "Até para a morte, há premonição".
São pequenos detalhes que velam o enterro das coisas, porque nada se forma em instantâneo.
Um amor, quente e devorador se torna embriagante. Em certos momentos você pensa que é tudo o que pediu, está feliz! Deveria estar... Noutro dia quando acorda e vê o rosto que lhe causava falta de ar, sente-se frustrado - devo é estar confuso! Entediado! Vou-me de fato embriagar! - o garçom traz todas as doses do amor que lhe faltava - "nesta noite tu verás que eu te amo!". E a ressaca acaba com tudo, ela em mudo e ele transtornado, fora fato! Ele tinha tudo nas mãos. E então, segue-se o luto das coisas, o luto da morte de seu maior sentimento.
Para tudo há premonição!
É que um suicida escreve uma página por dia, desafiado pela sua própria urgência de se inibir. Ele tenta desesperado fugir do caos, ele narra detalhadamente para as suas vítimas - a pequena morte que acontecerá. E num dia, recolhe folha por folha, faz-se um grande caderno e o deixa empoeirar - porque a morte lhe tapou os olhos, ou ninguém encontrara sua despedida.
E o louco? que um dia acorda e sorri para as atrocidades que a vida lhe arranja. Ele chorava por muito, até um dia só viver pelas risadas. O pessoal dizia que era muito novo para experienciar a loucura, que fora do nada, mas não viram como as vozes do sofrimento lhe cantavam. Algumas melodias de fato, são inenarráveis - mas ele explicava, no doce de sua voz e aqueles ouvidos rudes, só escutavam gritos terríveis. E perguntavam como um jovem tão querido, pôde virar um louco berrador.
Todas as coisas morrem por detalhes, e de tudo vive, apenas pela construção dos próprios.
É que me vejo devaneando nos átomos que me fizeram, e por pura coincidência - sobrenatural ou não - observam os de alguém.
Tudo isto, para falar que meu maior sentimento, preparou-se há anos e agora transborda em poesia.
Houve um aviso. Entretanto, não compreendia que para tudo, há premonição.

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