Particularidades

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É fácil se perder na particularidade dos outros. Perguntar entre mentes: estou vivendo da maneira correta? - e uma voz coerente gritar de súbito "calma, não existe certo e errado!".
Os jovens têm a oportunidade de se perderem nas próprias particularidades e dos que os cercam, é o princípio do conhecimento, a base que sustentará a perdição maioral da vida - o desgosto e amargo - para poder ser feliz. Entretanto, há o questionamento dos que não querem se perder em nada - seria este o tal suicida de mente?
Os adultos amargos pela falta de compatibilidade com a coerência e conhecimento adquiridos anteriormente, se frustram demasiados - buscando sempre se preencher em pessoas, álcool, sexo e drogas.
No final de todas as histórias - todos são suicidas - apenas a percepção mostrará: corpo, mente ou alma. Mas o interessante disso é a falta de importância, não há necessidade para tais gritarias mentais ou desespero conjuctual desta sociedade de perdidos. A felicidade sempre - isto é, nas percepções capazes de enxergar - aparece.
Alguns temores de criança, como um palhaço ou bicho-papão, torna-se piada amena em um grupo de amigos. Por vezes um medo maior, de suar frio e chorar é superado e torna-se piada também. Mas isto não significa que não foi horrível, foi entretanto, exatamente o que deu início a gargalhadas memoráveis. Entende-se completamente os casos de trauma, que uma mera piada faria chorar - só que isto é olhar a vida dentre suas vastas perspectivas, com a pior lente. Deixemos ser enganados por necessidade, por esperança de um equilíbrio. E acreditemos na regressão sucessiva (termo criado com cotas da licença poética).
A enfática frase deste texto sem objetivo nenhum é: é fácil se perder na particularidade dos outros. Eu narradora-personagem, adoro me perder e sofrer. Gosto do sacrifício mental, dos vinhos, do amargo de minha voz quando canto, dos olhos que me fazem frio, das pessoas que me odeiam, dos bebês que me encaram pensativos, de minha pessoa, das conversas banais com o número sete que me fazem querer morrer, dos livros insuportáveis... Passaria horas descrevendo as particularidades que me cercam. Como é bom saber observar e questionar, pois me sinto a maior morta e consequentemente a maior viva.
Algumas relações como - morte e vida - se implicam de maneiras que não gosto de escrever, mas cito por necessidade de explicar: a vida é uma grande implicação.
Viveria por só a observar os sóis com meus amores mas não suportaria ver a lua solitária, penso ignota desta terra e sinto a dor natureza para morrer. Morro por necessidade de viver. É uma insuportável implicação, e para aumentar as dores de cabeça: é necessário!
A facilidade de se perder é consequência da tentativa exagerada de se achar, que consequentemente nos maltrata, fere, porém numa manhã chuvosa pensamos como que leves da ignorância: isto é viver.
Não teria eu consciência da felicidade se não experimentasse os domingos que me enforcaram até a morte.
O saber - inconcebível - é este!
Aceitemos a implicação para tentar viver, porque a morte já está escrita.

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