E os prisioneiros? O que fazem além de existir na busca incessante da liberdade? Correm desesperados pelo gramado, cortam os pés nesses cacos que foram espalhados e riem da dor, porque o sangue é lindo demais e contrasta com o verde.
Os guardas em sua torre, majestosos e intocados, observam como aqueles se contentam com tão pouco. Uma cor neutra para sobressair com a vivacidade de outra, um deles pensou: "é como nós, livres, precisamos sobressair com as pessoas, são elas que nos fazem". Sua arrogância não é menor de quem nem na prisão está, porque achava-se livre quando nem na grama podia correr, nem o sangue seu admirar, era dever ficar na vigília a organizar os prisioneiros. Mas pouco importa isso, porque algumas prisões são invisíveis.
E gritava! - "pare com isto! Há muito sangue! Chamem o médico!" - e o novo arrogante engravatado, jaleco branco tão quanto sua cara, dizia que daria alguns pontos mas a recuperação era sob responsabilidade dos presos. Dizia por alto e no alto, que era bobeira correr para a liberdade quando existia dores tão letais assim. Ora doutor, algumas pessoas sacrificam-se para algo e se abstém ao comodismo prazeroso, se fizeste da tua prisão um palácio não critique a ilha dos outros! Alguns de fato, tentam fugir pelo mar.
E por finais distintos de cada prisioneiro, o destino os levou ao seu devido lugar, sabe-se que muitos desses loucos ensanguentados conseguiram fugir e são inspirações para os doloridos que ouvem sermão do doutor. Ah, e os guardas que nada além de proteger a cidade, guardam a si próprio nesta prisão demasiada chata, em prol da sobrevivência, porém, és também um preso. E do doutor, ele mesmo o diz! Está muito no alto e lá não há prisões, apenas quedas de fato, muito trágicas. E a narradora diz que cada qual com sua prisão, invisível ou visível, porque prendo-os neste pequeno texto. Gananciosa demais com os meus detentos.
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Pequenos Contos De Textos Enormes
Poesia"Pequenos Contos de Textos Enormes" - conta registros de uma vida, quem sabe para reflexão ou para juntar testemunhas. São textos desconexos que se ligam apenas pela poesia filosófica. Carpe diem amigos!