all again - seungin

dois

nosso erro é
querer encontrar
nosso lugar no mundo
antes de encontrar nosso lugar em nós mesmos.
- Lothian Andrade

𝒔𝒆𝒖𝒏𝒈𝒎𝒊𝒏
𝒑𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝒗𝒊𝒆𝒘

Levantei da cama e tentei recomeçar a minha rotina matinal. Coloquei ração para o meu cachorro, escovei os dentes e lavei meu rosto.

Andei até a cozinha e abri a janela que dava direto para a varanda, fui recolher as roupas que deixei no varal e vi algumas peças que era de Jeongin. Pensei no que faria com elas, poderia simplesmente queimá-las, mas deixei ali.

Comecei a fazer o meu café da manhã e liguei o celular. O grupo de mensagens com os meus amigos já estava movimentado, revirei os olhos. Felix me ligou no mesmo instante em que eu iria deixar o celular de lado.

— Já comeu? — sua voz grossa soou primeiro que a minha na linha.

— Estou fazendo o café da manhã.

— Nenhuma notícia dele?

— Tudo que tenho de Jeongin aqui é aquele bilhete estúpido e as roupas que ele deixou.

— Isso não faz sentido. Jeongin lutou tanto para te conquistar e agora iria ir embora? Não é possível o amor ter acabado.

— Se o amor se acabou, é porque ele nunca existiu. — dei de ombros.

— Não. Ele é completamente apaixonado por você, Seungmin.

— Se fosse mesmo, ainda estaria aqui. Felix, entendo que você esteja do lado dele por ser o melhor amigo dele. Mas por favor, te garanto que não preciso ouvir justificativas nenhuma. Preciso aprender uma forma de voltar a viver a minha vida sem que ele esteja ao meu lado, e não me agarrando em uma incerteza de que ele teve um motivo.

— Vocês conversaram sobre isso? Sobre tudo?

— Ele se ajoelhou para mim e me pediu em casamento. Na manhã seguinte, a aliança estava na minha estante e tudo que tinha dele era um bilhete. Se ele precisava de um tempo, era só ter me pedido.

— Algo não bate. — o mais velho suspirou.

— Você tem razão, Felix. Nada nessa história toda bate. Como pode alguém que jurou me amar por cinco anos, me deixar assim que propõe um casamento? Era por isso que eu não queria ter aceitado ir naquele encontro estúpido! Nada disso teria acontecido se eu tivesse recusado essa sua ideia.

— Engraçado, até uns dias você me agradecia e agora me culpa.

— Não te culpo, o culpado sou eu por acreditar que alguém viria para ficar definitivamente.

— Você estava confuso naquele tempo, eu só queria ajudar você.

— E ajudou, Felix. Mas você também precisa entender que não é uma responsabilidade sua salvar todos, eu deveria ter aprendido a lidar com a minha confusão sozinho, mas o Jeongin apareceu e agora eu não sei fazer isso sem ele.

— Como assim, Min?

— Eu não sei ser alguém sem ele. — disse baixo. — Eu nunca aprendi.

— Está na hora de aprender.

— Eu deveria ter aprendido antes.

— Antes tarde do que nunca, Min. Vou passar aí antes de ir para o trabalho para conversarmos, ok?

— Não precisa vir. Estou bem.

— Não está.

— Estou, sim.

— Não está.

— Felix, estou falando sério.

— Você tentou ligar para ele?

— Ainda não.

— Devia, tenho que ir. Te amo, Seungmin. Qualquer coisa me liga.

— Também te amo.

Desliguei e encarei o papel escrito por ele.

"Lidei tanto tempo com a sua confusão, que a minha se tornou maior. Não sei se posso voltar, não sei se eu deveria estar fazendo isso também, mas achei que o melhor seria fugir.
Não quero que pense que deixei de te amar porque fui embora, aprendi com o meu pai que o melhor é partir quando há algo que a gente não consegue lidar sozinho. Você passou tantos anos tentando se sentir mais seguro de si e bem, que não achei certo deixar que a minha escuridão te contamine.
Não posso ficar e te prender, mas também não posso ir e te perder. Por favor, não me odeie."