Capítulo 7

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Marina finalmente chega à ilha de Samahira, onde fica o principal empreendimento da rede Zahar, o resort no qual vai fazer o intercâmbio. 

O que o futuro reserva para essa brasileira guerreira?



MARINA

Desembarcamos em Samahira e fico deslumbrada com a grandiosidade do principal empreendimento do grupo Zahar. A ilha inteira é tomada pelo resort. Um complexo inimaginável.

— Caramba — me admiro em português, mas Lucy responde.

— Não sei o que você disse, mas com certeza foi algo parecido com a primeira vez. Você consegue imaginar o quanto de dinheiro precisa para construir isso aqui? E é a parte mais modesta. Espera para ver o Gran Hotel, onde ficam as suítes que a família Zahrani usa quando vem para cá.

Se o que estou admirada é a parte mais pobre, se é que se pode chamar assim, nem faço ideia de como seja o Gran Hotel.

Uma fila é formada e Lucy me puxa para ficar junto dela.

— Quando separarem os quartos, a gente tem mais chances de ficar no mesmo se estivermos próximas na mesma fila.

O bom da experiência de Lucy é que ela já sabe mais ou menos como tudo funciona por aqui. Ela me mostra as áreas mais seguras, quais pontos da praia devo evitar. Como reconhecer os hóspedes de Almasir ou os estrangeiros. E vários detalhes do cotidiano no resort.

Minha amiga se inscreveu parara trabalhar em uma das cozinhas. Sim, são algumas. Eu vim para a vaga de recepcionista. Nos são entregues uniformes, identificações, uma pasta com várias apostilas explicando o funcionamento de cada área do resort, regras e orientações para função exercida por aqui.

Um verdadeiro manual de instruções com diversas páginas de mapas e regras de conduta.

Esse ano, Fatma Zahrani não veio recepcionar os intercambistas. Dizem que ela faz um longo discurso, e algumas pessoas saem chorando voltando para suas casas. Esse ano, o sucessor dela será apresentado.

Eu e Lucy ficamos em uma turma de mais ou menos 30 pessoas que ficará sob a supervisão de um brasileiro chamado Juarez.

A animação pelo encontro com um conterrâneo esvai quando o homem alto e corpulento se aproxima e nos mede de cima a baixo como se estivesse analisando um inseto a ser aniquilado.

— Não me interessa a vida que vocês levavam no país de vocês, aqui se exige o máximo de comprometimento e decoro. Não será tolerada promiscuidade entre vocês, nem assédio aos hóspedes — a forma como ele fala olhando diretamente para mim embrulha meu estômago.

— Que criatura desagradável — uma moça que está ao nosso lado comenta — e dizem que os brasileiros são simpáticos.

— A Mari aqui é brasileira e um amor. O Juarez é um escroto, lambe-botas que nunca defende os colegas, não importa o quanto o hóspede esteja errado.

Sinto um calafrio, se o hóspede de ontem aparecer aqui serei deportada sem contar duas vezes. Lucy percebe minha tensão e aperta meu ombro em apoio.

— O cara estava em Qudara, Mari. Seria muito azar ele aparecer aqui.

— Qual cara? — Zula, a menina que começou o comentário e tem o nome escrito num adesivo preso a camisa, se mostra curiosa.

— Um hóspede em Qudara assediou a Mari.

— Ele foi inconveniente e invasivo — comento.

— Assédio — as duas falam juntas.

— A Mari meteu a mão nas fuças dele.

A Obsessão do SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora