MARINA
Há dois dias estou numa rotina intensa de demandas com a recepção do resort. Juarez testa minha competência e minha paciência em cada oportunidade.
Brianna trabalha na cozinha, ela diz que não tem sido muito diferente com ela. A americana parece uma diva pop, tanto na beleza quanto na postura e isso parece incomodar demais quem julga pela aparência. Ela me contou que é filha de uma brasileira que foi estudar em Boston e acabou casando por lá.
Sempre que tem uma brecha ela prepara algo no refeitório dos funcionários, a gente brinca que é um dia bastante concorrido. No final das contas ela é mesmo aquele tipo que parece super inconveniente, mas se você der uma chance vê que é amorzinho demais.
Esses dias de adaptação tem sido puxados, mas a companhia das meninas tem aliviado a saudade que sinto da mamãe. Todos os dias ligo para ela e todas têm seu tempo para contar as novidades a Dona Miriam. Brianna teve um desentendimento com o namorado da mãe e não mantém contato. Lucy mal consegue que os pais atendam o telefone.
Acabamos cuidando umas das outras, apoiando e consolando nos momentos ruins, comemorando e vibrando nos momentos bons.
Um dos funcionários da recepção faltou e Lucy está trabalhando comigo. Apesar do Juarez me observando à espera do menor deslize, estou me saindo bem. Ele bufa e resmunga cada vez que algum hóspede elogia meu atendimento.
Um burburinho do lado de fora, põe todos nós em alerta. O celular de Juarez começa a disparar e o homem fica mais pálido ainda, começando a dar ordens
— A senhora Fatma está aqui!
Tudo que começo a pensar é no sonho antes de embarcar para cá. Será que aquele homem ainda lembra, claro que lembra. Mas foi até a própria matriarca.
— O sheik deve ter aprontado alguma — Lucy comenta ao meu lado.
— Ele foi visto consumindo bebida alcoólica publicamente, os guardiões dos costumes não ficaram muito felizes — um dos carregadores comenta e logo se afasta.
Juarez corre em direção a Fatma Al Zahrani assim que ela entra. Bajulando e sorrindo, fingindo uma simpatia que nunca o vi dispensar a nenhum colega.
Devo concordar que a forma como ela anda, estendendo a mão para ser bajulada, a faz parecer uma deusa abençoando seus devotos.
— Ela parece cada vez mais mal-humorada — Lucy comenta ao meu lado
— Sim, sempre achei que ela parecia brava, mas ao vivo é muito mais.
— Os filhos não ajudam a pobre mulher — minha amiga responde e nos entreolhamos antes de rir.
— Definitivamente, ela não tem nada de pobre.
Com toda a confusão provocada pela visita surpresa da senhora Zahrani, não percebi um homem loiro e alto, se aproximar da minha amiga, na outra ponta do balcão, ela pareceu tensa, mas não pareceu fazer qualquer movimento para afastá-lo
— Não se meta em problemas, Mari. — um colega adverte quando faço menção de ir na direção de Lucy — aquele é o russo, assistente do CEO e melhor amigo do sheik
— os dois não são a mesma pessoa? — brinco relaxando ainda de olho na interação
O russo me lança um olhar demorado, sorri acenando, faz uma reverência e se afasta enquanto minha amiga hiperventila.
Quero ir até lá. Me preocupo com o que ela possa ter ouvido. A garota me olha assustada, e procura ao redor. Lucy está sempre vigilante comigo, principalmente pelo que houve com o bendito hóspede. Não quero pensar em não apoiá-la da mesma forma.
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A Obsessão do Sheik
ChickLitQuando o poderoso Khalid Rafiq Al Zahrani me confundiu com uma das garotas que gostariam de atendê-lo por uma noite, eu revidei sem saber que ele era o implacável dono da rede de hotéis e resorts para a qual eu trabalhava. Além de regente do país on...