Capítulo 6

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Estava de olhos fechados, mas podia sentir. Seu corpo estava em inércia, porém sentia que estava caindo. Setia o vento forte em seus olhos, não sentia suas roupas, mas o vento tremulava algo em seu corpo. Percebeu que não conseguia sentir os dedos. Estava com medo de abrir os olhos, mas sabia que mesmo se não abrisse-os, saberia o que lhe aguardava no fim da queda.

Assim, decidiu ver onde estava e para onde ia. Seu primeiro instinto fora de abrir os braços para se segurar em algo. Foi então que ele sentiu o vento batendo embaixo dos braços, e na extensão deles, sim, tinha algo à mais em seu corpo. Ele virou a cabeça e viu penas. Possuía penas; e pequenos três dedos com unhas enormes nas pontas, garras. Estava planando, e abaixo dele um vasto mar.

Por que e como estava voando? A sensação  de bater as longas asas de plumagem amarronzada e preta era incrível, mas há poucas horas atrás ele era um simples humano dormindo. E então sentiu uma pontada na cabeça, não sabia como, mas seus subconsciente dizia que era uma águia rapina. E a águia estava com fome.

Assim que aprendeu como controlar o novo corpo, decidiu arriscar e pegar uma corrente de ar forte que havia por perto. Estava com fome e tinha que caçar.

Ah, o mar. Sempre fora-lhe tão comum, mas vendo-o de cima, parecia algo totalmente diferente. O vento soprava forte, gaivotas passavam em suas migrações e as ondas nasciam e morriam sob o mar, formando apenas ondulações cristalinas. Sua cor que variava entre azul e verde fazia com que a luz do sol refletisse e acertasse seus olhos. Foi então num desses reflexos que ele olhou para baixo e viu peixes, ou seja, havia terra por perto.

Após um tempo, ele viu. Terra, torres de pedra, cabanas com tetos de palha em forma triangular e coisas pequenas se moviam pelo porto, pessoas. E a águia ainda tinha fome. E ela aumentou a velocidade, descendo em rasante, lhe proporcionando uma adrenalina animal.

Ele sobrevoava as casas e ruas em busca de carne, até que avistou um rato negro correndo por uma viela, um rato gordo, sujo... e suculento.

Nunca havia feito aquilo, a energia corria-lhe por sobre o corpo enquanto ele descia em direção à presa. As garras saíram dos dedos, o bico se abria para soltar o seu guincho, e então, uma explosão.

A ave perdera seu alimento enquanto havia se distraído com o barulho. Quando levantou voo e seguiu o som dos gritos, viu que a multidão corria na direção do centro, então a explosão só podia ter acontecido em algum lugar importante daquele reino. E quanto mais se aproximava, mas as chamas ocupavam sua visão, gritos e choros invadiam sua audição.

Foi então que ele encontrou a matriz da confusão. O que antes parecia ser um grande castelo, com quatro torres espalhadas pelas pontas e uma outra torre enorme no centro, agora era apenas um meio castelo. Cabanas em volta pegavam fogo, e das quatro torres, agora restava apenas uma de pé, e a mesma em chamas. E a torre central já não tinha sua parte superior.

E então pode-se ouvir gritos de ódio de um homem à frente de portão:

-Malditos sejam!!! Evelyn!!! Onde está?!! Para onde a levaram?! Meu filho!! A...! - não conseguiu escutar mais.

Um som -quase um zumbido- muito agudo, e quase inaudível para alguns -mas muito para uma ave com uma ótima audição- surgiu de repente e fez com que ele perdesse parte do senso, e começou à cair. De novo.

E então, escuro.

                                                                                      *     *    *

-Acorda, vamô! -foi o que conseguiu escutar.

Não sabia onde estava, e não estava com muita vontade de abrir os olhos para descobrir. Sentia-se enjoado.

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⏰ Última atualização: Jun 28, 2015 ⏰

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