Capítulo 3

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Após o encontro com Ruivo à frente do Convés Verde, Aaron voltou aos seus afazeres. Já tinha se acoatumado com a presença do viking, ele emanava um sentimento de alegria, e essa alegria girava em torno se todos que ficava por perto saboreando o som de sua voz quando ria ou quando estava contando histórias.

Naquele dia, Aaron não havia falado muito com Ruivo. Quando começava à entardecer, ele parou um pouco para descansar. Maquiavel ofereceu-o uma bebida. Enquanto a saboreava no balcão, percebeu que havia uma figura ao seu lado. Ele tinha bebido com eles na noite anterior, era Klaus.

Klaus era um homem forte, trajava-se bem para um viking, os tecidos de suas roupas pareciam tão finos mas tão flexíveis e quentes e portava uma espada longa à cintura. Ele tinha o cabelo curto e loiro, os olhos tinham a coloração do mar, e era isso que suas feições mostravam, com uma barba começando a ficar grisalha, dava-o um ar de sabedoria; os olhos profundos que demonstravam a paciência do mar; e o sorriso, um belo sorriso que poderia ser apenas por alegria, ou um sorriso de quem tem planos maléficos na mente.

-Salve, garoto -sua voz era calma e o sorriso largo.
-Boa tarde, senhor Klaus. Não o tinha visto hoje, chegou agora?
-Estava aqui antes mesmo de Ruivo chegar. Fiquei nos fundos, apenas observando pela janela -ele parecia distante, pensando em outras coisas.
-Em que pensas, senhor? -não queria parecer enxerido, mas Klaus intrigava-o.
-Nada de mais, jovenzinho. Gosto apenas de me sentar e refletir, pode fazer muito bem às vezes. E acho que você está precisando.
-Estou?! -ficara surpreso.
-Sim, veja como esta tenso!

Ele não havia notado, mas depois que Klaus o disse, viu que estava curvado sobre o balcão e que não tinha mais bebido desde que começara a conversar com ele, apenas observava a espuma dentro na caneca.

-Está preocupado com a proposta, não está?

Aaron se virou para ele. Klaus o encarava seriamente. Estava começando à transpirar. Não sabia o por quê, mas sentia que o viking podia ler todos os seus pensamentos. Tinha que sair dali.

-É...be-be, bem -estava começando à gaguejar- co-com a sua licença, senhor. Irei me retirar.

Queria apenas sair correndo para bem longe, mas limitou-se à pegar a bebida e andar nervosamente em direção à saída. Estava tremendo, aquele viking agora assustava-o tanto quanto Donnie e sua voz gélida.

Assim que chegou em casa, foi para o quarto. Jhon estava como sempre na cozinha. Aaron ainda não havia lhe contado sobre os vikings, não queria preocupa-lo. Aaron deitou-se em sua cama e pôs-se à pensar.

" Está preocupado com a proposta, não está ? " Sim, estava. E muito. A maior de suas preocupações eram relacionadas à Jhon, pois não queria deixa-lo sozinho, não podia.

Naquele momento ele havia entrado no quarto.

-Chegou e não me cumprimentou, não é? Como foi hoje lá na taberna?
-O de sempre, Jhon. Deixei o dinheiro perto da sua estante de livros. São apenas algumas moedas de bronze e prata, mas acho que da pra aguentar mais umas semanas.
-Obrigado, garoto -Jhon foi se aproximando com suas muletas e se sentou na beirada da cama ao lado de Aaron- Desde que você aprendeu à ficar de pé e levar coisas de um lado para o outro, tem me ajudado bastante. Mas você sabe que é livre para parar quando quiser, não sabe? Não quero que envelheça cuidando de outro velho! -e abriu um sorriso amigável.

-Eu sei, Jhon, mas você é meu amigo! Não vou deixa-lo. E além do mais, não tenho nenhum lugar para ir.
-Tem sim... -deu uma pausa, e continuou- O mar é muito grande e nós somos apenas sardinhas, garoto. Temos o mundo inteiro para explorar, e acho que sua hora de desbrava-lo já está chegando.

Eles ficaram em silêncio. O quarto deles ficava no andar de baixo para que Jhon não precisasse de Aaron quando quisesse ir para o quarto descansar. A cama de Aaron era encostada na janela, e dela podia-se escutar as crianças brincando com seus cachorros e senhoras amigas conversando na praça que havia ali perto.

Faltava apenas um dia para que o prazo de Aaron terminasse. Na noite do dia seguinte, os vikings partiriam de volta para as suas terras para fazerem suas coisas de vikings, com ou sem Aaron.

-Levante-se. Quero que me faça um favor, garoto.
-Hum? -Aaron saiu de seus pensamentos e se levantou- Pode dizer.
-Vá até o porão e me traga uma caixa de madeira que está perto da janela.
-Certo...mas para quê?
-Apenas vá.

Ele foi. Quando voltou, Jhon permanecia no mesmo lugar, quase imóvel. Entregou-o o caixote, e ele ficou remexendo nas coisas lá dentro sem deixar que Aaron visse, e parecia ter um rato morto, pois fedia muito.

-Ahá! -finalmente havia encontrado o que queria- Tome, garoto, é todo seu. Eu costumava usar isso em minhas viagens, agora entrego-o à ti para que o proteja em suas futuras aventuras! -era um anel, era lindo e brilhava. Dele emanava uma luz azul que lembrava a cor de um céu estrelado. Não sabia do que era feito, mas havoa adorado o presente.

As horas foram se passando e Aaron continuava em seu quarto. Tinha ficado acordado até tarde lendo livros sobre ilhas, as terras congeladas, navios e tudo mais que precisaria saber caso embarcasse com a tripulação de Ruivo. E então começava à arrumar as malas com alguns livros, roupas e uma bússola que já nem devia mais funcionar... ele estava pronto.

"Para onde pensa que vai, Aaron? Não está pensando em ir embora com aqueles estranhos e deixar Jhon sozinho, está?" Odiava quando seu subconsciente começava à repreende-lo. Realmente não podia deixar Jhon sozinho, mas algo o chamava para o mar, não podia mais segurar o seu espírito de aventura.

Ele tinha se decidido, ele ia. Mas não iria deixar Jhon sozinho. Ele tinha um plano.

Os Nove Filhos de GunnarOnde histórias criam vida. Descubra agora