Capítulo 2

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"Uma única faísca pode incendiar uma floresta."
Charles Bukowski

Estaciono a moto na entrada da Lilk e retiro o capacete. Dou uma rápida olhada no retrovisor e aproveito o momento para ajeitar o meu cabelo que desce pelos meus ombros e vai até metade das minhas costas. Entro na mansão varrendo os olhos pelo local à procura do Joseph. Caminho em direção a sua sala, mas paro no pátio quando vejo que tem algumas crianças e adolescentes lutando em dupla em cima dos grandes colchonetes azuis que têm ali.
Na minha época era direto no chão!

Estou caída no chão sentindo o sangue na minha boca, assim como o sangue escorrendo pelo meu nariz e a dor no corpo.
Só consigo ver Nayla em cima de mim, com cada perna do lado do meu quadril, então ela deixa de me encarar e olha para o chefe, esperando a ordem para terminar o que começou.
- Até o final - Joseph diz o que Nayla estava esperando ouvir, lhe dando a permissão para terminar.
Após as palavras do chefe, vejo Nayla me encarar com um sorriso ladino e logo depois seu punho se direcionar até o meu rosto, me fazendo apagar.

Pisco algumas vezes, acordando de algumas lembranças quando ouço o apito anunciando um vencedor em uma das lutas.
Me espertigo e caminho então até a sala do Joseph, dou duas batidinhas e após alguns longos segundos a porta é aberta. Um homem alto e de cabelo escuro sai de dentro da sala.
Nunca o tinha visto por aqui. Ele passa por mim me encarando e acena em forma de cumprimento, então aceno com a cabeça e entro na sala. Fecho a porta atrás de mim e encaro Joseph.

Ele está sentado em sua mesa de madeira maciça com um jornal aberto em sua frente enquanto pega sua xícara e dá um gole no que eu arrisco dizer que é café.

Quem o vê assim, imagina um senhor prestes a se aposentar e de bem com a vida! Não que ele seja velho. Na verdade, o acho muito jovem para os seus 50 anos. Ele nunca deixa um fio de cabelo branco brotar em sua cabeça e está sempre bem vestido, sem contar a postura de superioridade que ele carrega por onde passa.
Quando ele abaixa a xícara seus olhos encontram os meus, me vendo parada na porta o observando. Caminho em sua direção enquanto ele abre um sorriso.

- Cada dia mais radiante! - Diz enquanto sento-me à sua frente.

- Você não está nada mal também. - Digo apontando para ele, que deixa uma risada anasalada escapar.

Ele abaixa os olhos, focando no jornal sob a mesa e depois cerra os olhos, me encarando.
- Pode me explicar o que foi isso? - Desliza sobre a mesa o jornal e aponta para o papel com a cabeça, o que me faz encarar a folha acinzentada.
"Capanga de Marshall atira na própria cabeça após dias sumidos. Será isso um recado entre as máfias italianas?" é o que diz o título da manchete.

Ele não está mais sorrindo, na verdade está muito sério.
- Não precisa me ensinar a como fazer o meu trabalho.

- Eu te ensinei tudo o que você sabe, mas não a ficar fazendo joguinhos. Você quebrou pelo menos três regras até agora. Você não dá opções a eles, você os mata. É arriscado, Kate. Quantas vezes terei que dizer isso?

- E quantas vezes terei que lembrá-lo que você prometeu que me deixaria vingar a minha família e até agora, tudo o que eu sei, é que o cara que os matou segue a vida fodida dele sem ter que se preocupar com a porra da vida dele - Digo exaltada, porém num tom baixo, enquanto aponto repetidamente para o jornal ao falar. - Ele acorda todas as manhãs sem se preocupar se vai morrer no dia, e isso, é culpa sua.

- Você está lidando com pessoas perigosas, Kate. - Ele estende o braço e toca a minha mão, me dando uma visão perfeita de um escorpião desenhado no seu antebraço - Você é uma assassina, faça o que cresceu para fazer e não deixe que façam isso por você.

A ChantagistaOnde histórias criam vida. Descubra agora