Café e Carbonara

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O Paraíso está um caos. O que é contraditório, afinal, eles vendem estabilidade e harmonia, diferente do inferno. Sir Pentious ri dessa ironia. Os anjos o prenderam em uma espécie de cela confortável com uma sala de cinema, uma pilha de macarons e cama macia. Ele preferiu se manter quieto durante a estadia - os doces servidos diariamente são deliciosos. Apesar da mordomia e tranquilidade encarcerada, sente falta de seus ovinhos.

"Consegui algodão doce para nós dois!" Emily entra na alcova. Recentemente, ela começou a passar mais tempo na cela. A serafim explicou que houve uma confusão na última conferência e Serah delimitou a área que ela podia andar.

"Obrigado, Miss Emily" A serpente pega a guloseima e se delicia. "Ainda estão te proibindo de caminhar livremente?"

"Sim." Ela respira fundo. Puxa um pouco de algodão. "Tenho autorização para visitar a cidade apenas acompanhada por guardas. Desculpa não poder fazer nada por você."

"Não se preocupe, Miss. Tenho tudo o que preciso aqui."

"Não tem seus amigos." Pentious sente uma pontada em seu peito. Mas ele não poderia demonstrar essa tristeza para Emily, a coitada já tinha problemas demais.

"É temporário, não é? Poderei reencontrá-los em breve, além de que é capaz de alguns se redimirem. Terei companhia em breve."

"Verdade! Teremos novas almas angelicais logo."

Um guarda adentra o quarto, chamando pela serafim. Ela se despede da serpente e o segue. O oficial a deixa em um corredor sem proteção.

"Senhorita Serah a espera no salão oval." São as últimas palavras antes de sair.

Emily segue o extenso corredor. A área é desprotegida para evitar que conteúdos de reuniões importantes se espalhem entre os soldados. Ela não se lembra da vez que visitou essa parte do palácio, talvez nunca tenha visitado. Um fio de arrependimento por não ter se interessado antes nos assuntos Céu-Inferno pende em sua mente. 

Finalmente chega em frente à porta. Uma voz enfurecida ecoa.

"Isso é uma blasfêmia! Nunca poderíamos confiar nessa proposta ridícula!"

A anjo encosta sua orelha na porta para ouvir melhor. Não é todo dia que ela tem acesso a assuntos sigilosos.

"Pense, Serah, é irrecusável." 

"Ele tem razão. Se quisermos manter o equilíbrio, medidas heterodoxas são viáveis."

Silêncio. Alguém arrasta uma cadeira.

"Ou podemos matar todos e recomeçar."

Seu sangue gela. Matar todos? Os pecadores? Os demônios?

"Está maluco, Azrael? Jamais permitiriam! Sabe como isso se chama? Genocídio! Deveríamos ser os bonzinhos aqui."

"É uma ideia, Michael. Pare de ser tão apavorado."

"Você que enlouqueceu de vez!"

"Dramático." Uma briga se instaura. Alguns anjos tomam partido da ideia de Azrael e outros reafirmam o posicionamento de Michael.

"Talvez permitam." A voz de Serah corta a confusão. "Posso conversar com o superior."

Que? Serah está compactuando com essa pauta cruel?  

"Realizaremos uma votação." Não. "Quem estiver de acordo com o restauro do Inferno assine."

Era demais para Emily. 

As portas do salão se abrem e batem contra as paredes com força. 

A atenção dos celestiais cai sobre a pequena.

Killing me | RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora