Conjunto da obra

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O restante do meu dia passou rápido apesar de bem cheio. Depois que sai do quarto de Christopher, morrendo de vergonha diga-se de passagem, não consegui nem ver quem entrou gritando com ele daquela forma, tive uma cirurgia de emergência de uma apendicite supurada e alguns - muitos - atendimentos na emergência onde fiz encaminhamentos, suturas, consultas... Olho para o relógio e vejo que já são onze da noite.
O hospital já está mais vazio, alguns poucos pacientes internados na emergência, mas nenhum caso de extrema urgência. Decido ir para o repouso dos médicos, mas antes procuro Christian pelos corredores. Enquanto ando, mando uma mensagem para ele, o que me faz ficar desatenta por alguns segundos e de repente bato a cabeça no peito de alguém. Passando a mão pela testa e sem olhar quem é me desculpo.

- Nossa me desculpe eu estava distraída e...

Quando levanto a cabeça me dou conta que é Alfonso Herrera.

- Ah é você. Não olha por onde anda não? - digo séria.

Ele me encara arregalando um pouco os olhos como se estivesse surpreso

- Você bate em mim e eu que tenho culpa? Deveria prestar mais atenção dra Saviñon. - ele diz ironicamente.

- Quando eu olhei não tinha ninguém no corredor. Não tenho culpa se você resolveu aparecer igual um fantasma do nada. - cruzo os braços e o encaro.

Alfonso é mais alto e mais forte do que eu. Ele é um homem muito bonito. Seus olhos meio verde, seu cabelo sempre impecável, um sorriso de arrancar suspiros de qualquer uma e um porte atlético de dar inveja em miita gente, mas jamais me senti intimidada por isso. Ele é o maior galinha desse hospital e para piorar ele trata as mulheres como objeto, usa e depois descarta sem nem, ao menos, dar uma explicação ou uma ligação no dia seguinte. Fora que ele é extremamente arrogante, quando fiz residência na neuro queria enforcá-lo todos os dias.

- A senhorita anda muito estressada - ele diz com um sorriso presunçoso.

Vejo ele se aproximar ficando muito próximo do meu rosto. Ele coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e sussura em meu ouvido;

- Tenho certeza que consigo resolver seu problema. Você tem cara que é um incêndio na cama - ele beija meu pescoço logo embaixo de minha orelha.

Isso me causa um arrepio, mas de raiva. Respiro fundo para não dar um tapa em sua cara.

- Sou sim quente como fogo, que você jamais irá apagar - sussurro em seu ouvido e logo empurro ele para trás.

Ele solta uma risada pelo nariz maneando a cabeça.

- Quem muito desdenha é porque no fundo quer experimentar. - Afonso pisca para mim.

- O dia que eu decidir ceder as suas cantadas baratas - digo olhando dentro dos olhos dele - podem me internar na ala da psiquiatria - dou dois tapas leves na lateral do seu rosto e saio andando em passos pesados e apressados. Tenho que trabalhar muito meu alto controle com ele. Apesar de ser um gato, ele é extremamente irritante. A vontade de estapear a cara dele é maior que a vontade de sentar nele e sei que caras assim quando tomam um fora se sentem extremamente ofendidos.
Poucos passos a frente encontro Cristian.

- Oi Dul estava me procurando?

Dou um sorriso malicioso e penso rápido em uma forma de afastar Alfonso e ainda ferir seu ego. Passo meus braços pelo pescoço de Christian dando um beijo no canto de sua boca e sorrindo largamente. Ele me olha confuso, mas retribui meu abraço. Sei que com ele não preciso me preocupar com segundas intenções porque isso nunca existiu entre a gente, aliás tem muito tempo que não vejo meu amigo falar ou estar com alguma mulher e já senti uma tensão entre ele e Zyan, um interno do hospital, mas quando perguntei para ele, me disse que era coisa da minha cabeça então deixei para lá.
Olho por cima do ombro e vejo Herrera olhar com raiva e posso perceber ele fuzilando Christian com os olhos. Ele nunca gostou muito do meu amigo pelo fato de que ele se destacou na área de neurologia. Afonso sempre foi o melhor e não estava acostumado com a concorrência. Depois de um tempo abrançando e dando sorrisos bobos para Christian vejo Herrera sair em pisando fundo.

- Agora a senhorita pode me explicar que ceninha foi essa dra Saviñon? - Chris me pergunta cerrando os olhos - por acaso a senhora está pensando em ceder ao encantos do dr Herrera?

- Claro que não - digo com irritação e soltando meu amigo - ele é só um babaca que acha que todo mundo está ao seus pés. Só fiz isso para o afastar.

- Sei... Acho que Christopher despertou a Candy Fire que estava adormecida - ele começa rir.

Cruzo os braços e olho pro meu amigo cerrando os olhos.

- Você também tá afim de me irritar?

Ele me puxa para um abraço e beija o topo da minha cabeça.

- Não estressadinha - ele ri - Estava indo tirar um cochilo? Eu bem que queria, mas preciso continuar estudando o caso do meu paciente.

Vejo o cansaço no rosto do meu amigo e lhe faço um carinho passando a mão por seu ombro.

- Vou aproveitar que a emergência está tranquila e vou esticar a coluna o dia hoje foi... - as palavras morrem em minha boca ao lembrar que quase beijei Christopher se não fosse alguém entrar no quarto.

- O dia hoje foi o que Dul? - ele me encara confuso

- Foi corrido. - dou um sorriso sem mostrar os dentes.

- Está tudo bem? Algo me diz que você está escondendo alguma coisa... - ele cerra os olhos.

- É loucura sua. Só estou cansada mesmo. Vou para o quarto, se precisar de mim chama no pager. - jogo um beijo para meu amigo e saio andando em direção ao quarto de descanso.

Assim que deito na cama encaro o teto e vejo meu sono se esvair. Droga eu estava tão cansada que bocejei enquanto atendia uma paciente na emergência. Viro de um lado para o outro na cama tentando achar uma posição confortável. Quando decido virar de barriga para cima e olhar para o teto novamente a cena do meu quase beijo com Uckermann invade meu pensamento. Christopher é um homem muito bonito. Seus olhos com nuances de castanho o que deixa seu olhar intenso, sua boca perfeitamente desenhada e avermelhada, a barba por fazer que o deixa com cara de bad boy, seus cabelos macios e bagunçados que deixa o deixa jovem... O conjunto da obra que o torna tão bonito e irresistível.
Que droga eu estou fazendo? Nem o conheço direito. Balanço a cabeça tentando afastar meus pensamentos quando meu pager apita. Vejo que o chamado é para o quarto do Christopher. Sem pensar muito levanto depressa e vou até lá.

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Alguém apaixonada e nem sabe 😂

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