Eu morri?

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Sinto uma pressão em meu peito, me falta oxigênio nos pulmões e sinto que vou desmaiar. A última coisa que me lembro é de ouvir Christopher me chamar, agora parece que estou perdida em uma dimensão paralela. Quando abro os olhos vejo que estou em uma praia e eu não sabia onde era ou o que representava esse lugar, mas podia sentir a paz invadir meus poros ao respirar um ar tão puro que senti meu cérebro cem por cento oxigenado novamente. Olho para os lados e o lugar está completamente deserto e o único barulho que escuto são as ondas quebrando na areia. Me bate um leve desespero e sinto uma mão em meu ombro. Me sobressalto com o susto.

- Calma docinho sou eu

Essa voz! Podem-se passar anos que eu jamais vou esquecer a voz que me confortou durante tanto tempo da minha vida. Me viro já com os olhos marejados sabendo quem eu iria encontrar.

- Paco meu amor - lhe abraço apertado deixando que as lágrimas se derramem por meu rosto - eu senti tanto sua falta meu bem - afundo meu rosto em seu pescoço.

- Eu estou sempre com você docinho. Todas as vezes que você sente uma brisa de verão, sente cheiro de rosas, arrepios em momentos importantes da sua vida, sou eu mostrando que nunca sai do seu lado - ele beija minha cabeça.

Afasto meu rosto de seu pescoço observando cada detalhe de seu rosto. Ele parecia estar em sua melhor fase. Paco tinha um rosto másculo e ao mesmo tempo delicado. Seu sorriso era como os primeiros raios de sol que invadem a janela do quarto pela manhã. Seu cheiro era de brisa fresca de verão.

- Se eu estou aqui com você, significa que... - não consigo terminar a frase e um aperto invade meu peito.

- Não bobinha - ele sorri fraterno - você não morreu. Só está em um estágio de inconsciência - ele segura minha mão me levando até a areia - Você continua radiante docinho - ele se senta me puxando para baixo.

Me sento ao lado dele e miro o horizonte refletindo sobre o motivo de estar ali.

- Porque você voltou? - olho para ele - quer dizer eu tinha esses sonhos logo após sua partida, mas depois de um tempo entendi que era meu inconsiente tentando me reconfortar.

- Não está feliz em me ver Docinho? - ele ri divertido e esse som soa como música para meus ouvidos - se estou aqui é porque você me chamou - ele vira de frente para mim.

- Claro que estou feliz. Não tem um dia que eu não sinta sua falta - passo minha mão por seu rosto - só quero entender o motivo pelo qual minha consciência te chamou.

- Isso só você pode responder - ele olha dentro dos meus olhos - Docinho eu sei que para você foi muito difícil me ver partir, mas saiba que você foi a melhor parte da minha vida e eu só sofri as consequências das minhas escolhas - ele limpa meu rosto que a essa altura já estava tomado por lágrimas.

- Mas não é justo que você tenha partido dessa maneira. Eu não deveria ter concordado com nada daquilo - seguro sua mão por cima do meu rosto - você não pode ser quem era de verdade, não pode ser cem por cento feliz e eu me sinto uma egoísta por ter concordado com isso.

- Docinho eu sempre fui feliz ao seu lado. Aliás eu não me lembro de ter sido tão feliz antes de te encontrar. Você era minha melhor amiga, meu amor de alma - ele coloca uma mecha do meu cabelo para trás - você foi a minha âncora quando todos pularam do barco. Não se culpe por minhas escolhas de vida, eu quero que você viva. Viva feliz, se permita viver coisas que não se permitiu enquanto estávamos juntos e após minha partida. Seja livre Dul - ele sorri.

Eu entendi sobre o que Paco estava falando. Depois que ele se foi eu parei de viver e comecei a sobreviver. Me afundei em plantões no hospital, vivia para o meu trabalho. Parei de me divertir com meus amigos, me afastei de todos e só permitia que Anahi e Christian me visse em meu estado mais vulnerável. Desde que eu saí da casa dos meus pais, eu demorei a me reconstruir, e quando conheci Paco parecia que o quebra cabeça ficou completo. Foi amor a primeira vista. Simplesmente contei sobre todo meu passado no Maine com meus pais, contei sobre minha gêmea do mal e sobre como minha vida era um inferno isso tudo na primeira noite que nos conhecemos enquanto eu trabalhava no bar da Privacity. Em nenhum momento questionei ou tive receio de falar tão abertamente sobre meu passado infernal.
Ele também me confidenciou que tinha uma família muito religiosa e preconceituosa por isso ele decidiu ir para Boston morar sozinho, para que ele pudesse ser livre.

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