Capítulo 4 Descobertas Assombrosas

7 3 1
                                    


John abriu os olhos ao ouvir o som do gerador de energia e do sistema de ar do abrigo ligando-se. Um estalo forte seguido de um ruído baixo e profundo ecoou pelo local, as luzes do abrigo se acenderam, revelando que o lugar não era tão amplo quanto ele havia imaginado.

Cautelosamente, John colocou a esfera brilhante de volta na caixa, e a luz dela retornou à sua cor original. Ele fechou a caixa e começou a investigar o abrigo com mais detalhes e deparou-se com uma sala que o surpreendeu. Era uma oficina integrada a um laboratório. Tudo ali era antigo, empoeirado e sujo, como se o tempo tivesse congelado cada objeto no lugar onde fora deixado, sem vestígios de lutas ou acidentes.

Aproximando-se da grande mesa de metal, John notou um livro volumoso com páginas finas e letras minúsculas. Sua capa era de couro escuro, e as páginas continham várias anotações, com parágrafos grifados e pequenas notas coladas nas margens. Ao lado, uma caderneta aberta com desenhos e explicações, com uma caderneta deixada ao seu lado, mostrando que o dono não havia concluído seu trabalho.

John observou a caderneta com atenção, virando páginas com cuidado até deparar-se com a palavra "Nexu", acompanhada por vários riscos sublinhando-a. Ele pegou o livro e passou os olhos pelas palavras que lhe chamavam a atenção.

— O que é Nexu? E esse Aeon...? — Sussurrou para si enquanto folheava as páginas. — Já ouvi isso antes. Vamos, mente, não me decepcione.

Parou em uma página que explicava sobre o "orbi de luz", primeiro um longo texto descritivo e, em seguida, uma nota que o intrigou:

"Acredito que caiu do céu junto com a chuva de meteoros, de certo tinha um destino, porém não chegou aonde deveria e veio parar em minhas mãos. Escondo isso de minha família, amo a todos eles, mas não confio e tenho medo de que tirem de mim antes que eu descubra do que se trata."

John continuou a ler algumas páginas adicionais:

"Ela falou comigo, a luz em seu interior ficou mais intensa e mudou de cor. Isso me assustou. Parecia conhecer meus pensamentos mais sombrios. Não sei se conseguirei lidar com isso. Vou enterrá-la e deixar que o destino cuide em colocar nas mãos de outra pessoa."

— Pelo visto, ele a manteve. — John concluiu enquanto virava mais algumas páginas.

"Pediu-me para encontrar o livro proibido, pensei que não existissem mais exemplares dele. Questionei se havia algum padtec com as mesmas informações, mas ela negou, afirmando que, se existissem, seriam falsos e distorcidos. Ela me disse que era imprescindível encontrar esse tal livro. Fui investigar, mas meu medo me fez recuar; sou um covarde. Esse pedido me atormentou por meses, até que, durante uma visita ao professor Charles Smith para uma pesquisa astrológica, ele me revelou que seu verdadeiro nome era Samuel Brincs. Ele se esconde porque faz parte de um grupo de seguidores de Aeon..."

— Isso! É isso! — John lembrou-se com entusiasmo. — Os Filhos de Aeon são os desaparecidos, e os que sobreviveram foram dizimados em uma tragédia terrível. — Ele apertou os olhos, esforçando-se para recordar mais detalhes. — Falar sobre eles ou sobre Nexus foi proibido. E todos os livros...

Olhou para o grande livro aberto e notou a capa, onde estava escrito em letras douradas: "Livro de Nexus". John sentiu um medo que superou até mesmo o temor de ser perseguido pela FoAl. Suas pernas fraquejaram, e ele se sentou no chão, atônito.

O Livro de Nexus, que era proibido até mesmo mencionar, estava ali, diante dele. Havia muitos mitos que seus avós contavam a respeito, como o livro que matava instantaneamente qualquer pessoa que o lesse, diluindo seus cérebros, ou lançando uma maldição tão horrenda que afetaria não apenas o leitor, mas também suas futuras gerações.

John finalmente recobrou seus sentidos e se levantou, com um medo que superou até mesmo o do tesouro de seu armário. Ele esticou as costas, e surpreendentemente, suas articulações não estalaram ou doeram. Piscou várias vezes e esticou os braços para garantir que estava vivo. Não sentiu dor em seu corpo humano, apenas um breve mal-estar e náusea decorrentes de suas descobertas.

Voltou ao livro, abrindo-o no mesmo ponto onde seu antigo dono havia parado, uma página suja que ele cuidadosamente limpou, revelando o texto. Começou a ler as notas e explicações nos versos enigmáticos.

— Não, não, não... Não entendo. Como não entendo? — Passou a ler as notas e se deu conta que eram explicações dos versos enigmáticos. — ... ah, ok. Está contando de um lugar. — Passava o dedo sobre a nota e tentava decifrar o que estava escrito, muitas letras foram ocultadas por causa da sujeira. — "Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz".

Ele endireitou as costas, estalou a língua nos dentes, sem entender aquelas palavras. Pegou a caderneta, colocando-a no bolso interno de sua jaqueta, ao lado da esfera de luz que envolveu num tecido grosso que encontrou. Pegou alguns sachês de alimentos e colocou no outro bolso. Com a mente cheia de incertezas, John decidiu não levar o Livro de Nexus, pelo menos por enquanto. Antes, precisava encontrar um comprador confiável para os objetos valiosos que havia descoberto.

Ao sair, murmurou olhando para o armário que foi fechado:

— Vocês me aguardem, voltarei para levar todos comigo. Primeiro, preciso encontrar um comprador que não faça perguntas.

John fechou a porta do abrigo com algum esforço e se encaminhou de volta pelo labirinto subterrâneo em direção à sua casa, carregando consigo novas descobertas e um peso crescente de responsabilidade sobre seus ombros.

Um Milagre no Vale do Silêncio - Conto CyberpunkOnde histórias criam vida. Descubra agora