— Amados do Vale do Silêncio, ouçam-me agora! Quem dentre vocês deseja ter suas vidas restauradas pelo poder de Aeon? — John indagou, sua voz ecoando com uma ressonância divina.
Um silêncio solene pairou no vale por um breve momento antes que uma onda de respostas afirmativas se erguesse das almas presentes.
— Sim, eu desejo! — ressoou uma voz.
— Também eu! — ecoou outra.
— E eu! — afirmou uma terceira.
Sem exceção, cada ouvinte do vale expressou seu desejo de ser tocado pela graça de Aeon.
— Que assim seja. Que Aeon restaure e renove cada vida aqui presente. — John proclamou, fechando os olhos em uma oração fervorosa.
Aeon, em sua benevolência divina, respondeu ao apelo de John. Então, instruiu John a colocar a esfera no chão e se afastar e ele obedeceu. Ao tomar distância, algo extraordinário começou a acontecer. Uma aura de luz irradiou da esfera, e, no espaço ao seu redor, algo começou a brotar do chão. Era um pequeno broto que crescia rapidamente, estendendo seus galhos e folhas em uma dança. Em questão de segundos, o broto se transformou em um majestoso carvalho, seus ramos se estendendo para os céus.
O carvalho crescia a uma velocidade sobrenatural, suas raízes abraçando o solo do vale. O tronco robusto e as folhas exuberantes se desdobravam diante dos olhos admirados dos habitantes do vale. A esfera, agora protegida pela copa majestosa, tornou-se o coração pulsante do bolotal.
As pessoas, testemunhando o milagre diante delas, começaram a cantar e dançar em agradecimento. Palmas exaltantes reverberavam pelo vale, ecoando a alegria renovada que fluía de cada coração e uma canção, outrora esquecida pelo tempo, foi entoada harmonicamente, esquentando cada coração.
— Aeon, guia divino, aceitamos tua graça e agradecemos por esta vida renovada! — exclamou John, a voz carregada de gratidão.
Aeon, em resposta, ecoou suas palavras com um suave sussurro nos ventos. O carvalho, agora uma manifestação da presença divina, permanecia como testemunha da transformação que havia ocorrido naquele dia.
Anoiteceu, uma estrela diferente brilhou no céu e lembrou o vale que estava numa nova fase. A alegria contagiante espalhou-se naquele lugar à medida que as pessoas se reuniam para celebrar o milagre que transformara suas vidas. O vale agora brilhava com uma luz que transcendia a simples iluminação do sol. Decorado com uma tapeçaria de luzes cintilantes, se assemelhava a uma noite estrelada, um reflexo do resplendor divino que agora o preenchia.
As casas foram enfeitadas com guirlandas e lanternas, exibindo uma cena de festividade que há muito tempo havia sido esquecida. Mesas fartas de comida que fora levado por Aeon e se estendiam pelas ruas, repletas de iguarias que faziam os olhos brilharem e as barrigas roncarem de felicidade. Risos, cantos e melodias animadas ressoavam pelos becos do vale, criando uma atmosfera de pura alegria.
A música se erguia como uma sinfonia, uma mistura de canções tradicionais e novas melodias compostas para celebrar a renovação. As pessoas dançavam ao som das músicas, perdendo-se na alegria de um presente tão inesperado. Os pequenos do vale brincavam, seus risos inocentes acrescentando uma nota especial à harmonia da festividade.
Árvores enfeitadas com luzes e a troca de presentes tornou-se um momento especial, refletindo a união renovada da comunidade. Embalados em papéis coloridos, os presentes eram trocados com sorrisos e abraços afetuosos. Eles não eram apenas lembranças físicas, mas símbolos tangíveis da nova vida que havia sido concedida ao vale.
Nesse clima de celebração, John caminhou pelas ruas, testemunhando a felicidade que permeava cada canto do vale. Seu coração transbordava de gratidão ao perceber como sua jornada havia moldado o destino daqueles que agora sorriam ao seu redor.
Enquanto a festa daquela noite alcançava seu ápice, John sentiu uma presença familiar. Aeon apareceu diante dele:
— John, teus amigos não estão mortos. Aqueles que recebem Aeon têm vida eterna, e, no devido tempo, te encontrarás com eles novamente. A renovação que trouxeste a este vale é um testemunho da esperança eterna que ofereço — falou Aeon, suas palavras carregadas de consolo e promessa. — Ainda, renomeio esse lugar porque aqui não há mais o silêncio. Aqui iniciará o meu reino. Será protegido e todo aquele que acreditar, poderá possuir o poder que sentiu e dominará sobre toda a sombra.
John, emocionado, assentiu, aceitando as palavras de Aeon como uma promessa divina. Enquanto a festa continuava ao seu redor, ele sorriu, sabendo que o vale agora era um lar repleto de luz, esperança e amor.
O Vale do Silêncio, outrora esquecido e aprisionado nas sombras, floresceu sob a bênção de Aeon. A esfera, agora abrigada no coração do carvalho majestoso, permanecia como um lembrete eterno da renovação que o poder divino poderia trazer. E assim, a festa prosseguiu até as primeiras luzes da manhã, marcando o início de uma era onde o silêncio fora substituído pela melodia da vida eterna.
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Um Milagre no Vale do Silêncio - Conto Cyberpunk
Science FictionJohn é um homem solitário, com seus 48 anos, foi descartado depois de cumprir com suas funções. Num mundo onde o humano foi subjugado por uma máquina poderosa, ele se esconde entre os becos auxiliando clandestinamente na restauração de peças mecânic...