CENA EXCLUÍDA SC #03 | Karaokê

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Esta cena foi excluída do capítulo 28 de Segundo Clichê

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Esta cena foi excluída do capítulo 28 de Segundo Clichê

B E L L A

O palco se iluminou de repente. Meus olhos se voltaram para lá por instinto, e foi quando eu finalmente a vi.

Lia segurou o microfone de maneira hesitante. Atrás dela, uma melodia de piano começou a tocar lentamente e o projetor mostrou que o nome da música era Te Regalo.

Ela ergueu os olhos direto para os meus e ali eu enxerguei uma vulnerabilidade que tinha visto poucas vezes.

Ela olha para você do mesmo jeito que olha para as estrelas.

Eu sabia que ela estava um pouco alterada por conta da bebida e que eu não deveria levar nada daquilo a sério. Mesmo assim, quando ela começou a cantar, sua voz veio firme.

Eram versos em espanhol que eu não entendia, mas sentia.

Eu senti.

Seu tom de voz era forte como quando ela falava, mas calmo ao mesmo tempo. Ela não tremeu nem mesmo por um segundo. Cantou como se estivesse recitando um poema, como se sentisse tudo aquilo de verdade.

Lia encarou o meu rosto e sorriu. Não olhava para a letra, mas sabia cada vocábulo dela. A voz se abriu no refrão, vindo direto do peito, e de repente irradiou pelo salão inteiro. Não havia mais caos, não havia mais nada.

Éramos apenas eu e ela.

A minha garganta se fechou um pouco. A voz não se alterou, no entanto. Permaneceu como a dona dela. Sólida e invencível apesar dos olhos cheios de lágrimas, da fragilidade, das cicatrizes que existiam em seu coração. Apesar de seus sentimentos por mim.

Ela me deixaria ir embora.

Eu jamais iria.

A música morreu lentamente. Lia secou os olhos e fingiu fazer um agradecimento, então desceu do palco e desapareceu como um sonho.

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