01. Imprevistos Na Estrada.

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Celine' s point of view.

Era mais um daqueles dias chuvosos, onde as nuvens cinzentas pairavam no céu como cobertores de tristeza, ameaçando despejar sua melancolia sobre a cidade. O tipo de dia em que a única vontade é se enroscar debaixo das cobertas com um chocolate quente em mãos e se perder em uma série reconfortante na TV. Mas, como sempre, o destino tinha outros planos para mim.

― Celine, rápido. Você vai se atrasar. Precisa levar o seu irmão na escola. - A voz da minha mãe ecoou pela casa, rompendo a tranquilidade que eu havia conseguido desfrutar por alguns preciosos momentos. Suspirei, resignada com a interrupção, lamentando o fim dos meus breves momentos de conforto enquanto me separava relutantemente da minha cama macia.

― Eu já estou indo, mamãe. Só vou colocar um casaco e já desço. - Minha resposta mal havia escapado quando ouvi minha mãe gritando novamente do andar de baixo, lembrando-me que meu irmão já estava esperando por mim no carro. Me levantei da cama, esticando meu corpo para afastar a sonolência, e me enfiei no casaco que parecia dobrar o meu tamanho. Peguei as chaves do carro no criado-mudo e desci as escadas para me encontrar com Ben.

Ao entrar no automóvel, me deparei com meu irmãozinho já acomodado em sua cadeira de segurança, as pernas balançando com a empolgação típica de uma criança prestes a começar o primeiro dia de aula.

― Eu tô muito ansioso para encontrar meus novos amiguinhos. Acha que vão gostar de mim, Line? Minha mamãe me deixou trazer a minha capa de super-herói, ela disse que vai me dar sorte. - Ele tagarelava animadamente, agitado pela perspectiva de novas amizades.
Tudo que consegui fazer foi soltar uma risadinha e balançar a cabeça em concordância.

― É óbvio que vão gostar de você, meu lindinho. Você é incrível e vai fazer sucesso com a sua capa! Tenho certeza que todos irão gostar de você. - Tentei encorajá-lo, ligando o carro e ajustando o cinto em meu corpo.

A tarde seguia seu curso, com o tráfego um pouco mais intenso do que o habitual, mas nada que nos impedisse de chegar com muito atraso. Para mim, dias chuvosos sempre eram os mais sombrios e cansativos. Eu só queria me enterrar debaixo das cobertas com um bom livro ou dormir até a tempestade passar. Quem não gostaria, não é? Coloquei 'Cardigan - Taylor Swift' para tocar no carro, esperando que a música suave aliviasse um pouco o peso da tarde monótona.

Ao chegarmos à escola, estacionei o carro e ajudei Ben a sair. Antes de deixá-lo partir, o abracei com força e depositei um beijo carinhoso em sua testa.

― Se divirta na sua escola, Ben. Eu te amo! - Olhei para ele com um sorriso radiante nos lábios, orgulhosa por vê-lo tão crescido. Ele retribuiu o gesto e disse que também me amava antes de correr para se juntar aos seus amigos. E assim, eu me despedi, partindo para aproveitar as últimas horas do dia ao som da minha playlist, enquanto a chuva continuava a cair lá fora.

Enquanto dirigia pela rua molhada, tentando me concentrar na música suave que ecoava no carro, avistei algo inusitado à beira da estrada. Uma figura solitária, envolta em um manto escuro, caminhava com passos lentos pela calçada, parecendo deslocada naquela noite chuvosa.
Curiosa e um pouco preocupada, diminuí a velocidade do carro e me aproximei da pessoa, observando-a com atenção. A figura parecia desorientada, como se estivesse perdida ou precisando de ajuda.
Sem hesitar, decidi parar o carro e descer para oferecer assistência. Enquanto me aproximava dela, pude ver que se tratava de uma mulher mais velha, com um semblante fechado, com um olhar vago e distante.

Corrida Contra o Destino.  - Vincent Torrance. Onde histórias criam vida. Descubra agora