8. Carta.

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CELINE ' s point of view.

Todos esses dias que Megan esteve em minha casa, eu a escondi, seja dentro do closet ou debaixo da cama. Os dias foram turbulentos e complicados, mas acabamos nos tornando boas amigas. O desafio maior era lidar com minha mãe.

Fazia dois meses desde que a garota chegou em minha casa, mas o problema com os motoqueiros ainda não estava resolvido. Eu continuava mantendo-a escondida, longe dos olhos de minha mãe. Minha sorte foi que minha mãe decidiu visitar minha avó na Itália, levando meu irmão Ben junto. Isso significava que nos próximos cinco meses, seria apenas eu e Megan em casa.

A persistência das ligações e mensagens de um número desconhecido deixava claro que estávamos sendo observadas, monitoradas de perto por alguém cujas intenções permaneciam obscuras. A sensação de ser constantemente vigiada adicionava uma camada adicional de medo e incerteza a uma situação já tensa.

Enquanto tentávamos manter a calma e continuar com nossas atividades diárias, a presença ameaçadora dessas mensagens pendentes pairava sobre nós como uma nuvem escura, pronta para desencadear uma tempestade a qualquer momento. Eu me preocupava não apenas com minha segurança, mas também com a de Megan, sabendo que estávamos ambas vulneráveis ​​às ameaças desconhecidas que nos cercavam.
Cada toque do telefone ou notificação de mensagem nos deixava tensas, nos fazendo questionar quem poderia estar do outro lado da linha e quais eram suas verdadeiras intenções. O mistério por trás dessas comunicações não respondidas apenas intensificava nossa sensação de paranoia e nos deixava ainda mais desconfiadas do mundo ao nosso redor.

...

Estávamos no shopping, aproveitando um tempo juntas e mergulhadas em uma maratona de compras. A sensação de ter uma companhia para esses momentos era incrível, e as sacolas se acumulavam ao nosso redor enquanto explorávamos as lojas.

Desde aquele encontro de motos, notei uma mudança significativa na Bianca. Ela conheceu o Caleb e desde então parece estar sempre perto dele, como se fossem inseparáveis. Às vezes, até parecem um casal, embora não assumam nada oficialmente. Apesar de sentir falta da nossa conexão de antes, se isso a faz feliz, estou disposta a apoiá-la, mesmo que isso signifique ficar um pouco de lado. Megan era uma companheira incrível, sempre nos entendíamos muito bem.

— Uau, Megan! Você sempre escolhe os melhores lugares para fazer compras. Eu estou adorando passar esse tempo com você. - Disse observando o salto vermelho que havia comprado. Megan tinha um ótimo gosto.

Megan sorriu, seus olhos brilhando de felicidade.
— Fico feliz que esteja gostando, Line! Você sabe, no momento que chegou na minha vida tudo melhorou.

— É péssimo termos nos conhecido só por agora, em um momento tão turbulento da sua vida. - Me aproximei da garota e mesmo com todas as sacolas ocupando meus braços, tentei a abraçar.

— É verdade. Pelo menos foi a única forma que teve para nos conhecermos. - Megan deu uma risadinha baixa e eu retribui com uma gargalhada.

À medida que o dia avançava, nossas sacolas ficavam cada vez mais cheias, e nossas risadas ecoavam pelos corredores do shopping.

— Puta merda! Eu esqueci o meu celular em cima da bancada da última loja que fomos. - Megan deu um escândalo no meio do corredor o que me fez assustar, mas com tranquilidade resolvi o seu problema.

— Que chato ter esquecido o celular na loja. Ta tudo bem. Fica por aí e eu pego pra você, tá bom? Relaxa. Senta aí e eu já volto. - Me aproximei de uns bancos que estavam por perto e coloquei todas as minhas sacolas aí, meus braços estavam vermelhos com a marca da sacola. Sai correndo pelo corredor indo em direção a loja do andar de cima. Megan se sentou e ficou me esperando.

Apressei-me de volta à loja onde havíamos estado momentos antes, vasculhando freneticamente os provadores em busca do celular esquecido. Quando finalmente o encontrei, a sensação de alívio tomou conta do meu corpo. Com isso, fiz até uma dancinha estranha de alegria.
Ao alcançar o aparelho, porém, algo deslizou sorrateiramente de seu interior e caiu ao chão com um leve suspiro. Curiosa, abaixei-me para investigar e deparei-me com um bilhete branco, algo de errado. Com um sentimento de intriga crescente, delicadamente desdobrei o papel para decifrar a mensagem. O bilhete continha uma única frase, escrita de forma enigmática: "Estou observando você, Celine. Tome cuidado." Um calafrio percorreu minha espinha ao ler aquelas palavras sinistras. Quem poderia estar me observando? E por quê? O que isso significava? Como ele sabia que eu quem voltaria ali?

Fiquei cheia de por quês na minha cabeça. Com instinto rápido olhei para todos os lados mas não havia ninguém me olhando, apenas eu e milhares de espelhos refletindo para mim. Guardei esse papel no bolso da minha calça e peguei o celular de Megan. Até chegar na mulher olhei para todos os lados possíveis para ver se tinha alguém me observando, mas não consegui reparar em absolutamente ninguém. Será que era apenas uma brincadeira de mal gosto? Ou havia algo a mais?

Tudo tinha se tornado um grande mistério para mim e não sabia como impedir aquilo.

Corri para perto de Megan e a abracei, sem dizer uma palavra. Precisava do conforto de sua presença naquele momento angustiante.

Sentia um medo crescente tomando conta de mim, uma sensação de vulnerabilidade diante do desconhecido. O que aconteceria a seguir? O que eu havia feito da minha vida para chegar a esse ponto? Esses pensamentos assombravam meus sonhos, deixando-me inquieta.

Eu sempre me considerei uma pessoa certinha, seguindo as regras e mantendo tudo sob controle. Mas agora, diante das circunstâncias inesperadas, sentia-me perdida e indefesa. Tudo o que eu queria era segurança, um porto seguro em meio à tempestade que se aproximava.

Megan me olhou nos olhos, preocupação refletida em seu olhar gentil. — Celine, o que está acontecendo? Você está tremendo.

Suspirei, sentindo as lágrimas ameaçando escapar. — Eu não sei, Megan. Só sei que algo terrível está acontecendo e tenho medo de que isso nos atinja.

Megan me abraçou mais forte, como se pudesse me proteger de todos os males do mundo. — Estaremos juntas nisso, Celine. Não importa o que aconteça, estou aqui para você.

O seu abraço me trouxe paz naquele momento tão doloroso, eu estava com tanto medo...Aquela carta. Aquela escrita. Quem seria esse desconhecido? O que ele queria comigo?

Corrida Contra o Destino.  - Vincent Torrance. Onde histórias criam vida. Descubra agora