Dancing in the dark (abo)

CAPÍTULO 11- STRONG

21 de Abril de 2022

Manchester - Londres

Eu já estava mais calmo, mas podia deixar de pensar em Isaac e tão pouco em Harvey. Como uma pessoa podia ser tão fudido? Eu nunca fui amado de verdade, nunca fui valorizado e tão pouco cuidado. Ver Louis fazendo isso por mim é tão estranho e assustador. Me pergunto porque ele tem feito tudo isso por mim e eu tenho medo de me apegar demais e no fim tudo acabar... Tenho medo de perder o que pode facilmente escapar das minhas mãos como poeira, tenho medo de me apaixonar e eu fuder com tudo.

Como lidar com meus medos e traumas?

Eu não faço ideia! Mas eu já perdi as esperanças de lutar contra isso tudo.

Me olho pela segunda vez no espelho e jogo os cabelos longos para trás. Já troquei de roupa várias vezes e ainda não tenho certeza se estou bem vestido. Eu não quero parecer arrumado demais para ele não perceber que passei horas me arrumando, mas também não quero ir desajeitado demais para não parecer desinteressado demais.

— Porra, Harry! Você já trocou de roupa um bilhão de vezes — Niall entra no quarto com Cecilie no colo. Ele está brincando com ela enquanto ela come os morangos que coloquei no pratinho.

— Já falei pra você não sacudir minha filha desse jeito enquanto ela come.

Niall bufa e revira os olhos. Não me importo se ele se irrita com essa situação. Ele tem que entender que minha filha não é um elástico que pode ser puxado para todos os lados.

— Pelo amor de Deus! Olha só? Eu sou o melhor dindo, né meu amor? — Ele balança Cecilie nos braços enquanto eu dou mais uma ajeitada nos meus fios cacheados. O look é calça jeans skinny preta, camisa azul de botões e botas pretas. Coloquei anéis em praticamente todos os dedos, um relógio simples e um colar de cruz que tenho há um tempo já.

— Já estou começando a me arrepender de ter chamado você para cuidar da minha filha. Se você não parar de sacudir ela desse jeito eu vou ligar pra minha mãe ficar com ela — bufo em frustração e pego minha carteira na mesa de cabeceira. Estou nervoso e com medo do nosso jantar ser um fracasso e Louis perceber que não tenho nada de interessante. Não estou preparado para me envolver agora, mas também não estou preparado para novamente ser despachado como se não fosse nada. Ambas situações me assustam, mas eu preciso enfrentar tudo isso.

— Você é um papai tão chato!

— Mama... — Cecilie bate as mãozinhas uma na outra e eu rio.

Rio e vou até minha pequena ao enfiar a carteira no bolso. Ainda me derreto toda vez que ela me chama de mamãe.

— Mamãe, meu amor... — a pego no colo.

— Ma-mãe? — ela testa a palavra nos lábios e eu me derreto.

— Você viu, Niall? — Rio — É a primeira vez que ela fala direitinho — sinto meus olhos marejarem. Se tem uma coisa que eu não me arrependo nessa vida é de ter gerado esse serzinho que ilumina meus dias a todo momento.

— Claro. Agora fala dindo, meu amor? — Niall se próxima.

— Mama... Papa — ela dá pulinhos no meu colo batendo as mãozinhas e eu rio beijando sua testa. Fungo e decido que não vou chorar. Eu sou tão emotivo. Choro por tudo! Só falta Louis chegar e me ver chorando porque eu ouvi minha filha me chamando de mamãe.

— Traidora — Niall faz cócegas na barriguinha dela, fazendo com que ela desse risadinhas fofas — O Louis vai chegar que horas?

— A qualquer momento, acredito — Fazia carinho nos cachinhos de Cecilie, são tão macios!