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Ashley acordou aos poucos, seu corpo doía e tinha um gosto agridoce em sua boca. Ela se apoiou nos cotovelos, olhando pra sua perna. Sua calça estava cortada até o joelho, sua perna enfaixada.

— a bela adormecida finalmente acordou.

Ela olhou pra porta e viu Luke entrando com um copo na mão.

— achei que ia precisar te beijar. — provocou e ela revirou os olhos.

— sem consentimento? Que feio Lukinho.

Ele gemeu ao escutar o apelido, deixando o copo na mesa de cabeceira e a ajudando a sentar.

— é óbvio que você é apaixonada por mim, então não seria grande coisa. — voltou a piada e ela riu.

— apaixonada por você? Ah Lukinho, se a Clarisse te ouve.

— meu Deus, você é insuportável. — ele riu e ela o acompanhou.

Ele a entregou o copo com o canudo e ela encarou o líquido.

— o que que é isso? — perguntou confusa.

— néctar.

Ela o olhou.

— eu deveria saber o que é isso?

— é a bebida dos deuses, tem propriedades curativas. — explicou e ela concordou.

— tem gosto do que?

— só bebe. — ele riu e ela suspirou.

Ela colocou o canudo na boca e puxou o líquido, franzindo o cenho ao sentir o gosto agridoce de novo.

— esquisito.

— tem gosto de que? — perguntou curioso.

— pizza havaiana. — ela bebeu mais do líquido, confusa. — como isso tem gosto de pizza havaiana e não é completamente horrível?

Luke riu, guardando na memória que a comida favorita dela era pizza havaiana.

— tem o gosto da comida favorita de quem a toma. — ele explicou e ela concordou, bebendo rapidamente o resto da bebida.

— agora me deu saudade da pizzaria da esquina de casa. — ela murmurou e ele sorriu.

— deve ser legal ter uma pizzaria perto de casa.

— é sim, o balconista nem perguntava mais que sabor eu queria, eu só pedia a havaiana. — sorriu nostálgica e ele apreciou isso, mas logo o sorriso dela desapareceu. — ele deve ter falecido já...

— como assim? Ele era de idade?

Ashley o olhou. Luke não sabia que cronologicamente ela tinha 76 anos. Naquele momento a ficha de Ashley caiu. Todos os seus colegas e amigos de escola agora eram idosos, alguns provavelmente já falecidos. Suas professoras, a família de sua mãe.

— Ash? — Luke tirou o copo da mão dela, o deixando na mesa de cabeceira e tocando sua mão. — o que foi?

— nada, eu só... Não foi nada. — ela evitou o olhar dele, tentando conter a súbita tristeza que a tomou.

Tudo que ela conhecia não existia mais, tudo ficou nos anos 47.

— ei. — ele tocou o cabelo dela, o afastando de seu rosto e a fazendo virar pra ele. — pode falar comigo.

Não, ela não podia. Seu pai deixou escrito claramente que ela não deveria falar sobre aquilo, sobre eles.

— tem partes de mim que você não pode saber ainda, Luke. — ela sussurrou e ele a olhou confuso. — sinto muito...

ASHES, Luke Castellan - PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora