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De qualquer forma, aquela situação toda era estranha.

Após uma pequeno pedido de desculpas da parte de Hael pela "insolência" de um dos seus paladinos, retornei à minha carruagem.

Eu acredito que ambos tenham bastante intimidade para se atacarem de uma forma que não pareça apenas agressiva, e sim como grandes amigos se tratariam. Esses meus pensamentos são um erro, tentar entendê-los após conviver entre pessoas frias e sem coração, eu simplesmente não conseguia.

Aqueles bastardos não só me afetaram fisicamente, mas agora estava sem nenhum trejeito social.

Comecei a referir à mim esses sentimentos, vindo dos traumas da antiga Renese. Não há motivo algum para dizer que esses sentimentos não são meus agora, já que estou nesse corpo e passando por toda essa situação, mereço pelo menos validar minhas emoções.

Estou sem palavras. Ceci está em silêncio, sentada em minha frente enquanto usa a linha de lã para tricotar um charmoso enfeite de mesa. Ela está concentrada em fazê-lo bem feito, e seu rosto parece mais fofo do que o normal.

Seu incrível empenho em fazer tudo perfeito desde que saímos de Hillsville me parecia uma nova oportunidade de uma vida melhor. Ceci já havia chegado à maioridade e suas condições de vida não eram boas. Suas decisões eram somente que restos do castelo ela comeria e quais dos penteados das revistas de moda ela inventaria de fazer em meus cabelos.

Mesmo não falando em voz alta, Ceci enxergava aquilo como uma novo momento, uma nova fase, e eu queria viver isto com ela.

Seus traços no tricor não eram perfeitos, mas tinham o seu toque único que os deixava ainda mais charmosos do que seria do jeito normal.

Sorri, me reencostando no sofá da carruagem, que tremia como o inferno. Depois de alguns dias com minha bunda tremendo sem parar, já estava acostumada com a sensação desconfortável.

*

— Senhorita! – Tudo está escuro. Meus olhos estão fechados em um sono incrivelmente bom e pelo menos uma vez na vida, eu havia dormido de verdade e ironicamente, não era em um Palácio gigante e em uma cama gigante, e sim em um sofá macio que cabia apenas a metade das minhas pernas. Senti uma mão me chacoalhar, me tremendo de um lado para o outro até que eu murmurasse xingamentos para aquele monstro terrível destruidor de sonhos!

Ah, era Ceci.

— Senhorita! – Ela me chacoalhou mais uma vez, o que me vez abrir os olhos ainda mais. Me apoiei no sofá, lutando para levantar enquanto os chamados abafados de Ceci ecoavam pela carruagem.

— Meu Deus, Ceci. Alguém morreu aqui? – Murmuro, minha voz estava enrolada. Minha língua havia pegado perpétua.

— Olha! – Ceci sorriu antes de esticar seus joelhos de volta para ficar em pé e se apressar para a janela. Forcei meus olhos a enxergarem através daquela brilho que parecia querer me cegar, mas aos poucos, as peças foram se juntando e um esboço de casas estavam se formando.

Casas? Casas! Me levanto tão rapidamente que os tecidos do meu vestido haviam se enrolado. Meus olhos não acreditaram no que eu estava vendo. Depois de alguns milhares de anos viajando pela estrada de terra, vendo somente folhas, Ceci e homens fortes do tamanho de uma geladeira, havia pessoas de verdade!

Uau, aquela mulher segurando um bebê, aquele homem acenando para nós...

— Estão nos assistindo? – Pergunto quando percebo seus olhos direcionados para a carruagem, não sei exatamente se suas atenções estavam viradas nos homens em seus cavalos ou nesta caixa enorme luxuosa.

Ceci assente com a cabeça.

— Não sabe, senhorita? Todos sabem quem você é! – Ela diz, voltando seu sorriso caloroso para as pessoas de fora. Fiquei encarando aquelas pessoas por um tempo antes de voltar a me sentar em meu lugar.

Eles me conhecem? É o pior cenário possível. Emirate deve odiar as tradições do meu reino Natal. Eles são mais "naturalistas" enquanto Hillsville se resume em xícaras chiques, em casamentos frios e sem amor, dinheiro, fofocas e coisas mais superficiais.

Então, aparentemente, aquelas pessoas devem me enxergar como a princesa superficial com xícaras chiques que está a caminho de um casamento frio e sem amor.

Me encolho em minha própria bolha, diminuindo mentalmente minha existência naquela carruagem. Ceci me olha com uma expressão confusa, vi suas sobrancelhas se inclinarem para um lado interrogativo, e eu mordisquei meu lábio, sem saber o que dizer exatamente.

Eu poderia apenas explicar que é a ansiedade do casamento, e é mesmo, mas lidar com meu marido é diferente do que lidar com várias pessoas ao mesmo tempo. Eu seria a espécie de uma duquesa que eles odeiam e eu não pensei nisto antes, e o quanto eu havia sofrido em minha vida atual e na anterior serviria de exemplo para meu futuro, em um plano B, e eu só não pensei nisso.

Eles me odiariam ainda mais e meu marido não ligaria se haviam colocado algo estranho em minha comida, ou se meus vestidos vieram misteriosamente cortados, ou se Ceci estivesse sofrendo entre as empregadas.

Mas dessa vez, não vou deixar passar somente porque nossos dias ali não eram tão longos. Querendo ou não, aquele lugar seria meu futuro lar.

— Senhorita? – Ceci me tirou dos meus devaneios, e me lembrei ainda mais do quão grande aquela tempestade emocional era, presa em meu crânio como algo que não era tão simples de resolver.

Mas tenho que pensar em algo. Se eu colocasse meu marido do meu lado, talvez nem tudo fosse tão complicado. O Duque é o centro de tudo depois da Realeza, não é?

— Ceci, me diga. Como se seduz um duque? – Pergunto, fazendo o queixo de Ceci cair instantaneamente. Notei sua dificuldade em entender o que diabos eu estava dizendo. – O quê?...

Meu olhar sério a fez se calar imediatamente, excluindo a possibilidade de que aquilo fosse apenas uma das minhas brincadeiras, mas assim que cerrei meus olhos em determinação, ela suspirou e colocou seu indicador sobre o queixo, pensando mais sobre o assunto.

— Como seduzir um duque, não é...? – Ela repetiu para si mesma, e eu aguardei silenciosamente em meu lugar.

— Bem, eu não tenho muita propriedade pra falar, mas... Eu já conheci amigas que...

— Me conte tudo, Ceci! Preciso dessas informações urgentemente.

Ela se calou por um momento, e então seus lábios se abriram para contar exatamente o que pensava. Escutei como se fosse a única oportunidade de escutar tais ensinamentos sagrados.

How to Survive My Cruel Husband's FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora