Capítulo 2

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Com a linda e delicada presilha de borboleta cor de lilás em mãos, abri um espaço entre meus fios cacheados e ruivos para acomodá-la.
Me olhei no espelho, passei uma mão leve de pó de arroz nas maçãs do rosto e, aos poucos, vi minhas sardas ficarem menos visíveis. Sorri satisfeita com meu reflexo e peguei meus livros indo para o andar de baixo, onde meu professor me esperava em uma sala do corredor principal. Era uma área de estudos que frequentamos regularmente.

- Bom dia, Sr. Rob. Me atrasei?

- Bom dia, senhorita. Chegou na hora certa. Sente-se, hoje começamos com matemática, e eu sei que você desgosta.

Eu odeio tanto aqueles cálculos malucos, mas um ponto positivo em ter aulas particulares em casa é que o professor te dá atenção exclusiva, então você não precisa ter vergonha de fazer uma pergunta.

Já no início da tarde, ansiosa e empolgada, vou ao colégio de artes, o Ópera Gant'Art. Ao avistar Mady, uma onda de alívio me atingiu o corpo.

- Até que enfim você chegou!

- Me atrasei? A aula ainda não começou, certo? - Perguntei, notando a mistura de emoções em seu rosto.

- Não, mas... - Ela me puxou pelo braço até um canto da sala, suspirou fundo e começou: - Eu estava vindo pra cá normalmente, mamãe estava atrasada para um chá e Alfred teve que se apressar. Quando eu estava quase subindo as escadas para vir pra cá, adivinhe quem me agarrou? Tyler Nobreza!

- Oh, céus!

Desde que nos conhecemos, Tyler, irmão de Genevieve - a família Nobreza vem da Coreia do Sul e vive na Hispânia há uns anos - da nossa turma de ballet, sempre nutriu uma queda platônica por Madelleine. Mas ele não estava sozinho nessa, muitos outros rapazes também ficavam de quatro por ela, afinal, que galã resistiria aos encantos de Madelleine Vienna? Mady tem olhos cor de mel, pele meio clara e um cabelo louro escorrido que chega até sua cintura. Seu lábios não são tão finos, nem tão carnudos e carregam um formato de coração na pontinha, o que faz ela formar um biquinho inconscientemente às vezes quando conversamos, e eu sempre acho um charme.
Ela nunca demonstrou gostar de Tyler, mas entendo seus motivos. Tyler é um rapaz rico, inteligente e bom, mas tem um jeito um pouco...esquisito.

- Ele veio com um papo de que devíamos conversar melhor, pegando minha mão... - Continuou ela, com uma expressão explícita de nojo. - E me beijou!

- Como assim te beijou? Na boca?

- Argh! Não seja tão indecente, eu o mataria se tivesse feito isso. Ele beijou minha mão. Essa aqui. - Enojada, ela apontou para sua mão esquerda, e não pude conter uma risada diante de sua reação.

- Pare de rir, Gaga! Pare!

- Sabe, Mady, eu acho que você poderia considerar dar uma chance a ele.

- Tá brincando? Nem no meu túmulo me casaria com Tyler Nobreza!

Retrucou ela com determinação, e ao mesmo tempo, com um toque irritação. Eu apenas ri, como sempre. Sempre é engraçado ver sua melhor amiga em uma situação como essa.

Mady saiu às pressas da aula de ballet, provavelmente para evitar se encontrar com Tyler novamente

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Mady saiu às pressas da aula de ballet, provavelmente para evitar se encontrar com Tyler novamente. Eu segui para o banheiro e saí do colégio imersa em meus próprios pensamentos, andando como se estivesse em piloto automático. De repente, tropecei em algo peludo e rápido que passava pela calçada. Perdi o equilíbrio e acabei caindo no chão.
Olhando para cima uma mão me foi estendida, um rapaz de pele clara, que parecia bronzeada e suada pelo sol, magro, cabelos lisos e porte médio. Peguei sua mão e me levantei, ainda tentando entender o que tinha acontecido.

- Caramba! Peço perdão pelo Duke. Você está bem? - Seu tom de voz era simpático e descontraído.

- Estou. - Finalmente em pé, arrumei meu vestido. - Quem é Duke?

O cachorro voltou com um graveto na boca, o deixou cair no chão e ficou ofegante, com a língua para fora.

- É o meu cachorro - Ele afaga o cão enquanto o pega pela coleira. - Cuidado garoto. Quase matou a madame.

- Você não devia ficar correndo com um vira-lata pela cidade, pode causar um acidente maior.

- Agradeço pelo conselho - Olhei o rapaz da cabeça aos pés. Usava roupas bem simples e escuras. Seus sapatos estavam desgastados e sua calça estava manchada de algo que parecia cloro. - Algum problema?

- Não, nenhum. - Olhei em volta. - Estou esperando pelo meu motorista.

- Motorista? Mas quanta elegância. - Faço uma expressão séria misturada com indignação.

- Não me conhece? - Pergunto.

- Deveria?

Aquilo era chocante. Todos da cidade me conheciam como a filha do político e banqueiro Edgar Winchester. Me aproximei e estendi a mão.

- Sou Ágatha Winchester. Filha de Edgar Winchester. - Ele me olhou como se eu tivesse contado uma piada sem graça e riu fraco.

- Sou Dave. Dave Carter.

Enquanto apertamos as mãos, senti um aperto prolongado. Foi nesse momento que Sebastian chegou, e com pressa, soltei a mão do recém-conhecido.

- Preciso ir, adeus.

- Então, tchau! - Ele respondeu.

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