Capítulo 7

2 0 0
                                    


Acredite você ou não, a minha vida é mais tediosa do que a vida de um caracol. Com certa frequência, papai diz que devemos comparecer a uma festa de negócios, mas eu prefiro chamá-la de "festa chatonilda". Basicamente, ele passa quase uma noite inteira conversando sobre política, economia e outros assuntos típicos de homens velhos, enquanto eu fico sentada à mesa apenas observando, como uma criatura indefesa sem opinião.

Aquela noite era dedicada a uma ocasião como este, ou seja, tédio na certa. Como todos estavam fumando à mesa, peguei um maço da cartela que todos estavam dividindo e acendi um cigarro com um isqueiro. Ao exalar a primeira fumaça, deparei-me com a face insatisfeita de papai pelo canto da mesa. Captei a mensagem e me retirei, indo para o lado de fora, na varanda.

 Captei a mensagem e me retirei, indo para o lado de fora, na varanda

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ele parecia calmo até que entramos no carro. Então, de repente, ele explodiu:

- O que passou em sua mente para fazer isto? Vá, me responda! - Sua voz parecia aumentar cada vez mais, estava ficando assustadora.

- O senhor sabe bem que eu odeio aqueles homens, eles me olham estranho. Aquele lugar é horrível e - Tentei me explicar, mas ele me interrompeu furioso.

- E isso te dá o direito de roubar um de meus cigarros e fumar feito um homem?! Nunca mais faça isso. Entendeu?!

- Pai, eu não entendo. Eu não faço nada naquela porcaria de mesa, por que eu tenho que ir com você?! - Minha voz tremia, mas tentei manter a calma.

- Você é minha filha! Deve estar comigo para mostrar que somos unidos como uma família... - Ele ia começar a falar de mamãe, é o golpe baixo dele. Sempre que se sente vulnerável diante da discussão, coloca a mamãe no meio. - Sua mãe estaria decepcionada com você.



Bingo!

Me calei depois de toda a faladeira, com uma expressão séria no rosto. Porém, o que eu queria mesmo era chorar, desabar ali mesmo.

Quando chegamos em casa, ele foi o primeiro a sair do carro e ir andando firme até dentro de casa. Sebastian suspirou bem fundo, deu batidinhas no volante e disse:

- O que aconteceu, querida?

Meus olhos se encheram de lágrimas naquele momento. Só de ver o rosto calmo e compreensivo de Sebastian pelo retrovisor, era o suficiente para que eu desabasse.

- Eu também não sei o que se passou pela minha cabeça... - Comecei, minha voz falhava constantemente.

Contei tudo o que aconteceu resumidamente, enquanto apertava o tecido do meu vestido como se estivesse sentindo agulhas dentro de mim.

- Eu só queria chamar a atenção dele, e eu consegui. Mas, da forma errada, ele não sabe conversar... - Concluí.

- Querida, a vida vai te fazer suportar coisas que você nunca nem cogitou em suportar. Mas nem por isso você deve jogar tudo para o ar.

- E como que eu resolvo?

- Edgar é uma das pessoas mais duras do mundo, mas com você, apenas com você, ele tenta ser melhor. Converse com seu pai, e tudo vai se encaixar nos eixos novamente.

As palavras de Sebastian eram cheias de carinho e sabedoria, o que me fez sentir mais compreendida e confortada.

Vendo minha situação, percebi que muitas garotas têm dificuldades com seus pais. Não me interprete mal, embora isso seja preocupante, também é reconfortante, pois vejo que não sou a única nessa situação. Não chego a dizer que meu pai e eu brigamos constantemente, mas algumas coisas que ele diz são tão desagradáveis que me entristecem.

Entre essas garotas, Madelleine é uma exceção. Ela tem uma ótima relação com o pai. A questão surpreendente é que o pai dela e o meu compartilham praticamente os mesmos princípios, com a única diferença de que ela aceita tudo com facilidade, enquanto eu desejo respostas mais claras, sem ter que simplesmente me conformar.




Além da minha imagemOnde histórias criam vida. Descubra agora