Ágatha Winchester tem tudo o que uma garota da sua idade possa desejar: boa reputação, é filha de um banqueiro e herdeira da fortuna dos Winchester. Mas será que isso é o bastante? Insatisfeita com situações da vida, ela luta por seus interesses e p...
Todas as manhãs de domingo, Judite me leva para a igreja. Por mais que eu tente me conectar com todas aquelas palavras, não consigo entender. No entanto, me parece que a maioria das pessoas que se dizem cristãs hoje em dia não fazem nem ideia do que estão dizendo quando abrem a boca para rezar, não sabem o que estão pedindo de verdade. O piano toca, as estatuetas são belas e as leituras são inspiradoras, mas eu simplesmente não consigo compreender. Judite diz que é porque não me entrego por inteira para Deus, mas se um ser superior existe, não deveria auxiliar suas criaturas a encontrarem a fé?
- Posso ir ao banheiro, Judite? - Pedi, implorando internamente que ela deixasse.
- Não. Espere a missa acabar.
Ela já me deixou ir ao banheiro antes, e agora percebeu que eu só estava indo para aproveitar um tempo fora da igreja.
Quando finalmente saímos, Judite nos fez esperar sob o sol escaldante, pois queria conversar com o padre. Minhas pernas estavam fritando por baixo das saias.
- Srta. Winchester, é um prazer tê-la aqui em nossa igreja. - O homem sorridente, barbado e mãos dadas disse, enquanto me olhava.
- O prazer é todo meu, foi uma linda celebração. Meus parabéns pelo trabalho! - Agradeci sinceramente, apertando sua mão direita.
- Obrigada, jovem. Mas os parabéns servem para todos daqui. Não se faz uma celebração apenas com o padre, tenho muitos irmãos que me ajudam todos os dias. Eu prefiro chamar esse ato de união e amizade, ao invés de trabalho. - Ele encerrou sua fala com um sorriso caloroso no rosto. Mesmo sem compreender completamente sua fé, admiro profundamente sua dedicação.
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Quando cheguei em casa, faltando vinte para as duas da tarde, encontrei um lindo buquê de rosas na bancada da cozinha.
- Oh, que lindas, querida. São suas? - Perguntou Judite, vindo logo atrás.
- Não sei. Só estavam aqui em cima... - Olhando para o achado, encontrei um bilhete: "De Eric Astor para Ágatha Winchester". Fiquei sem palavras, e antes que eu pudesse reagir, papai me chamou lá fora. - Já volto, Judite.
- Certo, querida.
Segui pelo corredor e saí por uma porta que dava para a área externa, no jardim. Lá estava papai conversando com um rapaz, aparentemente explicando algumas coisas sobre o jardim.
- Me chamou, pai?
Ele se virou.
- Ah, aí está ela! - Fez uma expressão gentil, dando espaço para que eu visse o rapaz. - Esse é Dave Carter, o nosso novo jardineiro.
Dei um passo à frente e fingi gentileza.
- Olá, Sr. Carter, é um prazer...
- Já nos conhecemos, né? - Interveio ele, com ânimo. - Eu te devolvi o colar que você havia perdido.
