Capítulo VI

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Boa leitura!

Eu não fui visitar apartamento naquela segunda-feira, depois da atitude dele as minhas pernas bambas não me deixavam andar direito, não me permitir entrar quando cheguei na porta. Entretanto, hoje depois de todo esse tempo sem nos falarmos o encontrei no elevador, ele perguntou se eu já tinha tomado uma decisão sobre morar com ele e a resposta era sim, acabei não contando para ele de imediato, mas já tinha até empacotado as minhas coisas.

O apartamento é bonito, luzes amarelas e um sofá que parecia extremamente confortável, os utensílios de cozinha eram todos pretos o que de alguma forma me agradou muito. Era aconchegante e bem espaçoso, mesmo tendo o mesmo espaço que o meu apartamento, acho que ele colocou menos móveis. Enzo estava encostado na bancada da cozinha, esperando que eu termine de vasculhar todo o seu apartamento.

- É meio rude analisar o lugar que as pessoas moram, sabia?

Ele repetiu o que eu disse quando ele entrou pela primeira vez no meu apartamento, ele gosta de usar o que eu digo contra mim e odeia quando me saio muito bem nas suas implicâncias.

- Você se inspira em mim, não é? Tá sempre repetindo o que eu falo, é tão meu fã assim? E você me trouxe aqui para analisá-lo.

O homem revirou os olhos e não falou mais nada, só aceitou o fato de que eu estava analisando tudo e permitiu.

- Enzo, cadê o quarto?

- Calma, abelinha. Já estamos nesse nível?

- Como você pode ser tão irritante? Estou falando do quarto que eu vou ficar caso eu venha morar aqui.

- Você é um exigente.

- Se acostuma, amor.

- Você só tem até amanhã para decidir o que fazer, não é?

- Sim, até amanhã às 18h mas as minhas coisas já estão empacotadas, eu só tenho que tomar a decisão final.

Ele concordou e me levou até o quarto que eu ficaria, me disse que eu poderia decorar como quisesse, acho que ele vai se arrepender de falar isso, tem tantas coisas para mudar aqui.

- Obrigado, pode sair, vou terminar de olhar.

- Claro, senhor. Deseja mais alguma coisa?

Começo a desconfiar que ele e eu tenhamos deboche como meio de comunicação, mas é até bom, quando falamos seriamente o meu corpo parece aquecer mais do que devia.

- Se você puder fazer um suco, por favor.

Ele saiu rindo, aquela gargalhada forte que me faz rir junto e me faz querer viver escutando-a para sempre.

Sentei na cama de casal que tinha ali, olhei para as paredes brancas e o guarda roupa embutido na parede, é até que ele tem bom gosto, apesar desse quarto parecer ser o único lugar da casa que não é decorado.

No fundo eu sei que já tomei uma decisão, mas tenho medo que eu vá me arrepender dessa decisão no futuro, muitas coisas podem dar errado e vir morar aqui é tão sem lógica, mas ao mesmo tempo parece bom. Se dois meses atrás falassem pra mim que eu e Enzo estaríamos quase civilizados no mesmo espaço, eu não acreditaria.

Voltei para a sala que era acoplada com a cozinha assim como o meu e ele realmente estava fazendo um suco, sorri com aquilo.

- Você é muito obediente, muito bem garoto.

Falei enquanto me aproximava dele e avisava seus cabelos como se ele fosse um cãozinho obediente, era para ser uma brincadeira pra gente rir, mas ele ficou me olhando de um jeito tão diferente que eu até recuei a mão.

same wall | Enzo Vogrincic e Matías Recalt Onde histórias criam vida. Descubra agora