Capítulo 4

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Narrador pov

Soluço: Espera, a gente precisa...

Valka: Por aqui - eles avançavam numa caverna rochosa.

Soluço: Você não pode simplesmente falar uma coisa dessas e fugir. Você é a minha mãe?! Você se tocou como isso parece uma loucura? Eu tenho perguntas - ele tem dificuldade em subir uma pedra lisa e escorregadia, mas Banguela o ajuda. - Onde você esteve esse tempo todo? O que tem feito? Me disseram que você tinha morrido, todo mundo acha que você foi comida por um...

O Haddock se cala ao chegar no final do túnel, encontrando um enorme santuário cheio de dragões, gelo, plantas e rochas. Ele olha para cima, vendo sua mãe junto de seu dragão.

Soluço: É aqui que você viveu nos últimos vinte anos? - A mulher assente em resposta. - Você tem resgatado eles - outro aceno. - Inacreditável.

Valka: Não está chateado?

Soluço: O que? Não, eu sei lá. É muita coisa para absorver sendo franco. Não é todo dia que se descobre que sua mãe é um tipo de mulher dragão, louca, selvagem e justiceira - Valka desce de seu dragão com a ajuda dele.

Valka: Pelo menos eu não sou chata, não é?

Soluço: Eu acho que esse adjetivo você realmente não tem.

Valka: Você gostou?

Soluço: Eu não tenho nem palavras - Banguela era cercado por dragões, mas consegue se livrar deles.

Valka: Eu posso? - Aponta para o Fúria da noite e Soluço assente. - Ele é lindo - caminha até o dragão, que se esfrega nela em contentamento. - Ele pode ser o último da espécie. Olha, ele tem sua idade, por isso vocês se dão tão bem - Banguela resmunga feliz para a mulher, que também "conversa" com ele. O dragão expõe seus dentes retráteis. - Como você conseguiu?

Soluço: Eu encontrei ele na floresta, ele foi derrubado e ferido - Valka se levanta e caminha até um dragão.

Valka: Esse Dente Afiado perdeu a perna numa das armadilhas de Drago Sanguebravo. Aquele Corta Chuva teve a asa cortada por uma rede com lâminas, e esse, pobre Roncador, foi cegado por uma rede e deixado para morrer sozinho e com medo. E isso aqui? Foi o Drago ou os caçadores dele? - Segura a cauda artificial de Banguela.

Soluço: Então, na verdade, acontece que meio que fui eu que derrubei ele, mas tá' tudo bem ele já me deu o troco, não é amigão? Você não conseguiu me salvar inteirinho, teve que descontar, então, perneta! - Aponta para sua perna metálica. Banguela empurra o garoto e o faz montar em si, sendo abraçado por Soluço.

Valka: E o que seu pai acha desse seu amigo Fúria da noite?

Soluço: Ele não encarou muito bem, mas ele mudou, todos mudaram, em breve todo mundo na ilha vai ter seu próprio dragão.

Valka: Como se fosse possível...

Soluço: É verdade.

Valka: Acredite, eu também tentei, mas as pessoas não são capazes de mudar Soluço.

Soluço: São sim, eu mesmo mudei elas, com a ajuda do Arkyn, convencemos eles.

Valka: Arkyn?

Soluço: Ele é igual a mim, também tem um dragão, a diferença é que ele nunca quis matar um dragão, sempre foi contra, o que o levou ao isolamento.

Valka: Viu? As pessoas não mudam. Alguns de nós, nascemos diferentes, como seu amigo Arkyn. Berk era uma terra onde se matava ou morria, mas eu acreditava que a paz era possível. Era uma opinião nada popular, apenas mais duas pessoas além de mim acreditavam nisso. Então, uma noite, um dragão entrou na nossa casa e viu você no berço, eu corri para protegê-lo, mas o que eu vi foi uma prova de tudo que eu acreditava. Não era uma besta cruel, mas uma criatura gentil e inteligente, cuja a alma refletia a minha. Você e seu pai quase morreram naquela noite, tudo porque eu não pude matar um dragão.

Soluço: Então é coisa de família. Espera, você disse outras duas pessoas?

Valka: Sim, dois amigos meus, um deles mudou de opinião graças a minha amiga, mas ele foi o único, nem seu pai mudou por minha causa, mas ele sim. Partiu meu coração ficar longe de você, mas achei que ficaria mais seguro sem mim.

Soluço: Como sobreviveu?

Valka: O Pula-Nuvem nunca quis me machucar, talvez ele achou que meu lugar era aqui - eles caminham até a beira de onde estavam. - O lar da grande Besta Implacável, a espécie alfa, um dos poucos que ainda existem - o dragão branco descansava abaixo deles na água. - Todo ninho tem sua rainha, mas esse é o rei de todos os dragões. Com seu sopro de gelo, esse gigante construiu nosso ninho, um santuário para os dragões de todas as espécies.

Soluço: Ele é o cuspidor de gelo? Ele é o responsável por toda aquela destruição?

Valka: Ele nos protege, nós todos vivemos sob seus cuidados e seu comando, exceto os filhotes, que não obedecem ninguém - o gigante dragão branco se vira na direção deles e Valka se curva para ele. - Eu vivo com eles a vinte anos, Soluço, descobrindo seus segredos - a Besta Implacável dispara uma pequena fumaça na direção de Soluço, deixando um gelo em seus cabelos, que logo é retirado pelo Haddock. - Ele gostou de você. Deve estar com fome, é a hora da refeição - Banguela se coloca embaixo das asas de Pula-Nuvem, que as retira de cima do Fúria da noite e revira os olhos, seguindo Valka e Soluço.

Soluço: Ele se parece com o Clava.

Valka: Clava?

Soluço: É, o dragão do Arkyn, um Machadrago Liberiante.

Valka: Um Liberiante? Seu amigo tem um Liberiante?

Soluço: Na verdade ele é-

Valka: Como ele conheceu um Liberiante? É um dragão raríssimo, eu mesma nunca vi um deles em meus vinte anos convivendo com os dragões e nem em Berk.

Soluço: Eles tem uma história longa, um dia te conto - eles seguem para fora do esconderijo e a Besta Implacável joga peixes para os dragões, que comem.

Soluço e Valka se divertem um pouco e pousam na neve após uma demonstração do Haddock com suas asas de tecido ter dado um pouco errado e ter sido salvo por Banguela. A interação entre o Fúria da noite e Pula-Nuvem estava lembrando o garoto de Clava, fazendo o moreno sentir saudade de seu namorado, mesmo estando separados não havia tanto tempo.

Soluço: Quase conseguimos dessa vez.

Valka: É incrível - analisa a roupa do garoto e para sua mão no rosto dele, deixando uma carícia. Soluço inclina seu rosto para o toque. - Todo esse tempo você agiu como eu e onde eu estava? - Ela retira sua mão do garoto. - Me desculpe, Soluço. Nós podemos recomeçar? Você me daria outra chance? - Soluço sorri e afirma com a cabeça. - Eu posso te ensinar tudo o que eu aprendi nesses últimos vinte anos, como... - Ela aperta um ponto no pescoço de Banguela, que faz surgir novas escamas nas costas dele e que se mexiam. - Agora vai poder fazer aquelas curvas.

Soluço: Sabia disso? - Questiona ao seu dragão, quando ele vem até si.

Valka: Todo dragão tem seus segredos e eu vou mostrar todos a você. Vamos desvendar os mistérios, encontrar os últimos espécimes juntos, como mãe e filho. Esse dom que compartilhamos nos une, isso é o que você é, filho, o que nós somos. Vamos mudar o mundo para todos os dragões, vamos tornar o mundo um lugar melhor e mais seguro.

Soluço: É, claro, isso parece incrível - Valka abraça ele, que retribui, afastando-se um tempo depos. - Isso é demais! Agora nós dois podemos conversar com o Drago juntos.

Valka: O que? Não existe "conversar com o Drago".

Soluço: Mas nós temos-

Valka: Não, nós temos que proteger os nossos. Vamos, temos que voltar - ela não era diferente de Stoico nisso. Somente Arkyn concordava com sua ideia, como o garoto fazia falta.

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