𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐚𝐭𝐫𝐨

26 4 0
                                    

Passei pela velha portinha, e para ser sincera, acho que esses jardineiros deviam no mínimo podar o caminho que eles passam todo santo dia.

Estava com muitas ervas daninhas crescendo, nem dava para ver a terra do chão direito.

Assim eu fui caminhando por aquele caminhozinho úmido mal iluminado e com um forte aroma de cavalo. Até o momento que pisei em alguma coisa com textura diferente de mato molhado e terra úmida. Algo que, talvez parecesse com papel.

Me agachei para tentar ver o que era, mas não consegui identificar direito aquilo, talvez por estar muito escuro para isso, talvez por que seja lá o que fosse aquilo, estava quase soterrado de tantos brotos de erva daninha que cresciam em volta dela.

Mas antes que eu conseguisse distinguir exatamente o que era, minha irmã me chamou novamente. Eu não tive escolha a não ser ir até ela, Amber já sabia que eu estava no jardim.

_Estou indo!

Me levantei, mas antes de ir, olhei para o lugar onde eu acho que estava aquela "coisa misteriosa" e sussurrei:

_Me aguarde. - E sai correndo para a entrada do jardim.

(...)

Eu tentei dormir, é sério! Mas tudo o que tinha acontecido, tinha me deixado tão agitada que meu corpo não teve a capacidade de relaxar.

Me mexia de um lado para o outro tentando achar uma posição mais confortável. Mas que naquele momento era inexistente.

Já desistente eu me sentei na cama, encarando a janela por alguns segundos.

"eu preciso dormir" uma parte de mim me ordenava, mas outro lado de mim contestava "eu preciso achar algum jeito de (não sei se é ou não possível) me livrar disso, disso tudo"

Talvez, se eu revirasse toda a biblioteca do castelo, eu achasse o pergaminho de leis reais e encontrasse uma lei onde se proibisse obrigar uma princesa a se casar com um príncipe de outro reino, cujo ela nunca trocará seque uma palavra.

Oque eu tenho sã consciência de que nunca encontrarei. Porque sim, o rei tem, diante da lei, o poder, e em alguns casos o dever de selecionar um pretendente a suas filhas.

(...)

Faz três dias do meu aniversário, uma das criadas bateram na porta dos meus aposentos e disse que meu pai havia me chamado para o jantar.

Disse que já estava descendo e assim fiz.

Na grande mesa de jantar estavam assentados apenas eu, Amber e meu pai.

Para que uma mesa enorme para três pessoa?! Não sei.

_El? Você está muito calada- Amber disse, me fazendo desviar meu olhar da mesa para ela

_verdade filha, tudo bem?

_Ah, é... tudo.

Meu pai assentiu e voltou a comer normalmente, mas Amber ficou me fitando com um olhar "eu sei que você está mentindo", mas nossos olhares foram interrompidos por meu pai, que pigarreou antes de falar

_os Dazzo provavelmente viram amanhã, para agendarmos a data certinha do casamento.

Assenti olhando para o prato a minha frente, eu quase não comi nada.

_você vai poder conhecer melhor o Cyrius- Amber disse, talvez na expectativa de amenizar o clima que tinha surgido depois das palavrar do meu pai. Mas não tenho muita certeza se funcionou.

_Com licença. - disse já afastando a cadeira para me retirar da mesa.

_mas nós nem comemos a sobremesa! - Amber disse tentando me convencer a ficar lá

_não estou com fome, obrigada. - Respondi já em pé, saindo dali. A última coisa que eu vi foi Oliver olhando com uma cara de desaprovação para minha irmã.

Passei pela porta da biblioteca, a encarei por um segundo, fui até a porta do meu quarto, mas voltei novamente para a biblioteca suspirando. Me sentei na velha poltrona em frente ao quadro real. Fiquei o encarando

_o que eu faço!?- perguntei a minha mãe, como se ela fosse responder. Continuei fitando o quadro por mais algum tempo, até perder a paciência e sair do castelo.

Fui para o jardim, talvez assistir ao pôr do sol pudesse me ajudar a me acalmar. Me sentei na grama, fechei os olhos e deixei com que o vento suave do final de primavera acariciasse meu rosto, senti a brisa e fingir, nem que seja por um misero momento que nada mais existe além de mim e a brisa que me envolvia. 

MithoryaOnde histórias criam vida. Descubra agora