Capítulo Cinco.

430 39 23
                                    

Narrador – Point Of View.

━ Rafael?

Giovanna parou no mesmo lugar, estática. E só foi retomar a consciência quando o homem de olhos azuis, tanquinho definido, sem camisa e altura mediana abraçou-lhe com força.

Vanessa, que estava ao lado da mineira, observou aquela interação com o cenho franzido e os braços cruzados. Era evidente que não estava gostando nada daquilo.

━ Há quanto tempo, Gio! ━ O loiro exclamou num tom animado, exibindo seus dentes brancos e perfeitamente alinhados.

Vanessa revirou os olhos com o comentário do rapaz que mais um pouco grudava em sua namorada. “Por que você não coloca uma camisa, cara?”

━ Ah, verdade! Eu acabei tirando porque estava muito calor... ━ Rafael afastou-se de Giovanna, claramente envergonhado. Vanessa arregalou levemente os olhos ao perceber que pensou alto demais. ━ Entrem! Vou colocar uma camisa e já desço. Seus avós estão na cozinha.

O loiro piscou para a tatuada antes de sumir de vista e Vanessa se segurou para não revirar os olhos mais uma vez, com medo de que suas órbitas mais um pouco rolassem pelo chão. A carranca presente no rosto da morena era perceptível, mas resolveu dar o seu melhor para não estragar o dia da namorada com seu ciúme besta.

Alheia ao que se passava na cabeça de mulher ao seu lado, Giovanna agarrou a mão da Lopes e caminhou até encontrar a cozinha. Mas não antes de reparar em como cada milímetro da casa parecia estar a mesma, se não fosse pelas ferramentas de Rafael jogadas pelos cantos. O sofá com remendas e a cadeira de balanço continuavam no mesmo lugar, assim como a estátua em formato de cachorro na prateleira, a televisão de antena, os CDS roubados e o cheiro de móveis antigos.

━ Vô? Vó? ━ A mineira adentrou o cômodo com um sorriso nos lábios, este que alargou-se ainda mais ao ver as figuras tão conhecidas por si sentados em volta da mesa retangular.

━ Giovanna, meu amor! ━ Martha, sua avó, calçou seus chinelos com pressa e correu até os braços da mesma, acariciando seus fios devagar. Seu avô, José, descascava uma laranja ao som de Roberto Carlos, mas teve de parar o que estava fazendo para cumprimentar Vanessa e matar as saudades da neta.

Os passarinhos de diferentes cores e espécies dentro da gaiola presa no teto pareciam ainda mais alvoroçados com a chegada da tatuada, como se já a conhecessem. E realmente a conheciam...

━ O que você está fazendo aqui? Poderia ter mandado um recado, eu teria arrumado a casa para a sua chegada! E colocado uma roupa melhor... ━ A senhora de idade passou as mãos pelos fios de cabelos negros e brancos um tanto desajeitados e em seguida no vestido de oncinha, parecendo nervosa com a ideia de não passar uma boa impressão. Giovanna gargalhou, visto que a única coisa que não estava limpa e arrumada por ali era a “louça” em cima da pia, composta por apenas duas xícaras de chá.

Martha desfocou o olhar de Giovanna para prestar atenção na moça atrás de si, que estava com um sorriso sem graça nos lábios e as mãos atrás do corpo, balançando-se para trás e para frente como se fosse uma criança. A mais velha arqueou a sobrancelha, confusa pela presença desconhecida, mas não deixou de ser educada ao questionar-lhe.

━ E quem é você, minha bela jovem? ━ Uma vermelhidão se apossou das bochechas de Vanessa e esta encolheu os ombros, notando ter todos os olhares voltados para si.

Attention • GinessaOnde histórias criam vida. Descubra agora