A Efemeridade do Amor - Jenlisa

Entre Mentiras e Esperanças (parte 1) - Capítulo 26

Jennie's POV

Sentada à mesa da cozinha, mexendo sem vontade a colher na xícara de café, percebo que já se passou uma semana desde que tudo aconteceu. Uma semana que parece ter durado uma eternidade, uma semana de pura agonia e desespero. Nada poderia ser pior do que isso.

Meu pai decidiu me tirar da escola. Não posso acreditar que estou tendo aulas em casa agora. É como se estivesse em prisão domiciliar, um lembrete constante do que aconteceu naquele dia maldito. Todos os meus pertences tecnológicos foram confiscados, celulares, computadores, tablets, tudo. Tudo para garantir que eu não tivesse a chance de entrar em contato com Lisa.

E tem funcionado. Não nos falamos desde então. Nem uma única palavra. E isso dói mais do que qualquer outra coisa. Saber que Lisa está lá fora, talvez pensando que eu a abandonei, que eu não me importo com ela. Se ao menos ela soubesse que é exatamente o oposto. Mas como posso explicar isso para ela quando estou tão amarrada por todas essas restrições?

Sem Lisa, sinto-me como se estivesse perdida em um mar de solidão e desamparo. Seu sorriso, sua risada, sua presença calorosa... tudo parece um sonho distante agora. É como se uma parte de mim estivesse faltando, como se minha própria alma estivesse incompleta sem ela ao meu lado.

Cada dia é uma luta para superar a dor da sua ausência. Sinto-me vazia, como se um pedaço do meu coração tivesse sido arrancado brutalmente. As paredes do meu quarto parecem se fechar ao meu redor, sufocando-me com a lembrança de momentos felizes que compartilhamos.

A solidão é uma companheira implacável, me assombrando a cada instante. Os dias se arrastam, pesados e monótonos, enquanto eu me afundo mais e mais na escuridão da minha própria melancolia. Sem ela, tudo parece cinza e sem vida.

Mas, apesar da dor avassaladora, uma chama de esperança continua queimando dentro de mim. Uma pequena voz dentro da minha mente sussurra que talvez um dia, de alguma forma, encontraremos o nosso caminho de volta um para o outro. E é essa esperança que me mantém lutando, mesmo nos momentos mais sombrios.

Na mídia, o vazamento das imagens de Lisa e eu causou um frenesi generalizado. Os tabloides e sites de fofocas instantaneamente pegaram a história, transformando-a em manchetes sensacionalistas. Fotos nossas, de mãos dadas e abraçadas, foram amplamente compartilhadas e comentadas, acompanhadas de especulações sobre a natureza do nosso relacionamento.

Os comentários nas redes sociais eram uma mistura de apoio e condenação. Enquanto alguns nos defendiam e expressavam solidariedade, outros lançavam críticas cruéis e preconceituosas. As mensagens de ódio inundavam nossas contas, alimentando o fogo da controvérsia.

Os jornalistas não tardaram em vasculhar nossas vidas, em busca de detalhes e informações que pudessem adicionar mais combustível ao escândalo. Minha família, em particular, foi alvo de atenção implacável, com os repórteres tentando obter declarações deles sobre a situação.

Para mim, a invasão da minha privacidade e a exposição pública do meu relacionamento foram esmagadoras. Sentia-me constantemente vigiada e julgada, como se estivesse em um palco sendo escrutinizada por todos. Cada passo que dava era analisado e interpretado, e a pressão para me conformar com as expectativas da sociedade era esmagadora.

Pai: Jennie.- meu pai me chamou, desde o acontecimento ele raramente fala para mim.- Coma, seu professor está quase chegando.

Jennie: Certo.- assenti vendo-o sair de casa.

Sentia-me profundamente injustiçada pelo meu pai. Ele agia como se eu fosse a culpada por toda a situação, como se eu tivesse feito algo de errado ao me envolver com Lisa. Mas, na verdade, eu só queria ser feliz, e Lisa me fazia sentir isso de uma maneira que ninguém mais conseguia. Estar privada da escola e dos meus dispositivos eletrônicos era como se estivessem tirando meu direito de ser quem eu sou. Era uma punição demasiadamente dura para algo que não deveria ser motivo de vergonha. Minha tristeza e angústia aumentavam a cada dia, enquanto eu me via cada vez mais isolada e desamparada.

«Querida...»- uma voz suave se fez ouvir. Era minha avó.

Jennie: Oi, vovó.- forcei um sorriso.

Avó: Seung-Ho está aqui...

Jennie: Deixa ele entrar.- o que pior poderia acontecer. Minha avó o chamou e nos deixou a sós.

Seung-Ho: Jennie... eu vim assim que consegui. As notícias...

Jennie: Eu sei das notícias, Seung-Ho. Porque veio até aqui?

Seung-Ho: Eu queria saber como você está.

Jennie: Bem eu não estou, né?- falei ríspida.- Olha, eu não tenho muito tempo, meu professor está quase chegando. O que você quer?

Seung-Ho: Primeiro, eu lamento tudo o que aconteceu, de verdade. Segundo, me desculpa por ter agido daquele jeito e ameaçado você. Após tudo isso vir à mídia, percebi que fui sem noção. Você não escolhe por quem se apaixona, então, me perdoa.- mesmo que fosse difícil acreditar, as palavras dele, de certa forma, pareciam verdadeiras.

Jennie: Tudo bem, Seung-Ho.

Seung-Ho: Além disso, eu acho que posso ter uma ideia para ajudar você a sair dessa situação, mas não sei se vai gostar muito.

Jennie: O que é?- eu fiquei atenta.

Seung-Ho: Bom, você tem de fingir ser minha namorada. Temos de reproduzir a foto que foi vazada, eu tenho um fotógrafo de confiança. Se a foto for, praticamente, idêntica, podemos usá-la como desculpa. Dizemos que estamos num relacionamento há já alguns meses, e que alguém de muito mau gosto, editou a nossa foto.- não parecia ser má ideia, além disso, o que é que me restava? Talvez assim, meu pai pudesse cair na mentira também.- Então? O que me diz?

Jennie: Eu aceito.

Seung-Ho: Ótimo! Vou cuidar de tudo então. Você só precisa estar pronta para posar para a foto quando o fotógrafo estiver pronto. E mais uma coisa, Jennie...

Jennie: Sim?

Seung-Ho: Eu sei que isso pode ser difícil para você, mas é temporário. Vamos fazer o que for preciso para limpar sua imagem e te devolver a liberdade que merece.

Jennie: Porque me está ajudando, Seung-Ho?

Seung-Ho: Porque acho injusto tudo o que fizeram com você.

Jennie: Certo...- sorri.

A conversa com Seung-Ho me trouxe um pouco de esperança. Talvez, com esse plano, eu conseguisse dar a volta por cima e reconquistar minha liberdade. Era uma situação complicada, mas eu precisava fazer o que fosse necessário para sair dela.

A esperança finalmente renasce,

Jennie