Uzumaki II

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Sasuke enfiou suas mãos nos bolsos, observando silenciosamente Sakura arrastar Karin para uma pequena barraca de doces após a kusa-nin ter olhado curiosa para alguns mochis decorados em exibição. Sasuke não achou uma boa ideia, verificando discretamente o ângulo das sombras provocadas pelo sol, pois o horário de almoço deles estava próximo.

Mas como Naruto não comentou nada e apenas continuou sorrindo para elas com muito mais carinho do que ele normalmente via em sua expressão – não seria Sasuke quem falaria algo.

Karin era, no fim das contas, a família de Naruto.

Seus punhos se cerraram levemente.

Família, era? Não um assunto que Sasuke gostava de pensar. Ele também descobriu sobre um parente perdido ontem, afinal, mas com certeza não estaria agindo amigavelmente e pronto para reintegrá-lo de volta ao clã. O homem também estaria morto em um futuro próximo ao lado de Itachi de qualquer maneira, se Naruto e a própria Kyuubi no Youko, aparentemente, tinham algo a dizer sobre isso.

No final, saber o verdadeiro responsável pelo Ataque de Dez de Outubro – algo que Sasuke nunca antes se importou particularmente, ele teria que admitir – não impactou em nada na sua vida, quer ele seja um Uchiha ou não. Era quase risível como, após confirmar que nada tinha a ver com aquele homem, Sasuke não conseguia mais se importar além do fato que foi um membro de seu clã que deixou Naruto órfão e o fez Jinchuuriki. (Algo que Naruto fez questão de assegurar que jamais usaria essa informação contra ele.)

Sempre houve um único destino para o clã Uchiha e isso não mudou: Sasuke seria seu único sobrevivente.

E era quase tão bom quanto dizer que o clã Uchiha estava extinto, como aquele kusa-genin odiosamente apontou.

Sua expressão ficou sombria e Sasuke se contentou que pelo menos Naruto estava distraído demais para notar e enviar olhares de preocupação. Ele se forçou a se acalmar, não querendo deixar seus companheiros de equipe se preocupando atoa novamente, quando era óbvio que nada mudaria e seria inútil sentir-se assim – não importava o quanto Sasuke apreciava isso deles, lá no fundo.

Ele sabia muito bem o que implicava ser o último de seu clã. E Sasuke sempre soube o que teria que fazer para "reerguer seu clã", impedir a extinção de se tornar realidade.

Mas só agora, mais velho, que Sasuke estava verdadeiramente entendendo o que isso significava – formar sua própria família, família de sangue, com descendentes dele... e da mulher que seria a futura primeira dama do clã. Sasuke não sabia o que pensar sobre isso. Especialmente não quando algo tão vital para ter filhos, ter uma esposa, jamais foi algo com que ele se preocupou, desconsiderou completamente. Muito pelo contrário, Sasuke quase riu amargamente em voz alta, por anos ele abominou a perspectiva de ter um relacionamento com uma garota.

Suspirando silenciosamente, sentindo-se repentinamente exausto pela montanha-russa de emoções que passou pelos últimos dois dias, se apoiou em na mureta de uma casa qualquer ao ver que ficariam parados por um tempo na barraca de doces.

Mais do que se casar e ter filhos... Sasuke percebeu que, na verdade, não queria uma família. Uma que compartilhasse seu sangue como aquele homem compartilhava. Naruto, Sakura e Kakashi-sensei eram as únicas pessoas que Sasuke queria como família, uma por escolha, não acorrentada por laços de sangue.

E que dicotomia isso era. Não querer ter filhos de sangue, mas não querer que a nobre linhagem de seu clã se encerrasse com ele.

Deixando seu olhar vagar para Sakura e Karin novamente, ele se sentiu quase invejoso de como Naruto conseguiu encontrar Karin, embora soubesse que não devesse e o sentimento tão estranho e familiar da culpa o corroesse novamente por se sentir assim em relação a alguém tão importante para ele quanto Naruto era, que não merecia e jamais se sentiria assim se a situação fosse invertida.

O Destino que se MereceOnde histórias criam vida. Descubra agora