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O pavor não é uma emoção com a qual Severus Snape esteja muito familiarizado. Ao longo de sua vida, ele planejou minuciosamente cada teste, cada exame, cada obstáculo sangrento que foi lançado em seu caminho. Mas quando Lily Evans, com cabelos ruivos esvoaçantes nos ventos frios de setembro, olha para ele pela primeira vez em dois anos, aquela sensação estranha se instala profundamente em seu estômago.

A corça prateada Patronus que Severus conjurou momentos atrás desapareceu no ar enquanto ele enfiava a varinha de volta em suas vestes largas. A boca curvada de Lily estava ligeiramente aberta em choque, os olhos se deslocando para a esquerda, onde o Patrono estava. Ela só conhecia três outras pessoas da mesma idade, além dela, que poderiam lançar o feitiço do Patrono. Tiago Potter, Remo Lupin e Sirius Black. Afinal, era um feitiço incrivelmente avançado e era preciso ter um coração puro para poder invocar um guardião espiritual.

"Como você fez isso?" Lily perguntou suavemente. Essa era sua principal questão. Todos disseram que Severus seria um Comensal da Morte depois que ele a chamou daquele nome sujo há dois anos. Lily tinha ouvido os rumores, mas nenhum futuro Comensal da Morte poderia produzir algo tão lindo. Severus endireitou sua postura e readoptou aquele olhar frio ao qual Lily estava acostumada.

“O Patrono? Acredito que você já saiba a resposta para isso, afinal estamos na mesma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas,” retruca Severus, braços finos cruzados com força sobre o peito.

“Não, eu sei disso. Eu só quis dizer... — Lily parou, sem saber como fazer a pergunta sem irritar ainda mais o adolescente parado à sua frente.

“Você só quis dizer como um Comensal da Morte como eu pode produzir um Patrono?” Severus zombou, Lily não perdeu o olhar magoado que passou por seu rosto, "Você realmente me acha tão humilde?"

A verdade é que ela não o fez e, no fundo, nunca o fez.

"Não, claro que não, Severus-" Lily começou.

"Ah, é Severus agora?" Severus acusou antes que pudesse impedir que as palavras mordazes saíssem. Antes que Lily pudesse ficar chateada, ele disse: "Sinto muito, isso foi infantil."

“Olha, me desculpe por ter interrompido sua sessão de feitiços, eu não sabia que você estaria aqui perto do Lago Negro esta manhã. Vou deixar você fazer isso,” Lily disse, tentando manter suas emoções sob controle. Foi demais para ela ver Severus agir com tanta frieza com ela. Ela sentiu como se tivesse voltado ao quinto ano. Lily se virou para ir embora e parou para dizer uma última coisa.

"Eu sempre soube que você nunca se rebaixaria o suficiente para se tornar um Comensal da Morte."

Severus ficou parado, atordoado, apenas por um momento enquanto observava a forma de Lily recuando. Ele se recuperou e gritou: “Espere! Lírio!"

Ela parou e olhou por cima do ombro. Severus pegou sua mochila da grama úmida antes de persegui-la colina acima. Ele chegou ao lado de Lily. Ela percebeu como tem que olhar nos olhos dele, enquanto no passado ela sempre foi a mais alta dos dois.

“Sinto muito, estou falando sério. Estou enojado e envergonhado de como agi naquele dia, e se eu pudesse mudar o passado, o faria em um piscar de olhos,” Severus se desculpou, nunca tirando os olhos suplicantes de Lily.

"Eu te perdôo, Severus, eu-," Lily suspirou, tentando encontrar as palavras certas, "Eu também não tenho sido o melhor amigo para você. Meu pai ouviu falar do falecimento de sua mãe e me disse: sinto muito por não estar ao seu lado no ano passado, quando Eileen morreu, sinto muito..."

"Não se desculpe, tudo está no passado agora," Severus suspirou e passou a mão pelos cabelos. Ele não tinha poções logo pela manhã naquele dia, então seu cabelo não tinha a fina camada de graxa que normalmente ficava depois de assistir à matéria. Os dois começaram lentamente a voltar para a entrada principal do castelo.

Um toque, um beijo, um sussurro de amor ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora