Música do capítulo: Get Away – The Internet
Valentina
O quão insuportável era enfrentar no trânsito de Miami em pleno horário de almoço? Eu perdi a conta de quantas vezes revirei os olhos ao me deparar com tanto carro na minha frente, parecia que eu ainda estava no Brasil. Inclusive, a saudade que eu sinto de casa é fora do normal. No meu país, eu tenho a minha família que tanto amo e tanto torce por mim. Meus pais, meus dois irmãos – dei azar de ser a mais velha – e os meus amigos curitibanos que tanto me completavam.
Ao terminar a faculdade, decidi que queria ganhar o mundo e foi o que eu fiz. Apesar de ter que morar sem a minha família e em outro país, não me arrependo de nada. Estou onde deveria estar.
Depois de muito trabalho no dia, consegui ir em casa almoçar e apesar do caos que estava aquele apartamento em meio a caixas de mudança, o importante é estar bem alimentada. Desde que vim morar sozinha em outro país, sinto que cada vez mais precisava de uma companhia fiel na vida, só não sabia se iria encontrar. Felizmente, achei uma grande parceira de trabalho pra pra morar comigo. Conheci Bettina numa boate antes mesmo de ser dona de uma empresa.
A coisa mais difícil pra mim era ser uma executiva e ao mesmo tempo ter uma vida social. Minha vida era sempre trabalho, eu não tinha tempo muito menos vontade de sair pra ser jovem mesmo no auge dos meus trinta e quatro anos. Na minha cabeça, eu já tinha vivido de tudo um pouco nessa vida. No Brasil, eu saía pra barzinho, restaurantes, baladas e outros lugares um pouco... duvidosos. Mas desde que vim pra cá, não me sinto tão prazerosa com a vida. Apesar de todos os colegas de trabalho insistirem tanto, eu não tenho vontade de socializar. Pelo menos, não mais.
George, o meu chefe, insistiu em dizer que teríamos que sair no próximo final de semana e o mais impressionante era saber o tipo de lugar que iríamos. Por que eu me submeteria a isso? Estava tão empoeirada assim? O pior de tudo é não poder dizer não. Respira, Valentina!
Saí do transe quando escutei batidas na porta do meu escritório me tirando do sério no mesmo instante.
— Entra!
— Dona, Valentina... Precisamos da sua assinatura nesses contratos que o d...
— Precisa ser agora, Charlotte? – Perguntei impaciente.
— Q-quando a senhora puder. – Gaguejou me fazendo olhar pra ela que estava tímida.
— Então volte mais tarde, estou ocupada.
— Sim, senhora!
A moça assentiu e voltou ao seu trabalho, eu não tenho muita paciência com os funcionários apesar de saber que já estive no lugar deles um dia. A minha vida era chata, a única coisa que eu precisava era sair da minha zona de conforto mas eu não conseguia, algo me prendia. Isso me fazia ser uma pessoa fria a qual eu não gostaria de ser. Talvez o destino ou até mesmo a vida me ensinaria isso um dia.
A tarde seria longa já que eu teria que analisar e assinar mil e um contratos pela frente. Ser sócia majoritária da Lumière, uma marca internacional renomada de perfumes, tinha lá suas responsabilidades. Minha vida era extremamente corrida mas nada mais satisfatório do que trabalhar com o que ama e principalmente ser mais que bem sucedida.
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SEX APPEAL
FanficSex appeal: Poder pessoal da sedução. Valentina, uma executiva extremamente ocupada e introvertida se vê completamente sem saída quando Luiza, uma garota de programa que não se deita com mulheres lhe seduz inocentemente.