dinner with friends

1.4K 50 16
                                    

"Por favor, Oliver, tira os seus tênis da porta de casa." – Foi a primeira coisa que eu falei ao entrar em casa pela porta da frente às oito da noite com Blake logo atrás de mim e uma caixa de pizza em minhas mãos.

"Oi, mãe. Oi, tia Blake." – O menino de onze anos de idade diz ao descer as escadas rumo ao par de tênis.

"Oi, Oli. Trouxemos pizza. Vá lavar as mãos e venha sentar para comer." - Blake diz enquanto coloca os pratos à mesa.

Eu, Blake, James, filha de minha melhor amiga, e Oliver, meu filho, criamos um hábito onde nos reunimos todas as quintas feiras para comer pizza e assistir filmes. Eu e Blake fomos à faculdade juntas e engravidamos ao mesmo tempo um pouquinho após o término dos nossos cursos. Blake continua casada com Ryan e teve mais três bebês lindos. Eu não estou mais com Joe há 4 anos e não tive mais filhos.
A vida mudou mas nós continuamos as mesmas velhas melhores amigas compartilhando as nossas vidas uma com a outra.

"Cadê a James, tia?" – Oliver pergunta ao dar um beijo na bochecha de minha amiga e logo em seguida vir em minha direção, depositando em meu rosto também um gesto de afeto. Não demorou para que ele se sentasse conosco.

"Está na casa da avó dela, meu amor, volta no domingo à noite." - Blake explica enquanto corta um pedaço de pizza para si mesma e em seguida outros dois, para mim e para Oliver.

"Eu sinto falta da minha avó. Das duas, pra ser sincero." – Diz a minha criança – não mais tão criança assim.

"Amor, a sua avó vem de Nashville na próxima semana. Você já está quase matando as saudades. Sobre a sua outra avó, já conversamos sobre isso, você pode ligar para o seu pai a qualquer momento e pedir para visitá-la." – Explico. Joe foi embora para Londres quando nos separamos mas toda a sua família continua aqui. 

"Eu sei que posso, mas pra isso eu preciso falar com o meu pai e eu não estou afim." – Ele responde. Logo que nos separamos, Joe costumava vir visitar Oliver pelo menos uma vez por mês, cinco anos se passaram e hoje a última vez que o meu filho viu o pai foi no natal. Com o sumiço de Joe, as coisas ficaram complicadas entre os dois.

"Eu te entendo, Oli. Posso tentar falar com o seu pai se é o que você quer. Não tenho dúvidas de que os seus avós sentem a sua falta e querem te ver." – Eu ofereço e ele me sorri, assentindo com a cabeça em sinal de aprovação. Eu gosto da ideia de falar com o Joe? Absolutamente não, mas eu odeio ainda mais a ideia do meu filho estar sofrendo de saudades da família por conta de um pai negligente.

"Como tem sido a terapia, Oli?" – Blake pergunta.

"Bom, tia. Estou gostando muito, na verdade. Posso falar sobre a minha vida e ela realmente me escuta. Amanda me disse que acha que eu deveria fazer algum esporte depois da escola. Eu gosto da ideia. Talvez futebol?" – Oliver passou a fazer terapia após alguns episódios de raiva com o pai. Com certeza uma profissional consegue lidar com isso melhor do que eu. Tudo o que eu posso fazer é lhe dar o suporte e colo necessários, posso lhe dar todo o amor que existe em mim quando ele se chateia, mas ele precisa aprender a lidar com os próprios sentimentos acima de tudo. Ele tem progredido e eu não poderia estar mais orgulhosa da minha criança.

"Eu amo essa ideia, filho. Acho que você vai se sair muito bem! As inscrições ainda estão abertas ou você vai precisar esperar até a próxima temporada? Eu posso ir até a escola e conversar com o diretor se precisar!" – Disparo a falar. Apesar da preocupação, reconheço todos os benefícios do esporte para a vida dele. Oliver é um bom menino e sempre foi muito inteligente. Ele ama matemática e agora mesmo está aprendendo dois idiomas diferentes, além de tocar piano desde os sete anos de idade. Eu criei um nerd e reconheço isso. Talvez seja hora de mudarmos um pouco as coisas.

"Eu conversei com o treinador, ele é muito legal e me disse pra ficar depois da escola e tentar uma primeira aula na segunda feira." – Depois de colocar mais um pedaço de pizza no meu prato, lhe encaro. Seus olhinhos azuis me encaravam de volta, cheios de expectativas. Assenti com um sorriso de canto e ele me lançou um sorriso animado.

"Eu gosto, sabia? Talvez James deveria tentar algo também." – Blake se posicionou em total apoio ao meu filho depois de assistir a nossa interação. Oliver sempre foi uma criança introvertida, então essa com certeza é uma vitória a ser comemorada.

"Podemos fazer algo juntos, tia. Aulas de natação? Meu Deus, mal posso esperar pra falar sobre isso com ela na próxima quinta." – Ele disse enquanto levava as próprias louças para a pia e eu o interrompo antes que ele começa a lavar:

"Deixa aí, Oli. Eu lavo hoje. Vá tomar um banho e depois volta para assistirmos a algum filme, o que acha?"

"Não, mãe. Eu tenho lição de casa para terminar." – Ele respondeu.

"Certo então. Não se esqueça de escovar os dentes, okay? Subo pra te colocar na cama assim que você acabar tudo." – Ele assente e sobe as escadas em direção ao quarto.

Depois que terminamos de comer, recolhi a minha louça e a da minha melhor amiga e me dirigi até a pia, depositando os objetos dentro da cuba e fechei a caixa de pizza para em seguida andar até a geladeira e pegar uma garrafa de vinho tinto que estava fechada. Blake me olhou e foi até a cristaleira da sala de jantar, não demorou muito e estávamos as duas sentadas no sofá da sala de estar. Ela serviu o vinho e eu conectei o meu celular à vitrola eletrônica que havia ali, dando play na minha playlist preferida.

"Como vão as coisas no escritório, Tay?" – Ela perguntou. Além de ser compositora, eu também tenho uma gravadora.

"Tudo ótimo. Jack é maravilhoso, eu estou muito feliz em poder mantê-lo por perto e principalmente por nos darmos tão bem mesmo depois de tantos anos. Nada a reclamar, na verdade. Como vai a nova escola?"

"Estamos contratando as pessoas agora. Temos bons currículos, mal posso esperar pela inauguração. Selena está cuidando da after party e o resto está tudo na conta do Ryan." – Rimos juntas. Blake e Ryan são donos de algumas escolas de artes aqui em Nova Iorque. Estão abrindo a terceira.

"Estou muito animada, vocês merecem todo o sucesso desse mundo. Como estão as crianças?"

"Todos bem, agora passando essa semana com a minha mãe para conseguirmos correr com as coisas da escola mas não vejo a hora de voltarem, sinto saudades."

"Eu imagino, mal posso passar um dia inteiro longe do Oliver sem surtar."

"Isso porque ele é o seu único filho, Tay. Se você tivesse mais, surtaria por ter que ficar com eles todos os dias." – Nós rimos. Blake é uma boa mãe, sempre fora. Não existe nada que ela não faça por suas crianças. Quatro filhos é algo muito significativo.

Passamos os próximos 40 minutos conversando e bebendo, era pouco mais de dez da noite quando a minha melhor amiga resolveu voltar para a casa. Depois de jogar no cesto de lixo a garrafa acabada e lavar a louça, subi as escadas e fui direto em direção ao quarto de Oliver e bati na porta. "Pode entrar!"

Ele estava na cama pronto para dormir. O livro aberto na mesa de cabeceira indicava que ele já havia feito a leitura que sempre fora o nosso ritual.

"Oi, criança." – Eu disse me sentando ao seu lado.

"Oi, mãe." – Ele respondeu

"Só vim te desejar boa noite." – Eu disse e deixei um beijo no topo de sua cabeça, para então me levantar e ajustar o cobertor de maneira que ele ficasse quase encasulado dentro do tecido quente.

"Boa noite, Mãe! Te amo"

"Te amo da lua até Saturno, filhote." – Respondi e apaguei todas as luzes antes de sair do quarto.

Depois de um banho gelado, tudo o que eu poderia querer era deitar na minha cama com um pijama quentinho, acender uma vela aromática e dormir. E foi exatamente o que eu fiz.

covered in you | tayvisOnde histórias criam vida. Descubra agora