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"I choose you and me, religiously"

Eu me encontrava no décimo terceiro andar do prédio onde se sediava a minha empresa, mais precisamente, na minha sala, que me dava a perfeita visão do centro de Nova Iorque e todo o mundaréu de pessoas que perambulavam pelas ruas agitadas.
Às cinco e quarenta da tarde, quando eu me preparava para ir embora, uma funcionária bateu na porta e assim que eu liberei a sua entrada, ela veio até mim e sentou-se na cadeira à minha frente.

"Joana, aconteceu alguma coisa?" - Pergunto ao ver a expressão apreensiva que a diretora de comunicação carregava. Já trabalhamos juntas há sete anos e nunca a vira daquela maneira, nem mesmo quando vinha me apresentar ideias mirabolantes que tinham 90% de chance de serem negadas, mas no final acabavam sendo todas aprovadas graças ao seu incrível poder de persuasão.

"Taylor, eu não sei como te dizer isso... Não quero parecer ingrata ou injusta, não tem nada a ver com a empresa e muito menos com você. Na verdade, me dói estar fazendo isso justamente por amar esse lugar e tudo o que construímos até aqui." - Ela começou a falar, já com a voz embargada, evidenciando o choro que estava preso em sua garganta.

"Preciso me redescobrir, essa é a verdade. Me sinto estagnada. Preciso explorar coisas novas." - Ela completou.

"Sem problemas, Jo. Posso te remanejar, podemos contratar um novo time e criar uma nova área do zero. Do que você precisa? Me dê um mês." - Digo, tentando contornar a situação e convencê-la de ficar, já prevendo o pedido que sairia dali.

"Eu e Marcos compramos um pacote de viagem para a Europa pelos próximos três meses. A ideia é viajar o mundo, na verdade. Depois que eu perdi o meu bebê, nada mais parece ter graça. Eu preciso recalcular todas as rotas. Preciso me sentir viva de novo." - Ela disse aos prantos. Caminhei até ela e sentei-me na cadeira ao seu lado, lhe envolvendo em um abraço.

"Eu te apoio. Estou aqui pra te dar o apoio que for necessário. Não quero te pressionar mas posso te oferecer uma posição inteiramente home office, o que você acha?" - Ofereço.

Se tem algo que eu prezo, é pelo bem estar dos meus funcionários. A fidelidade de cada um deles me dava sede para continuar. Eu tenho um time de profissionais plenamente capacitados e não me permitiria perder nenhum deles sem tentar tudo o que eu posso para mantê-los comigo.

"Eu aprecio a sua oferta e te admiro mas eu não posso aceitar. Eu não estaria desempenhando o meu papel plenamente bem. Não posso te deixar na mão assim." - Ela responde. Conforme ela foi se acalmando, as lágrimas pararam de cair e nos distanciamos.

"Saiba que essa é uma perda imensa para esse lugar. Você sempre pode voltar para cá. Não se esqueça disso, combinado?" - Levanto meu dedo mindinho em sua direção, sugerindo uma promessa, que logo me é correspondido. "Acho que o próximo passo é almoçarmos com a sua equipe amanhã, o que me diz?" - Sugiro e ela assente, limpando o rosto.

"Foi um prazer trabalhar com você todos esses anos. Muito obrigada por tudo, Taylor. Eu não seria metade da profissional que sou sem a sua ajuda." - Ela diz.

"Eu que agradeço por toda a dedicação dos últimos anos. Tudo o que construímos aqui também é mérito seu. Amanhã formalizaremos a demissão, tudo bem? Não precisa vir ao escritório pela manhã, mas como teremos o almoço com a equipe, você ganha o dia." - Faço a proposta e ela assente, levantando-se para sair da sala. Nos abraçamos e eu voltei a sentar na minha cadeira, vendo-a sumir de minha visão.